Regulação deve apoiar a liberdade do mercado cripto, diz CEO da Transfero

Thiago Cesar comenta sobre os desafios da aprovação da legislação para criptoativos no Brasil

Por Redação  /  13 de setembro de 2022
Thiago Cesar Thiago Cesar

Uma regulação para o mercado cripto pode ser aprovada em breve no Brasil. De acordo com Thiago Cesar, CEO da Transfero, essa legislação pode ser benéfica para o setor desde que seja pautada na liberdade de livre atividade no mercado, sem restrições para empresas com sede fora do país.

Embora não tenha sido aprovada, a regulação do mercado cripto está em fase final de votação em Brasília (DF). Depois de ser votada entre os senadores e os deputados federais, o Projeto de Lei (PL) 4401/2021 voltou para a Câmara dos Deputados e aguarda sua relatoria final antes da última votação da proposta legislativa.

Mas existem alguns detalhes do projeto de lei que pode mudar a oferta de criptoativos no mercado brasileiro. Uma dessas propostas diz respeito à atuação de exchanges internacionais no país.

Para Thiago Cesar, dificultar a atuação de exchanges internacionais pode encarecer o preço dos criptoativos, reduzindo a oferta e qualidade dos serviços. Segundo entrevista do CEO da Transfero ao InfoMoney, o mercado cripto nasceu globalizado e sua atuação nunca foi reduzida a limites geográficos.

“Quando a gente fala de cripto, é um mercado que já nasceu, como tecnologia e princípio, sem limite geográfico, sem barreira ou abstrações que, na prática, não têm nenhum tipo de influência em um ativo digital que pode ser transacionado ponto-a-ponto, de uma carteira para outra. Essa é a grande sacada das criptomoedas. Tentar regionalizar ou restringir de maneira geográfica um book ou um pool de liquidez de determinado ativo digital é quase um paradoxo.”

Mercado cripto no Brasil

Exchanges internacionais como a FTX e a Binance estão entre as maiores plataformas de negociação de criptoativos no Brasil. Assim como empresas de outros países buscam se estabelecer no mercado brasileiro, negócios cripto, como a Transfero, se consolidaram fora do país.

Criada na Suíça em 2017 por um grupo de brasileiros, a Transfero entendeu que a globalização estava intrinsecamente ligada ao mercado cripto. Dessa forma, a plataforma que criou o BRZ, defende os princípios do setor.

“Nós somos bastante pragmáticos. Não somos contra as exchanges nacionais e muito menos aliados cegos de exchanges internacionais. A Transfero só não apoia posicionamentos que visam diminuir a qualidade da oferta de produtos e serviços em cripto para os usuários brasileiros. Sempre que houver um posicionamento de uma exchange global ou brasileira que vá contra os princípios de cripto, que são liberdade, globalização, autonomia e controle sobre suas finanças, a Transfero vai ser contra essa posição.”

Segregação patrimonial

Além de dificultar a atividade de exchanges internacionais no Brasil, existem alguns pontos da regulação do mercado cripto que podem fragmentar o setor. Em entrevista, Thiago Cesar orienta que a segregação patrimonial é ideal, mas pode afetar a liquidez do mercado.

Portanto, o CEO da Transfero afirma que a segregação deve afetar a oferta global de criptoativos, onde existe uma integração de livro de ofertas que conecta investidores em todo o mundo.

“Existem alguns pontos que podem ser utilizados para o malefício do mercado, que é o caso, por exemplo, da segregação patrimonial de cripto. A gente entende que as exchanges não devem fazer o que bem entendem com o dinheiro dos seus clientes. Mas quando você tenta passar uma segregação patrimonial de cripto, para que se isole a liquidez dos usuários em um ambiente controlado no Brasil, você mata o aspecto global da cripto.”


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