Regulamentação de criptoativos e Rio como “crypto city” foram temas no Rio Info

Regulação cripto, potencial dos games em blockchain, transição para a Web3.0 e as maneiras como a cidade do Rio de Janeiro está fomentando a inovação foram temas de destaque no Rio Info 2022

Por Redação  /  12 de setembro de 2022
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A regulação do ambiente de criptomoedas é bem-vinda, mas deve ter o foco em manter a liberdade dos negócios e simplificar os processos. O raciocínio foi exposto pelo CFO da Transfero, Carlos Eduardo Russo, durante o Rio Info 2022, no painel ‘Ativos Digitais: a chave para um sistema financeiro global fundamentado na liberdade e autonomia’.

Carlos Russo enfatizou que a regulação deve evoluir de modo a tornar o ambiente cripto ainda mais acessível. Hoje, por trás de cada operação, há muita burocracia a cumprir.

“Quando você compra um BRZ, por exemplo, a Transfero registra a compra da moeda, registra o câmbio, faz toda uma parte burocrática, o que é trabalhoso e caro. O Brasil é um dos poucos países que precisa registrar um contrato de câmbio, isso remete aos anos 40. Acho que, no futuro, a legislação deve caminhar com a visão de simplificar o mercado e evitar tanta burocracia”, defendeu o CFO.

Liberdade com responsabilidade

Liberdade com responsabilidade deve ser a ênfase da regulação, acrescentou Russo. Não deveria ser tão difícil enviar dinheiro para alguém na Argentina ou no Japão, por exemplo.

“A ideia é transacionar dinheiro de forma tão livre como se transaciona informação. Se você manda informação por e-mail ou WhatsApp, pode mandar dinheiro também para o mundo todo”, argumentou.

O CFO da Transfero dedicou parte do painel a explicar as diferenças e os graus de risco das stablecoins. Já Guilherme Murtinho, CMO da Transfero, falou do lançamento da ARZ, pareada ao peso argentino, o que permite à população enviar ao exterior sua moeda, na forma de stablecoin, sem tanta burocracia. Desta forma, num país onde há tanto controle sobre o dólar, o peso fica internacionalizado.

rio info 2022

Guilherme Murtinho

Rio de Janeiro, capital em inovação 

Já Rodrigo Stallone, novo diretor de Venture Capitals da Transfero, falou no painel ‘Rio, uma Crypto City e Projeto Maravalley’, sobre a vocação da cidade do Rio de Janeiro ser uma capital cripto ou capital em inovação. Ele citou o Porto Maravalley, em implantação, que reunirá startups e alunos do IMPA (Instituto de Matemática Pura e Aplicada) no Porto Maravilha, área que está sendo revitalizada pela Prefeitura do Rio.

Stallone, que recentemente deixou o cargo de CEO do Investe.Rio, da Prefeitura, contou como foi difícil trazer para a cidade o Websumitt, um grande evento de tecnologia, que ocorrerá em maio de 2023, também com patrocínio da Transfero. Segundo o executivo, o evento, que reúne mais de cem países, deverá gerar um impacto de R$ 1,2 bilhão na cidade.

Web3.0: impacto similar ao da chegada da Internet

Já Dan Yamamura, founder da Fuse Capital, abordou no painel ‘Blockchain e Venture Capital’, a importância da era Web3.0. Para o executivo, a transição para a Web3.0 será tão profunda e impactante quanto o advento da Internet.

“Estamos em uma fase de transição para a Web3.0, que vai disruptar a galinha dos ovos de ouro de quem começou a atuar lá atrás, como Amazon, Meta e a própria Microsoft. Estamos vivendo uma fase tão grandiosa quanto a chegada da Internet e o impacto que ela trouxe para nossas vidas”, afirmou Yamamura.

