O que é KYC e como esse procedimento evita fraudes?

O sistema desenvolvido para conhecer mais sobre o cliente de uma empresa faz parte da área de compliance e ajuda na prevenção a crimes financeiros

Por Redação  /  7 de dezembro de 2023
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O uso de dados e informações de clientes é muito comum em negócios digitais dos mais diferentes segmentos. No mercado cripto, porém, o procedimento conhecido como KYC é fundamental para verificar a procedência de cada cliente e, assim, contribuir para a criação de um setor ainda mais seguro para todos.

Sigla para Know Your Client ou, em tradução literal, conheça o seu cliente, é uma técnica muito presente nas áreas de Compliance de diferentes empresas. A partir dessa checagem, uma companhia passa a conhecer mais profundamente o perfil dos seus clientes.

Mayra Lachter, head de Compliance da Transfero, conversou com o PanoramaCrypto para explicar um pouco mais sobre esse mecanismo tão importante. Continue a leitura para saber mais!

O que é KYC?

O KYC compreende um sistema de regras de avaliação de dados de clientes, transações e fatores de risco. Uma verificação de dados pode compreender informações como patrimônio, volume de transações financeiras e renda.

De acordo com Mayra, o processo de KYC faz parte da etapa de due intelligence do setor. Ela explica que além das informações sobre os clientes da empresa, a verificação de dados envolve ainda fornecedores e até funcionários do negócio.

“Os processos de due diligence são um dos pilares de um Programa de Compliance. Realizar a avaliação prévia sobre seus clientes, fornecedores e empregados é uma etapa fundamental para garantir que as relações sejam iniciadas com a empresa respaldada por informações que garantam a idoneidade desses parceiros.”

Como o procedimento KYC funciona na prática?

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O sistema de KYC atua desde a inscrição do usuário em uma plataforma financeira. Ao inserir informações como nome completo, documentos como CPF, RG e renda, esses dados são avaliados pela área de Compliance da empresa.

Mayra diz que o procedimento é dividido em três etapas. Num primeiro momento, a empresa precisa conhecer melhor o cliente, avaliando os dados inseridos por ele no momento da inscrição.

“O Know Your Client (KYC) é o processo de due diligence voltado para a avaliação do cliente. Ele se divide em três etapas: identificação, qualificação e classificação. Na primeira delas precisamos conhecer aquele cliente.”

O KYC é utilizado no sistema financeiro?

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Embora o KYC seja popularmente usado no sistema financeiro e no mercado cripto, inúmeras pequenas e grandes empresas adotam a medida como forma de prevenção a fraudes.

No Brasil, o sistema foi estabelecido pela Lei 9.613/98, que trata sobre fraudes financeiras no país, como lavagem de dinheiro, ocultação de bens e ou fraudes envolvendo falsidade ideológica.

Por que o KYC é tão importante no mercado cripto?
O sistema KYC também é usado por empresas do mercado cripto. Assim como bancos e ferramentas financeiras digitais, plataformas que operam criptomoedas usam o “conheça seu cliente” para analisar riscos e fraudes envolvendo transações com ativos digitais.

Além da legislação brasileira, o KYC faz parte das recomendações de prevenção a crimes de lavagem de dinheiro do Anti-Money Laundering (AML), que também são seguidas por empresas que atuam no mercado cripto. O objetivo do conjunto de regras envolvendo transações financeiras do AML é proteger os usuários com o sistema “conheça seu cliente”.

No mercado cripto, além do KYC, a legislação internacional orienta outro sistema de verificação de dados, conhecido como KYT. Mayra conta que essa sigla avalia os dados de transações com criptomoedas.

“Para empresas de cripto, falamos ainda de um outro “K” muito relevante, que é o ‘Know Your Transaction’, KYT, onde dentro da avaliação do cliente precisamos analisar a wallet utilizada nas transações, pois perfis idôneos podem negociar através de carteiras com alta exposição à risco, como, por exemplo, financiando o terrorismo.”

Como fazer o KYC?

A verificação de dados do cliente é um processo interno mantido por empresas como a Transfero. O sistema faz parte da área de compliance, e envolve algumas etapas de análise e verificação das informações prestadas pelos usuários.

Essa verificação pode envolver desde dados pessoais como nome, RG e CPF até verificações de identidade, como selfie e impressão digital. A gestora de compliance do Grupo Transfero diz que um dos primeiros processos do KYC verifica uma “prova de vida” do usuário.

