Guia sobre DeFi: como funciona o mercado de finanças descentralizadas?

O universo DeFi - ou finanças descentralizadas - impulsiona soluções inovadoras, colaborativas e descentralizadas.

Por Redação  /  26 de setembro de 2022
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Você já ouviu falar em DeFi? A sigla significa decentralized finance ou, em português, finanças descentralizadas. Entre as diversas oportunidades que a tecnologia blockchain proporciona, muitas delas fazem parte do universo DeFi. Então, esta área do mercado cripto é impulsionada por soluções inovadoras, colaborativas e descentralizadas.

As oportunidades e benefícios oferecidos pelo DeFi justificam o tamanho do mercado. São mais de US$ 27 bilhões aplicados em centenas de projetos, segundo dados do Pulse. Os investidores são atraídos pela possibilidade de retorno alto, embora também represente riscos. Geralmente, o ganho mais elevado é fruto de uma maior alavancagem dos investimentos.

Conheça o que é, como essa tecnologia funciona na prática, as oportunidades nesse mercado e muito mais. Continue a leitura para conferir!

O que é DeFi?

DeFi é a utilização de tecnologias como os algoritmos da blockchain, smart contracts, stablecoins e outras, para descentralizar produtos financeiros.

A descentralização financeira é, inclusive, uma das razões para a criação do bitcoin –  e de todas as outras criptomoedas que se seguiram a ele. No entanto, a área de criptomoedas ainda não estava totalmente descentralizada até alguns anos. Vide a necessidade de exchanges para a compra e venda dos ativos.

Com a tecnologia DeFi não há um comando central, como em um banco comum, por exemplo. Então, quem toma as decisões são os próprios usuários, por meio dos tokens de governança, que se tornaram um ativo bastante valorizado.

Os benefícios de DeFi

A tecnologia DeFi oferece tudo o que o sistema financeiro convencional faz de forma mais econômica, segura e ágil.

Algumas possibilidades são:

  • Mandar dinheiro para qualquer lugar do mundo;
  • Efetuar pagamentos em fluxos contínuos;
  • Operar com empréstimos.

Assim, outra vantagem também é a democratização do sistema.

Como funciona o sistema DeFi?

O conceito evoluiu bastante com o advento da blockchain Ethereum, que trouxe para o mercado de cripto os smart contracts bem como reuniu um grande número de desenvolvedores de aplicações para esse ecossistema. Isso fez com que, de fato, surgissem diversos projetos que são efetivamente DeFi.

Um desses projetos são as exchanges descentralizadas, nas quais o usuário opera diretamente por meio de smart contracts. Outro exemplo é a MakerDAO e o DAI, que é uma satablecoin baseada em smart contratcs, que serve principalmente para empréstimos.

Para fornecer serviços financeiros sem intermediários, DeFi utiliza dois elementos fundamentais: criptoativos e smart contracts. A partir do uso dos dApps, a maioria deles encontrados na rede Ethereum, as transações comerciais P2P (peer-to-peer) são realizadas facilmente.

Outra característica importante é o fato de ser open source. Ou seja, todos os seus protocolos e aplicativos são abertos para que os usuários possam não apenas utilizá-lo, mas desenvolverem seus próprios projetos.

Quais são as principais aplicações em DeFi?

Dentre as diversas possibilidades do que pode ser feito no ambiente DeFi temos:

  • Enviar dinheiro para qualquer lugar do mundo (em pouco tempo e de forma acessível);
  • Armazenar dinheiro usando wallets (e ganhar rendimentos mais altos do que em um banco tradicional);
  • Pegar e fazer empréstimos P2P;
  • Negociar criptoativos 24 horas por dia, 7 dias por semana, de forma anônima e segura;
  • Negociar ativos tokenizados, como ações, fundos e outros ativos financeiros;
  • Realizar ações de crowdfunding.

Além de todas essas aplicações, a dinâmica básica de DeFi — e dos dApps — é permitir que os usuários desenvolvam novas soluções e projetos constantemente, indicando uma tendência de atualização constante dessa lista ao longo do tempo, especialmente com os avanços das tecnologias.

Os dApps

Parte importante para o funcionamento do ambiente DeFi, os dApps são aplicativos descentralizados. Softwares open source, eles funcionam em uma rede P2P na blockchain Ethereum, permitindo que usuários transacionem valores, por exemplo, sem precisarem de um site ou dispositivo específico.

Seguindo a natureza descentralizada, uma vez que o código de um dApp é disponibilizado, outros usuários podem fazer alterações e melhorias a partir daquela primeira versão. E tudo isso acontece sem o controle de algum usuário ou instituição, sendo bastante acessíveis.

defi

Quais são as maiores plataformas de DeFi?

Com o crescimento do mercado DeFi, principalmente no início de 2019, existiam poucas plataformas em operação no setor. Mas com a popularização do universo cripto todo e novas soluções tecnológicas para negociações descentralizadas, o cenário é muito mais competitivo.

Existem diversas plataformas populares com investimentos na casa dos bilhões de dólares.

