Stablecoins fazem parte do futuro do dinheiro, diz Carlos Russo

Stablecoins, CBDCs e dinheiro físico não são concorrentes; cada um tem casos de uso específicos, embora a descentralização das stablecoins proporcione maior liberdade

Por Redação  /  27 de setembro de 2022
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Existem conceitos distintos de stablecoins. Um deles define que elas são criptomoedas lastreadas em moedas fiduciárias, como é o caso do BRZ, pareado ao real brasileiro, e outro que estabelece que elas são moedas lastreadas em outros ativos, como ouro ou commodities, por exemplo.

Além disso, também existem as stablecoins algorítmicas, que funcionam de forma distinta e podem trazer riscos – vide o caso recente da Terra/ LUNA.

Mas, embora as stablecoins representem menos de 7% do mercado cripto, elas são responsáveis pela negociação de mais de 50% do valor de todo o mercado. Sua utilização está crescendo e é fundamental que os usuários compreendam seus diferenciais, riscos e vantagens. 

Stablecoins como meio de pagamento

Na avaliação de Carlos Russo, CFO da Transfero, as stablecoins estão totalmente em conformidade com o novo ambiente da web 3.0. “Porém, como elas se inserem no conceito de meio circulante?”, questionou ele, durante o evento Payment Revolution, realizado entre os dias 20 e 21 de setembro, na capital paulista.

stablecoins

“Nos Estados Unidos, onde esse mercado está mais desenvolvido, as stablecoins representam US$ 200 bilhões de emissão primária”, destacou.

Durante a apresentação, ele explicou as várias características de cada stablecoin, mencionando que fatores geopolíticos são determinantes para que os usuários escolham aquelas que mais se encaixam em seus interesses. “Via de regra, stablecoins menos reguladas, como o Theter, oferecem risco maior do que outras mais reguladas, como a USDC”, disse Russo.

Segundo ele, a regulamentação é essencial, para evitar a emissão de stablecoins não coletarizadas. “Hoje existe transparência, mas é preciso que o usuário entenda quais são as stablecoins existentes, se estão lastreadas ou não, qual o nível de risco. Elas, hoje, estão entrando no sistema de meios de pagamento e essa compreensão é fundamental”, afirmou. 

Casos de uso: stablecoins são novo paradigma

Russo citou que um exemplo relevante, para o público brasileiro, é a troca do BRZ (pareado ao real) pela Binance USBCoin (em dólar). 

“Esta é a forma mais barata, existente no mercado, para sair do real brasileiro para o dólar americano por meio do uso de duas stablecoins”, disse. “É uma solução muito mais barata do que qualquer outra fintech pode proporcionar”.

No caso de empréstimos, as stablecoins também estão ganhando importância, como nas operações da startup Credix, um parceiro da Transfero, que atua no setor de crédito. 

“Os casos de uso só crescem. Isso coincide com o crescimento da web 3.0 e da blockchain. As stablecoins serão o alicerce, uma base para permitir que todas as aplicações sejam desenvolvidas. De fato, vamos ter o dinheiro no nível do código. Este é o novo paradigma que estamos vivendo”, destacou.

Segundo Russo, a entrada das stablecoins no mercado financeiro tradicional do Brasil já está acontecendo. “Empresas globais de países emergentes que não têm subsidiárias no Brasil não precisam abrir uma conta para operar aqui. O Brasil tem um sistema de pagamentos muito eficiente, o Pix, que vai começar a convergir com o projeto do Banco Central, da CBDC brasileira (real digital), e existem soluções para fechar esse gap”, comentou, mencionando que empresas internacionais já estão usando stablecoins em algumas transações.

“A liberdade de uma empresa, ao sair do BRZ para outra stablecoin pareada ao dólar, 24 horas, sete dias da semana, é uma questão de eficiência e um diferencial competitivo”, disse Russo.


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