EUA pode ficar sem dólar digital enquanto outros países avançam com CBDC

Moeda digital emitida por Banco Central ganhou projetos de lei proibicionistas nos EUA

Por Paulo Carvalho  /  20 de setembro de 2023
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A corrida pelo lançamento de moedas digitais emitidas por bancos centrais (CBDCs) começou há alguns anos no mercado financeiro. Enquanto alguns países avançam no teste de sua própria CBDC, os Estados Unidos podem ficar sem a representação digital do dólar.

Recentemente, alguns projetos de lei foram apresentados ao Congresso norte-americano sobre CBDCs. No entanto, essas propostas legislativas buscam impedir o lançamento de uma moeda digital.

Por outro lado, países como Brasil, China, Bahamas e Jamaica já estão na fase de testes de sua própria CBDC. O Swift, por exemplo, uma plataforma de transferência de valores transfronteiriços, também está testando transações com edições piloto de CBDCs.

EUA pode proibir dólar digital

Ao contrário de outros países que estão acelerando o desenvolvimento de uma CBDC, os Estados Unidos podem não emitir uma moeda digital do ativo mais dominante do mercado, como mostra o índice dólar abaixo, controlada pelo Banco Central (FED).

Isso porque foram apresentadas propostas legislativas que visam impedir o lançamento de uma CBDC norte-americana. Um desses projetos é a Lei de Prevenção Piloto do Dólar Digital, também conhecida como HR 3712.

O projeto foi apresentado pelo deputado Alex Mooney. Ele entregou a proposta legislativa ao Congresso em maio de 2023, e até agora, o projeto de lei ainda não foi aprovado.

Embora não tenha apresentado uma proibição geral da CBDC dos EUA, a proposta do deputado Alex Mooney fala sobre o lançamento de um piloto do dólar digital para as fases de testes. Segundo o projeto de lei, nenhum projeto piloto do dólar digital pode ser lançado sem aprovação prévia do Congresso.

Outro projeto de lei impede que o FED crie soluções financeiras envolvendo a CBDC norte-americana. Nesse caso, a proposta legislativa proíbe a emissão de moedas digitais por representações estaduais do Banco Central dos EUA.

O FED também já demonstrou que não possui nenhuma iniciativa voltada para o desenvolvimento de uma CBDC. Em um comunicado, a instituição disse que somente criará um projeto desse tipo depois da criação de uma lei específica.

CBDC avança no mundo

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Ao contrário dos EUA, mais de 110 países ao redor do mundo estão desenvolvendo sua própria CBDC. Somente na China, por exemplo, o yuan digital é testado desde 2020.

Desde 2019 a CBDC da China está em desenvolvimento, com algumas fases de testes sendo liberadas pelo Banco Central do país. Em 2022, a China usou o yuan digital durante as Olimpíadas de Inverno.

Existem também projetos que visam criar um novo mercado financeiro através de uma CBDC conjunta. Esse é o caso da Arábia Saudita e dos Emirados Árabes Unidos, que trabalham em parceria na criação da CBDC Aber.

Drex e bitcoin

O Brasil também está criando a sua própria CBDC, o real digital, conhecido pela sigla Drex. Ainda em fase de desenvolvimento, a moeda digital emitida pelo Banco Central do Brasil pode ser lançada em 2024.

Por enquanto, o Drex passa por fases de testes através de plataformas e soluções financeiras desenvolvidas especificamente para a CBDC brasileira. Na última semana, a moeda digital foi comparada com o bitcoin pelo coordenador do Banco Central, Fábio Araújo.

Para ele, o real digital não deve acabar com o bitcoin. As duas moedas devem coexistir, e, no futuro, investidores poderão manter criptomoedas e CBDCs em seu portfólio, explicou o coordenador do BC durante o evento Blockchain Rio.

Swift testa moeda digital

Além dos países que estão desenvolvendo suas próprias CBDCs, o mercado financeiro tradicional se prepara para criar soluções, plataformas e ferramentas para essas moedas digitais.

Esse é o caso da plataforma Swift. Conhecido como um dos meios mais populares para transações transfronteiriças, o Swift está testando transações com moedas digitais e busca criar uma conexão entre CBDCs distintas.

Numa primeira fase de testes, a Swift realizou transações com CBDCs de três bancos centrais. Porém, uma segunda fase está prevista para acontecer em breve, e pode envolver testes com 30 CBDCs diferentes, com bancos, instituições financeiras e bancos centrais participando dos testes.


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