Uniswap

Integrante do grupo das exchanges descentralizadas, ela tem o Ethereum como base. Nela, as pessoas que querem negociar os tokens podem colaborar para um pool de liquidez, o que é recompensado com um pequeno percentual do valor disponibilizado. Assim, resolve-se a falta de liquidez que costuma acometer exchanges descentralizadas.

Maker

A MakerDAO ter um domínio de 26.99% do mercado. Ela alia empréstimos a uma stablecoin para facilitar os empréstimos feitos com cripto. Isso porque, como as criptomoedas tradicionais sofrem forte oscilação de preço, o valor final do crédito poderia ficar muito mais elevado que o original. Desta forma, quem tem ETH pode travar parte destes ativos para gerar a stablecoin DAI e, com ela, realizar as operações de crédito.

Aave

Com a proposta de oferecer flash loans, permite pegar um empréstimo instantaneamente e sem a necessidade de garantias. O Aave disponibiliza, ainda, dois tipos de juros na tomada de crédito. Em um deles, as taxas são fixas e determinadas no momento da contratação. Enquanto nos empréstimos com taxas variáveis, os juros oscilam de acordo com a transações feitas pelo usuário (como depósitos, saques, liquidações etc.), podendo ter uma forte mudança.

Curve Finance

Outra exchange descentralizada, a Curve Finance foca sua atuação na área de negociação de stablecoins. Além disso, é possível fornecer liquidez para a plataforma e ganhar uma porcentagem sobre isso.

Yearn.finance

Em agosto de 2020, a Yearn viu o valor de seu token disparar 700%. O YFI alcançou os US$ 38 mil, batendo, assim, o recorde registrado pelo bitcoin em 2017: US$ 20 mil. Mas a Yearn.finance vai além de seu token. As inovações lançadas por Andre Cronje, desenvolvedor da empresa, sobretudo, são um destaque. Entre os produtos da empresa estão seguros descentralizados e um “cofre” Ethereum que promete retornos altos.

Synthetix

O Synthetix começou como uma stablecoin, mas expandiu e hoje oferece um protocolo que permite a negociação de derivativos. Seus usuários podem criar Synths, ativos “sintéticos” que acompanham o preço de ativos do mundo real. São exemplos de ativos do tipo na plataforma o sXAU (que acompanha o ouro) e os que acompanham moedas reais, como sUSD e sAUD.

Compound

Essa plataforma DeFi de empréstimo de criptomoedas funciona por meio do registro de smart contracts na blockchain da Ethereum. Nela, os usuários podem ganhar juros a partir de seus depósitos. Seu token de governança fez enorme sucesso já no lançamento.

Balancer

A exchange descentralizada Balancer é um protocolo de automated market-maker (AMMs) de diversos tokens. Os AMMs são agentes automatizados controlados por algoritmos que definem as regras para as operações. Geralmente, eles fazem tanto vendas quanto compras. A diferença é que com o Balancer, é possível usar o sistema para dois ou mais tokens ao mesmo tempo.

WBTC

O WBTC representa o “transporte” do bitcoin para o Ethereum. Ou seja, ele nada mais é do que um token ERC20 que representa a criptomoeda líder.

RenVM

Criado pela Ren, ele é um protocolo aberto que faz uma espécie de ponte entre os diferentes criptoativos para que o usuário tenha acesso à liquidez. Segundo o Money Times, é possível usar o RenVM como um plugin em projetos DeFi, permitindo que os usuários depositem e saquem a versão Ren de diferentes criptoativos.

Sempre em evolução, o mercado DeFi ganha popularidade com os avanços tecnológicos e a maior familiaridade do público com o conceito de finanças descentralizadas. Não à toa, o setor já conta com bilhões de dólares investidos atualmente e a tendência é de crescimento nos próximos anos.

Como ganhar dinheiro com DeFi?

Um exemplo é o token Synthetix, que permite o investimento de usuários em criptomoedas, ações, moedas fiduciárias, metais preciosos e outros ativos na forma de tokens ERC-20. Outros exemplos são o próprio MakerDAO e o Compound, atual líder do mercado, desbancando o MakerDAO.

Esses projetos permitem que se trave uma determinada quantidade de tokens em troca de pagamento de juros. Além disso, é possível arbitrar entre as diferentes taxas de juros nos projetos. Por exemplo, pegando emprestado a partir de um token com juros baixos e emprestando a partir de um token com juros maiores. A estratégia é bastante arriscada.

O DeFi Pulse acompanha ETH e tokens travados em projetos DeFi por valor total e dominância, por categoria. Segundo o serviço, o mercado de DeFi atingiu a marca de US$ 2 bilhões em valor total bloqueado (TVL) pela primeira vez na história.

Muitos no mercado tem dito que o DeFi está vivendo uma bolha, mas esse é um tema controverso na comunidade crypto.  Se os ICOs foram uma maneira rápida  – e às vezes suja – de arrecadar fundos, o DeFi oferece muito mais em termos de empréstimos, poupanças, negociações, investimentos, ganhos, administração, hedge, arbitragem e pagamento.


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