A Fuse possui o fundo Field Capital 1, que tem metade dos ativos investidos em Web3.0 e metade em outras tecnologias e já movimentou U$ 25 milhões. A gestora está lançando o Fuse Capital 2, todo focado em Web3.0 – ou em Web2,5, como Yamamura classifica a fase transicional. A expectativa é que o fundo movimente U$ 50 milhões. 

A importância da owned media

No painel “Owned media para novos segmentos de mercado e use cases’, Bruno Costa, da Barões Digital Publishing, abordou o crescimento do conceito de mídia proprietária, pelo qual a empresa produz e distribui seu próprio conteúdo, reforçando sua autoridade e relevância no mercado..

Bruno Costa

Dentre os hubs criados estão os do PanoramaCryto, da Transfero, além da ENGIE, Banco Safra, Fundação Dom Cabral, MRV&Co, entre outros. 

“Este é um caminho sem volta. As empresas transformam sua marca em um veículo de mídia, tornando-se referência no setor”, defendeu Costa.

Um dos cases da Barões, o PanoramaCrypto é um hub de conteúdo e educação que traz notícias não apenas da empresa, mas de todo o mercado. Criado em 2018, o site já foi visitado por 2,7 milhões de pessoas, tem 1.670 textos com conteúdo publicados e uma newsletter com 6 mil cadastros. 

O avanço dos jogos blockchain

No painel ‘Como o Universus liderará a próxima geração de jogos blockchain?’, os palestrantes afirmaram que os games em blockchain criarão nova geração de negócios. O Universus reúne uma série de jogos play-to-earn onde os jogadores podem receber NFTs e tokens quanto mais exploram.

Para Gab Araújo, diretor de Novos Negócios e fundador da Universus, os jogos são uma forma mais “prática” de levar os conceitos da Web 3.0 para o público em geral.

“O game é uma experiência prática no ambiente Web 3.0. Por que os jogos são a porta de entrada mais bacana para o mundo Web 3.0? Porque o usuário vê em um curto período de tempo qual o resultado de cada decisão que ele vai ter no ambiente digital”, disse Araújo.

Gab Araújo e Matheus Freitas explicaram que é adotado um modelo econômico diferenciado, no qual toda a renda com NFTs vai para um Tesouro, que reinveste no jogo. A criação de cada jogo mobiliza uma equipe de 34 pessoas. O primeiro jogo Universus foi lançado em outubro. Outros dois jogos estão em gestação para serem lançados até 2023.

“Já há  compradores de NTFs, mesmo sem os jogos terem sido lançados”, revelou Gab Araújo. A expectativa é movimentar U$ 2 milhões com os próximos jogos. 

“Acreditamos que no futuro, em cinco a dez anos, a maioria dos jogos terão NFTs e tokens. Dar a posse real dos itens e moedas de jogo significa respeitar o investimento em tempo e dinheiro do jogador. Desta forma, os jogadores podem vender e comprar livremente no mercado secundário”, disse Araújo.

O Universus é um game criado em parceria com a Take4Content, a Transfero e o canal Você Sabia. Nele, o foco é a democratização de acesso aos tokens e aos NFTs.

Pólen, hub da Unisuam, forma mão-de-obra para o mercado

Diego Braga, da Unisuam, discorreu sobre o Polo de Inovação Pólen da universidade, um hub voltado para empreendedores e startups, com uma equipe de profissionais multidisciplinares nacionais e internacionais. O objetivo é transformar ideias em negócios rentáveis, em especial para camadas de baixa renda.

O gestor da Pólen disse estar em busca de parceiros para o projeto, que tem forte apelo social. Recentemente, foi feita parceria com a WS para formação de uma turma de 50 jovens voltada para tecnologia cloud.

“A Unisuam fica em Bonsucesso, um bairro cercado por favelas como o Complexo do Alemão, Manguinhos e Jacarezinho, comunidades em vulnerabilidade social. Nossa função como universidade é também garantir nosso papel social. Do Pólen, sairá a mão de obra para toda a estrutura da revolução cripto”, defendeu Braga.