É durante esse processo que a validade dos documentos do usuário é verificada. O processo garante ainda a confirmação da identidade real do cliente. Sendo assim, nessa etapa são eliminados perfis falsos e crimes de falsidade ideológica descartados.

“Hoje, contamos com a tecnologia para nos ajudar a deixar este processo mais fluido para o cliente. Então, ao realizar a ‘prova de vida’, ao iniciar um processo de onboarding dentro de uma plataforma, garantimos que aquela pessoa existe.

Atrelado a isto está a checagem da documentação imputada, onde a inteligência artificial também corrobora fazendo o match entre a foto da documentação submetida e a prova de vida. Esta etapa mitiga o risco de fraude, pois garantimos que a pessoa que está se cadastrando é ela mesmo.”

Durante uma etapa de análise de dados KYC, uma empresa do mercado financeiro pode classificar o usuário a partir de suas informações cadastrais. Cada negócio estabelece seu critério de avaliação dos clientes.

Portanto, consiste em boas práticas do setor de compliance ter informações sobre o usuário como restrições financeiras, ou ainda, se o cliente é uma pessoa considerada politicamente exposta, lembra Mayra.

“Com as informações inseridas, podemos qualificar este cliente, ou seja, podemos analisá-lo. Com as diversas ferramentas disponíveis no mercado também é possível obter um report com todas as informações relevantes, como: se a pessoa é politicamente exposta (PEP), consta em alguma lista restritiva, possui processos criminais ou mídias negativas relacionadas.”

Passo a passo KYC em plataformas cripto

O primeiro passo do KYC consiste em criar uma conta em plataformas cripto como o Transfero App. Depois de criar a conta, o usuário precisa fornecer dados para finalizar o cadastro, como documentos como CPF, identidade e endereço de residência.

Mas, para concluir o KYC, algumas outras etapas podem ser incluídas nesse processo de verificação, como o envio de foto de documentos de identificação. Geralmente, as exchanges aceitam documentos como a carteira de identidade e a carteira de motorista.

Outras etapas desse processo de verificação pode incluir selfie com os documentos e até a confirmação de digital. Todos esses mecanismos servem não só para trazer mais segurança para o usuário, como também para manter as plataformas cripto em conformidade com o sistema KYC.

Diferença entre KYC, KYP e KYE?

Existem três tipos de verificação de dados em plataformas que negociam criptomoedas. Por mais que o KYC seja o mais conhecido, há também o sistema KYP e KYE.

O KYP, que quer dizer “Conheça seu Parceiro”, em tradução do inglês, serve para que empresas averiguem informações de fornecedores e prestadores de serviço, por exemplo.

Enquanto isso, o sistema KYE consiste em “Conheça seu Funcionário”, em tradução literal do inglês, e faz parte de um processo de verificação de informações de funcionários e candidatos de processos seletivos na empresa cripto.

Qual é a relação entre o KYC e a prevenção de fraudes?

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A etapa de análise de dados do cliente serve para mitigar os riscos envolvendo pessoas politicamente expostas, ou ainda, crimes financeiros como lavagem de dinheiro.

Conforme levantamento de dados do Serasa Experian, entre janeiro e novembro de 2022, 3,6 milhões de fraudes de identidade foram registradas somente no Brasil. A gestora de compliance da Transfero fala que seguir as três etapas do KYC, identificação, qualificação e classificação, pode reduzir os riscos de fraudes relacionadas a esse tipo de crime.

“A partir desta análise, iremos classificar este cliente sob uma perspectiva de risco. Ou seja, se iniciar uma relação comercial com ele deixa a empresa exposta a um grau de risco baixo, médio ou alto. E para garantirmos que estas exposições sejam deliberadas adequadamente, o processo de governança, envolvendo agentes distintos, precisa ser garantido.

Empresas que realizam o processo de KYC, respeitando estas três etapas, mitigam os seus riscos reputacionais e financeiros, uma vez que agem preventivamente a uma possível ação de fraude ou lavagem de dinheiro de um agente mal intencionado.”

Uma das etapas do KYC consiste no envio de documentos para empresas cripto como a TransferoCrypto. Confira neste link como utilizar a plataforma passo a passo, para negociar criptomoedas como o BRZ.