Pix é suficiente para Estados Unidos, que rejeita criar CBDC com dólar

Presidente do Fed fala sobre Pix norte-americano e descarta criar moeda digital

Por Paulo Carvalho  /  17 de outubro de 2023
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Na contramão do mundo, os Estados Unidos não pretendem desenvolver sua própria moeda digital, mais conhecida como CBDC. Recentemente, a presidente do Federal Reserve (FED), Michelle Bowman, declarou que o país precisa apenas de soluções como o Pix que existe no Brasil, descartando o desenvolvimento de uma moeda digital CBC no país.

Embora não tenha citado o projeto brasileiro diretamente, os Estados Unidos criaram um projeto similar ao Pix do Brasil, nos últimos meses, chamado FedNow. E, para Bowman, essa ferramenta é suficiente para criar uma integração entre o dólar norte-americano e meios de pagamentos digitais.

“O FedNow, e um serviço semelhante do setor privado, foi projetado para ajudar a tornar os pagamentos diários mais rápidos e convenientes, permitindo que os consumidores recebam fundos instantaneamente com acesso no mesmo dia e permitindo que as pequenas empresas gerenciam os fluxos de caixa de maneira mais eficiente, sem atrasos no processamento.”

Estados Unidos com Pix e sem CBDC

Enquanto países como Brasil e China testam suas próprias CBDCs, os Estados Unidos não pensam em desenvolver um projeto similar com o dólar. A presidente do FED declarou que não vê motivos para criar uma moeda digital emitida pelo Banco Central do país que represente o ativo mais dominante do mercado, como mostra o índice dólar abaixo:

Bowel destaca que uma CBDC não pode resolver os problemas econômicos dos Estados Unidos. Além disso, ela fala sobre a segurança de ferramentas como o Pix, que, para ela, dispensa o uso de uma CBDC.

“Todas essas são questões importantes. Ainda não vi um argumento convincente de que um CBDC dos EUA pudesse resolver qualquer um desses problemas de forma mais eficaz ou eficiente do que as alternativas, ou com menos riscos negativos para os consumidores e para a economia”, disse Bowman em um discurso.”

Países desenvolvem moedas digitais

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Ao mesmo tempo que os Estados Unidos não desenvolve sua própria CBDC, o real digital foi renomeado como Drex e passa por uma fase piloto de testes no Brasil. A CBDC brasileira deve ser lançada oficialmente em 2024.

Na China o yuan digital também está em fase avançada de testes. A CBDC chinesa já foi utilizada por parte da população, além de servir como moeda de pagamento durante os Jogos Olímpicos de Inverno na China, que aconteceram em 2022.

Outro país que está desenvolvendo sua própria CBDC é o Japão. No início de 2023, o Banco Central do país anunciou testes com o iene digital. Dados de uma pesquisa do início do ano mostram que, pelo menos, 110 países trabalham em um projeto de CBDC ao redor do mundo.

Pix, CBDC e stablecoins

Antes mesmo do lançamento de CBDCs, stablecoins como o BRZ já desempenhavam um papel crucial no mercado cripto. Aos poucos, essas moedas digitais foram incorporadas em sistemas de pagamentos, como o Transfero Checkout.

Isso tudo mostra como é possível uma integração entre CBDCs, stablecoins e sistemas de pagamentos como o Pix. Embora o real brasileiro não tenha sido lançado, stablecoins já podem ser usadas como forma de pagamento no Brasil.

Portanto, stablecoins e CBDCs devem coexistir no mercado financeiro. No caso do Brasil, desempenhando funções distintas, mas oferecendo suporte para um sistema econômico mais robusto, com completa integração com o universo cripto.

Por outro lado, Bowel apresenta uma visão mais conservadora sobre o uso de moedas digitais com preço estável. Para ela, esse tipo de ativo pode representar riscos para o sistema bancário, podendo até provocar instabilidade econômica.

“Embora apoie a inovação responsável que beneficie os consumidores, alerto contra soluções que possam perturbar e desintermediar o sistema bancário, prejudicando potencialmente os consumidores e contribuindo para riscos mais amplos para a estabilidade financeira.”


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