Primeiro investimento deve ser em conhecimento

Para Raquel Vieira, autora do livro “Simplificando as criptomoedas”, antes de investir em qualquer cripto é preciso estudar e conhecer o próprio perfil

Por Redação  /  1 de março de 2022
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O DeFi é o futuro das finanças, mas, antes de qualquer investimento, a pessoa interessada precisa conhecer não somente o mercado cripto, mas também o seu próprio perfil – se é um investidor mais arrojado, que aloca seus recursos em opções mais atreladas ao risco, ou se é mais conservador.

“O conhecimento é fundamental, ainda mais em um mercado com tanta volatilidade”, aconselha a advogada Raquel Vieira, autora do livro “Simplificando as criptomoedas” e responsável pelo tema no canal Top Gain.

“O mercado cripto é bastante volátil. Então, antes de investir, as pessoas precisam entender o seu funcionamento, quais os projetos mais confiáveis e também saber o quanto estão dispostas ao risco”, disse Raquel. “Não é que as criptomoedas não sejam para todo mundo, eu acredito que sejam sim! Porém, em doses diferentes”, afirmou.

Confira alguns trechos da entrevista concedida por Raquel, com exclusividade, ao PanoramaCrypto.

Embora sua formação seja em Direito, você acabou se tornando uma personalidade influente no universo cripto. Como isso aconteceu?

Raquel Vieira – Curiosamente, foi por acaso. Consegui o OAB em 2019 e minha especialização é a área criminal. Eu estava em um período frustrante no início de carreira, com muitas questões morais, justamente por atuar nessa área.

Em uma determinada ocasião, visitei uma amiga que me falou sobre seu desejo de comprar bitcoin e a valorização dessa moeda. Aquilo me acendeu uma chama e fui pesquisar sobre o assunto. Eu já havia ouvido falar em bitcoin, mas não tinha ideia do que se tratava. Quando comecei a estudar, nunca mais parei. Hoje, acredito que as criptomoedas sejam o futuro do dinheiro.

Foi em decorrência dessa experiência que você escreveu o livro?

investidor
Raquel Vieira – Sim, senti necessidade de explicar às pessoas como o mercado funciona, o que significam alguns termos e trazer questões mais técnicas em linguagem acessível. O livro segue uma linha, trazendo a história do dinheiro, a relação emocional das pessoas com ele e as perspectivas para o futuro, com o crescimento de soluções financeiras baseadas em finanças descentralizadas e várias inovações que ainda devem surgir.

Um dos capítulos do livro é escrito pela também advogada Thais Lamas, que aborda o tema de fraudes e golpes no mercado, tais como pirâmides e lavagem de dinheiro, e orientações para que as pessoas não caiam nesse tipo de fraude, a qual, infelizmente, ainda é muito comum no Brasil.

Além disso, trouxemos ainda um conteúdo mais técnico, com linguagem simples, explicando o que são criptomoedas, o que é blockchain, o que é e como surgiu o bitcoin, que benefícios as criptomoedas e as finanças descentralizadas trazem para a sociedade, entre outros temas. Falamos também sobre o sistema do Ethereum, como funcionam os smart contracts e daps. O objetivo é introduzir o leitor interessado em investir em criptoativos no mercado, com uma linguagem acessível e de forma mais simples.

Com base em sua experiência, quais as recomendações para um investidor que está começando agora?

Raquel Vieira – Vejo muitas pessoas querendo fazer Day Trade, mesmo sem entender exatamente o que é uma criptomoeda, seus fundamentos e o funcionamento do mercado. Entendo que isso seja um erro, pois o primeiro investimento deve ser em aquisição de conhecimento.

O mercado é extremamente volátil, por isso a pessoa precisa saber em que está investindo e, também, conhecer o seu perfil de investidor, se está disposta a ter maior ou menor risco. Não que os investimentos em cripto não sejam para todos, mas a depender do perfil, pode haver doses diferentes.

Uma das principais recomendações é de que as pessoas conheçam melhor os projetos antes de investir e façam os investimentos de forma crescente, não tudo de uma vez só. O ideal é começar pelo bitcoin, que foi a primeira moeda que surgiu no mercado e já temos um histórico de estudos. Além disso, tudo o que acontece com o BTC acaba impactando outras moedas.

Depois de adquirir mais experiência, a pessoa pode se expor a outros projetos, que façam sentido para ela. Temos um universo gigantesco de opções, como aplicações de DeFi, games, NFTs, smart contracts, entre outras. E as inovações surgem muito rapidamente.

Qual sua orientação para identificar um projeto considerado confiável?

Raquel Vieira – Depois de começar pelo bitcoin e entender como funciona o mercado – e isso pode levar algum tempo –, é importante estudar sobre as moedas e seus projetos. Uma dica é verificar quem está por trás; se for uma pessoa anônima, é mais difícil confiar. Ao contrário, alguém que já tenha reconhecimento no mercado tende a garantir essa credibilidade.

Outro ponto importante é ver a capitalização de mercado da moeda. Uma criptomoeda com maior capitalização tem mais investidores e também uma comunidade, o que a torna mais segura.

Falando em comunidade, você poderia comentar seu envolvimento na comunidade da Solana?

Raquel Vieira – Conheci o projeto no ano passado, no primeiro semestre, e acreditei na proposta. Como sempre divulgo em redes sociais meus investimentos, contei que estava comprando. E vimos, em 2021, a moeda batendo topos históricos. Por eu ter acreditado e divulgado, a Solana acabou criando um laço comigo.

Neste momento de baixa no mercado, quais as suas dicas para quem quer investir?

Raquel Vieira – Quando há uma queda, é hora de comprar criptomoedas – aquelas com as quais nos identificamos. Nós temos a tendência de querer comprar o que está dando certo e vender quando está dando errado, isso é comum, faz parte da natureza humana.

Mas, quando se trata de investimentos, especialmente quando há volatilidade, o pensamento precisa ser o oposto. A queda é uma oportunidade. Você tem que ir contra a manada. Ou seja, na hora que a cripto caiu de preço, é o momento de comprar; quando aumentar e todo mundo quiser comprar, daí é hora de vender.

E qual a sua visão sobre os novos ambientes que estão surgindo, como games e aplicações DeFi?

Raquel Vieira – Em minha opinião, esse tipo de investimento tem que ser um segundo passo. Afinal, ainda é um universo bastante novo. Quando temos menos histórico de estudos, o mercado é mais inseguro. Por exemplo, eu acredito que DeFi é o futuro das finanças, mas sei que corro riscos ao investir nisso. Então a pessoa tem que ter essa ciência antes de entrar.

O DeFi é o futuro das finanças?

Raquel Vieira – Sim, acredito que nos próximos cinco a 10 anos esse mercado vai crescer muito, com muitas inovações. Por isso, o conhecimento e entendimento do setor e das tecnologias é cada vez mais relevante.


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