Lançada pela Transfero em 2019, o BRZ é um ativo de valor equiparado ao real brasileiro, semelhante ao tether e USD Coin com o dólar. Isso significa que R$ 1 vale 1 unidade do token.
Classificada como stablecoin por ter o preço estável, o BRZ facilita operações de trading e acesso a exchanges e transações internacionais. Com isso, muda a dinâmica de negociações entre o mercado brasileiro e mundial.
Reconhecida como a maior stablecoin não pareada ao dólar, o token se consolidou no Brasil em 2021 após a Transfero comprar o CryptoBRL (CBRL), outro ativo pareado ao real. Essa operação fortaleceu o BRZ e contribuiu para a consolidação do mercado de stablecoins no país.
Entenda como essa stablecoin pode ser usada, os benefícios de usá-la para pagamentos e como comprar.
- O que é BRZ?
- Características da stablecoin
- Para que serve?
- As vantagens de usar BRZ
- Como o valor é mantido?
- O BRZ é seguro?
- Como comprar?
O que é BRZ?
BRZ é uma stablecoin pareada ao real, o que significa que uma unidade sempre vale R$ 1. O token foi criado pela Asset Tokenization, um setor da Transfero, a maior gestora e custeadora de ativos digitais da América Latina. Fundada em 2015, a sede da empresa fica na Suíça e as operações abrangem a Europa e o Brasil.
Ao longo dos anos, o BRZ se tornou uma das criptomoedas mais negociadas no Brasil. Em 2020, a stablecoin foi dominante em operações na América Latina, com mais de US$ 100 milhões movimentado.
No ano de 2021 atingiu a marca de 1 bilhão de tokens em circulação, movimentando cerca de R$ 5,7 bilhões em transações. Em 2022, foram registradas quase 700 mil operações. Em 2023 foi a segunda stablecoin mais negociada por investidores brasileiros do mercado cripto, segundo a Receita Federal.
Como surgiu o projeto?
A ideia da stablecoin brasileira surgiu após o tether se consolidar nos EUA. O sistema de manutenção da paridade entre os tokens e uma moeda fiduciária adotado pelo modelo foi o primeiro a ter a eficiência reconhecida pelo mercado.
“O BRZ foi criado para ser o primeiro ativo digital lastreado em uma moeda de um país emergente, nesse caso o real brasileiro. Nossa visão está alinhada ao movimento internacional de países como a China, que entenderam a importância de ter moedas nacionais na blockchain”, acredita Thiago Cesar, ex-CEO da Transfero.
Como complemento, Safiri Felix, diretor de produtos e parcerias da empresa, mencionou que o objetivo com o ativo é democratizar o acesso dos brasileiros ao mercado global de criptoativos:
“O BRZ está seguindo a trajetória para a qual foi desenhado: ampliar as alternativas de negociação dos investidores brasileiros e conectar o mercado local com as exchanges globais”.
Como funciona a stablecoin brasileira?
Existe moedas digitais em blockchains centralizadas emitidas e administradas por autoridade monetária dos países, como os Bancos Centrais. Chamados de CBDC, muitos países estão em fase de desenvolvimento e implementação dessa ideia. No Brasil, por exemplo, o projeto do real digital é o Drex, que está na fase piloto.
Apesar de características parecidas, como a paridade 1:1, o BRZ não é uma CBDC, mas uma stablecoin. Neste caso, a emissão depende de empresas privadas e a paridade dos valores a ativos soberanos depende de códigos.
Conheça as principais características do BRZ:
Proxy Contract
É possível fazer fazer alterações no contrato do BRZ sem a necessidade de criar um novo token.
Mintagem
Inicialmente, o BRZ era emitido pelo processo de multisgn, mas mudou para mintagem exclusiva em um endereço específico da tesouraria. Com isso, o processo ficou mais seguro e transparente. Afinal, a emissão da stablecoin foi centralizada e a gestão de dados desse tipo de governança evita a perda de chaves de segurança e acessos indevidos ao sistema.
Casas decimais
Apesar de lançado com 4 casas decimais, a quantidade aumentou para 18 em uma atualização do contrato.
Emissão controlada pela tesouraria
O endereço de mintagem do BRZ será exclusivo da Tesouraria. Ou seja, o procedimento oferece mais centralização e segurança, definindo estratégias de distribuição para cada novo token criado.
Presença em blockchains
O ativo está integrado às blockchains da RSK Network, Ethereum, Avalanche, Solana, Stellar, Algorand, Binance Smart Chain, Moonbeen e Hathor Network. Essa integração do BRZ a diversas blockchains visa dar conta da crescente demanda por stablecoins em blockchains públicas no mundo, o que exige uma infraestrutura de rede escalável para suportar mais transações.
