Web 3.0: o que é isso e qual a sua relação com a tecnologia blockchain?

Nova fase da internet promete mais descentralização de dados e interação através de metaversos

Por Paulo Carvalho  /  16 de março de 2023
© - Shutterstock

A internet está em constante evolução e a consolidação de um novo período se aproxima. Chamada web 3.0, a terceira revolução da internet está acontecendo e a tecnologia blockchain assumirá um papel central nessa transformação.

A primeira fase foi marcada pela centralização de informações e ausência de interação com o usuário. Enquanto isso, a segunda traz a interação dos usuários com conteúdos, além da produção de dados e informações. A fase é conhecida pelos blogs, redes sociais e a interação entre usuários por meio de aplicativos de conversação, como Messenger e WhatsApp.

Portanto, a web 3.0 tende a ser mais interativa, descentralizada e segura, marcando mais uma fase de transformação para a internet. Na web 3.0, surgem então os metaversos, que conduzem os usuários através de uma experiência de imersão digital, então, a interação entre os usuários assume outro aspecto.

De acordo com um estudo com Thomas Stackpole, publicado pela Harvard Business Review, a web 3.0 representa o futuro da internet, com destaque para inovações que fazem parte do mercado cripto, como criptomoedas, NFTs, DAOs, os projetos de finanças descentralizadas (DeFi), entre outros.

infográfico mostrando as principais características de cada fase da internet, ou seja, erb 1.0, web 2.0 e web 3.0.
Arquivo Transfero

Web 1.0: evolução da internet

Antes da web 1.0 existiu a fase PC Era, onde os primeiros equipamentos com acesso à internet foram desenvolvidos. A primeira fase da internet, conhecida como web 1.0, surgiu a partir do momento que a internet começou a se popularizar no mundo todo, ou seja, em 1995.

Nesse primeiro momento, o serviço de internet era restrito e limitado, além dos produtos e serviços seram pagos. O principal objetivo era facilitar o uso da internet, então, a dinâmica de produção era principalmente de conteúdos estáticos, com destaque para textos em sites de notícias. Além disso, a comunicação era totalmente unidirecional, ou seja, não existia interatividade entre os administradores de sites e os usuário.

Essa fase web 1.0 engloba os primeiros passos de consolidação da internet no espaço digital, como o correio eletrônico (e-mail), o World Wide Web (tecnologia necessária para o registro de sites), “http”, o “htps” e a ascensão de linguagens de programação como JavaScript.

pessoa mexendo no celular e computador para ver e-mail, um dos marcos da web 1.0
© – Shutterstock

Web 2.0: nova web

Enquanto a web 1.0 foi marcada por conteúdos estáticos, a web 2.0 tem como principal característica a interatividade do usuário nas plataformas digitais (sites de notícias, redes sociais, aplicativos, entre outros). Outra diferença é que nessa nova fase há a oferta gratuita de produtos e serviços na internet.

A web 2.0 começou no final da década de 90 e modificou a interface da internet ao priorizar a fácil navegação e plataformas mais elaboradas. Nessa fase, a produção de conteúdos passou a ser não-verticalizados, endossando o conceito de multimídia presente no espaço digital.

Assim como a produção de informação, o compartilhamento de dados também mudou. Além disso, a venda pela internet ganha força por meio de e-commerces. Nesta fase aconteceu uma revolução digital onde a internet transforma-se em uma ferramenta indispensável para os usuários.

O período marcou o início da instantaneidade de informações no espaço digital, o que reverberou na reorganização dos canais de mídia tradicional, como rádio, jornal e televisão. Já nas plataformas digitais há o uso de hashtags para direcionar o conteúdo e divulgação de dados. Com essas transformações e o sucesso de plataformas como redes sociais, como Orkut, Facebook, Twitter, Youtube e MSN, a “mass media” (mídia de massas) expandiu os pontos de contato.

usuário no computador colocando os dados do cartão de crédito para fazer compra online, um dos dos marcos da web 2.0
© – Shutterstock

Web 3.0: rede descentralizada

O criador do World Wide Web, Tim Berners-Lee, foi também o idealizador da web 3.0. O conceito dessa fase conhecida como web inteligente foi citado em 2001, mas a implementação começou recentemente.

As principais características da web 3.0 são a descentralização de informações, a privacidade e o controle dos dados pessoais pelos usuários. Até então, os dados de navegação eram recolhidos e gerenciados de forma implícita, mas, com essa nova fase, a experiência do usuário passa a ser o ponto central. Com isso, ele pode decidir quais informações quer compartilhar.

Para evitar a exposição de informações sobre os utilizadores da internet, o uso de rastreamento de dados e publicidades invasivas, os sites e aplicativos devem incorporar sistemas de gerenciamento de dados descentralizados que oferecem mais autonomia e independência para os usuários. Uma alternativa é a tecnologia blockchain, que oferece segurança e transparência no ambiente digital. Outro fator para aumentar a segurança dos dados é a criptografia.