Algumas dessas características são relativamente recentes, pois o contrato do BRZ passou por atualizações em 2023. Os principais objetivos eram aumentar a segurança, eficiência, governança, acessibilidade, aceitação e credibilidade do projeto. Com as mudanças, as oportunidades em DeFi e CeFi também aumentaram.
O product marketing manager da Transfero, Fernando Oyo França, reforçou que a mudança ajudou com a conformidade de regulamentações globais além de outras melhorias significativas:
“A conformidade com regulamentações globais abre portas para mais oportunidades de listagem em exchanges internacionais. Portanto, essas melhorias ampliam as oportunidades e os benefícios para os usuários, fortalecendo o ecossistema do BRZ. Além disso, o usuário brasileiro agora tem mais opções e oportunidades em DeFi, podendo escolher as redes e os projetos que preferir. E é exatamente esse o objetivo com o BRZ: permitir que o usuário final tenha a liberdade para escolher melhor como utilizar os seus recursos”.
Para que serve o BRZ?
Os negociadores de BRZ são pessoas físicas e jurídicas. As operações acontecem em exchanges e plataformas OTC (mercado de balcão).
Na prática, o BRZ pode ser usado para:
- Plataformas de finanças descentralizadas;
- Exchanges estrangeiras;
- Mercado internacional;
- Atividades diárias, como pagamentos e transações.
Dessa forma, o BRZ proporciona liberdade e autonomia aos brasileiros ao possibilitar o acesso a plataformas cripto em todo o mundo de forma simples, ágil, barata e descentralizada. Além disso, permite que brasileiros criem projetos e negócios em DeFi do zero a partir do uso da stablecoin.
Já a parceria do BRZ com a blockchain Hathor Network, por exemplo, facilita essas aplicações ao oferecer um ecossistema seguro, taxas reduzidas e menor tempo para conclusão da operçaão do que com métodos de pagamento tradicionais.
Então, muito mais que tecnologia, o BRZ representa acessibilidade e inclusão. Diego Guareschi, CMO da Hathor Network, explica que o uso da stablecoin pode maximizar o acesso a serviços financeiros, principalmente em países emergentes como o Brasil:
“O BRZ tem potencial para desempenhar um papel transformador no mercado financeiro brasileiro, proporcionando maior acesso a serviços financeiros e promovendo a inclusão. Em países emergentes como o nosso, onde os serviços bancários tradicionais são limitados ou não confiáveis, essa parceria oferece uma solução alternativa para transações, empréstimos e participação na economia global.”
Por outro lado, ainda que token possa ser trocado por dinheiro tradicional ou negociado em exchanges, não é um ativo especulativo. Sendo assim, não é possível obter rendimentos com o BRZ.
As vantagens de fazer operações com BRZ
A principal vantagem de uma stablecoin pareada em real é a possibilidade dos brasileiros acessarem o mercado global de criptoativos. Entretanto, o token também oferece outras vantagens, por exemplo:
- Acesso a tokens e moedas digitais indisponíveis no mercado nacional;
- Certa proteção contra a volatilidade por não precisar se expor à volatilidade do bitcoin;
- Diminuição da fricção;
- Compra e venda de criptomoedas sem precisar converter novamente em moeda fiduciária.
Dessa forma, o BRZ é uma oportunidade para players internacionais atuarem no mercado brasileiro, investidores que buscam reserva de valor e também para usuários que fazem hedge contra a volatilidade de preço do bitcoin.
Como a estabilidade do BRZ é garantida?
A estabilidade do preço é responsabilidade do Reserve Manager, que faz isso por meio de reservas auditadas chamadas de colaterais. Assim, para cada unidade de BRZ em circulação há a quantia equivalente em reais ou em instrumentos financeiros denominados, como títulos governamentais.
As reservas são auditadas por agentes do mercado, como escritório de advocacia e especialistas do setor. Esse mecanismo de colateralização é similar as principais stablecoins lastreadas em dólar: TrueUSD, Tether e PAX.
É seguro comprar BRZ?
Por ser um token, e não um valor mobiliário ou ativo financeiro, a emissão e funcionamento do BRZ não tem interferência da Comissão de Valores Mobiliários (CVM). Ainda assim, o projeto buscou pareceres jurídicos dos principais escritórios de advocacia do Brasil e do exterior para oferecer segurança perante o mercado.
As informações sobre as reservas auditadas estão no report de tansparência do BRZ. Além disso, também há dados sobre volumes de transação, número de carteiras que detêm o ativo e tokens em circulação.
“O BRZ está seguindo a trajetória para a qual foi desenhado, estabelecendo-se com confiança, transparência e chegando ao posto de maior stablecoin lastreada em moeda fiduciária não dólar do mundo em menos de dois anos de existência”, disse o CFO da Transfero, Carlos Russo.
Leia mais: Auditoria independente confirma lastro do BRZ em reais
Como comprar BRZ?
O BRZ permite movimentar saldos entre plataformas internacionais em segundos por meio da tecnologia blockchain, além de ser um dos mais sofisticados instrumentos de hedge para ativos digitais.
A compra da stablecoin pode ser em exchanges nacionais e internacionais, pois o token está listado em corretoras do Brasil, Europa, China e Estados Unidos.
Confira exemplos de plataformas para comprar BRZ:
Transfero App
Transfero App é a plataforma da empresa que criou o token. Confira o passo a passo de como criar sua conta e comprar ativos na plataforma.
Crypto.com
A plataforma conta com mais de 10 milhões de usuários e oferece diversos serviços, como empréstimos, aplicações DeFi e staking. Com a listagem do BRZ, os usuários brasileiros podem comprar BRZ na plataforma e, a partir disso, trocar o token por outros ativos.
Segundo o diretor de Produtos e Parcerias da Transfero, Safiri Felix, “a chegada na Crypto.com reforça o BRZ como a melhor forma dos brasileiros acessarem as soluções globais do mercado de criptoativos”.
CoinPayments
O BRZ está na maior processadora de pagamentos em cripto do mundo. O CoinPayments está presente em mais de 160 países com mais de 500 mil estabelecimentos físicos e 10 mil lojas virtuais cadastradas. Com a listagem do BRZ, os usuários podem pagar suas compras internacionais com a stablecoin de forma simples e ágil, afinal, não precisa fazer uma operação de câmbio.
“A entrada do BRZ será mais uma facilidade para os lojistas nacionais, que poderão optar por receber em cripto ou em real, com taxas menores do que as praticadas pelas administradoras de cartões de crédito e débito e de forma segura e transparente. No Brasil, já temos mais de mil lojas utilizando esse sistema de pagamento”, disse o Business Manager da empresa no Brasil, Rubens Neistein.
Os pagamentos acontecem por meio da integração da CoinPayments com a fintech Shipay. Para os empreendedores interessados em adotar a solução, basta abrir uma conta digital (wallet) na CoinPayments.
Phemex
Além de possibilitar que os brasileiros façam depósitos via Pix, a exchange também disponibiliza pares de moedas com o BRZ para facilitar a exposição a outros criptoativos na plataforma. Assim, exemplos de ativos em par com o token brasileiro são BTC, ETH, USDT e USDC.
Para André Silvestrini, Business Developer Manager da Phemex, a listagem do BRZ e a facilidade do depósito via Pix exemplificam os esforços da exchange em facilitar a experiência dos brasileiros no mercado cripto.
“O nosso objetivo é sempre deixar a experiência mais barata e prática para o público brasileiro. É uma forma de facilitar a jornada de quem se interessa por cripto e quer conhecer as melhores oportunidades de investimento nesse mercado”.
BigONE
A BigONE é uma exchange crypto-to-crypto lançada em 2017. Com sede em Cingapura, a atuação é global, mas os principais mercados da empresa são Rússia, Brasil, Vietnã, Seychelles, Cingapura, Japão e Indonésia. O site negocia BTC, ETH, BCH e mais de 140 tokens premium para negociação à vista, incluindo o BRZ.
Bitget
Quando lançado na plataforma em 2022, a compra de BRZ com Pix estava com taxa zero. A exchange fechou parceria com a Transfero Payments para oferecer essa facilidade aos usuários da plataforma. Com o token, os clientes brasileiros cosneguem acessar mais facilmente o mercado à vista, de futuros ou o copy trade da Bitget.
Bybit
Com mais de 15 milhões de usuários, a Bybit é considerada uma das maiores exchanges que existem no mercado cripto. Além da negociação de criptomoedas, a plataforma oferece serviços como staking e produtos relacionados à DeFi.
Paxful
A Paxful é um marketplace de criptomoedas peer-to-peer (P2P) que tem o BRZ listado dentre os ativos da plataforma.
“A Paxful é um dos maiores marketplaces P2P de ativos digitais e já mostrou ter muita força em países emergentes. Ter o BRZ na Paxful irá melhorar o acesso de vendedores de criptoativos ao mercado brasileiro”, disse Thiago Cesar, ex-CEO da Transfero.
NovaDAX
A NovaDax é uma exchange brasileira que oferece mais de 50 combinações de pares de criptomoedas contra o real, bem como pares cripto-cripto. A exchange também tem uma área voltada a clientes institucionais com serviço de OTC – serviço de comércio de cripto no atacado – e acesso à API.
Além destas, há outras plataformas com o BRZ listado e cada vez mais corretoras estão disponibilizando o token.