Além dessas, outra característica da web 3.0 é a virtualização. Essa fase vai consolidar a transição do mundo real para o espaço web por meio de tecnologias imersivas, como metaversos e equipamentos de realidade aumentada e virtual.

As principais ferramentas da web 3.0 são:

  • dApps;
  • aplicações descentralizadas;
  • armazenamento;
  • mensagens;
  • EVM;
  • consenso;
  • feed de dados;
  • Internet das Coisas (IoT);
  • computação off-chain;
  • clientes de hardware;
  • protocolo de redes de internet;
  • ativos digitais;
  • carteiras digitais.

As principais utilizações

O aprimoramento de soluções digitais na web 3.0 inaugurará uma nova fase da internet baseada em tecnologias disruptivas, como a blockchain, inteligência artificial e internet das coisas. Então, além de metaversos, a terceira fase da internet deve aumentar a adoção e o uso de criptoativos como o bitcoin e tokens não-fungíveis (NFTs).

Web semântica: nessa nova fase a web semântica será uma das principais características de transição da web 2.0 para a web 3.0. Além de descentralização de dados, a internet terá novos algoritmos capazes de interpretar dados de forma mais complexa.

Portanto, equipamentos como computador e smartphones, serão capazes de compreender melhor o usuário, propondo mudanças e otimizações no uso da internet sem receber comandos manuais.

Metaversos: experiências de realidade virtual e aumentada representam a nova fase da internet web 3.0. Em desenvolvimento por grandes empresas como Facebook (Meta), metaversos se transformarão em ferramentas essenciais no cotidiano do usuário da internet.

Esses ambientes digitalizados prometem uma experiência de imersão digital, integrando o mundo real e o virtual. O desenvolvimento de metaversos é uma das principais características dessa nova fase da internet.

Blockchain e criptomoedas: as criptomoedas e a tecnologia blockchain desempenharão um papel importante na web 3.0. Os ativos digitais devem monetizar ecossistemas digitais nessa nova fase da internet.

A tecnologia blockchain é conhecida por dar vida ao bitcoin e por projetos de descentralização de dados, mas também pode ter outras finalidades. Por esse motivo, servirá como plataforma para a criação de sites, ferramentas e soluções digitais durante a web 3.0, sendo apontada como protagonista da fase.

blockchain é um dos grandes diferencias da web 3.0
© – Shutterstock

Os benefícios da nova era da internet

A fase da web 3.0 oferece diversas vantagens para o usuário, afinal, ele é o fator central. Por sua natureza distribuída de dados e gerenciamento de informações descentralizado, a web 3.0 transformará a internet em um ambiente mais seguro para os usuários.

Com as plataformas e sites mantendo a privacidade das informações por meio da tecnologia blockchain, o controle será dos internautas, e não das empresas. Assim, não haverá mais centralização e controle de informações por corporações. Será o fim do monopólio dos dados por grandes corporações que usam e recolhem as informações.

A interoperabilidade é uma grande vantagem da web 3.0, onde aplicativos, sites e plataformas estarão conectados por meio de uma rede descentralizada. Sendo assim, o uso de sistemas distribuídos de banco de dados garantirá o funcionamento da internet sem nenhum tipo de interrupção.

Representando o futuro da internet, a web 3.0 tem tecnologias disruptivas que mudará para sempre a forma que o usuário consome informações, produz dados e acessa a web.

pessoa com um holograma na mão do planeta terra escrito "web 3.0"
© – Shutterstock

Como a web 3.0 promete resolver os problemas da web 2.0?

A “nova internet” pode resolver os problemas de privacidade e segurança dos dados da web 2.0 da internet. A web 3.0 representa mais transparência no uso de informações compartilhadas na internet, devolvendo ao usuário o controle sobre os dados fornecidos por ele.

Para isso, a proposta é criar um ecossistema descentralizado de dados onde os dispositivos dos usuários funcionam como armazenamento compartilhado e os usuários possam decidir sobre o compartilhamento das informações. Então, as informações não serão armazenadas em aplicativos hospedados em servidores centralizados, como o Google Cloud e o Amazon Web.

Com esse gerenciamento das informações fragmentado e descentralizado, a nova fase tende a evitar o monopólio de big techs no que diz respeito ao controle de dados fornecidos pela internet. Além disso, esse modelo descentralizado é menos vulnerável que o gerenciamento centralizado.

A censura em plataformas digitais também pode sofrer mudanças com a web 3.0. Geralmente, a decisão sobre a conduta de participantes de uma rede descentralizada é gerenciada por um grupo de usuários, e votações entre eles decidem o que pode ou não ser proibido.

Na web 3.0, a economia digital será impulsionada pela adoção de tecnologias disruptivas como a blockchain e consolidada através de aplicativos descentralizados (DeFi). Nessa nova fase da internet, o usuário terá acesso a ferramentas financeiras que incluem desde a venda de dados até empréstimos de moedas digitais como o bitcoin.