Mercado crypto é autorregulado e altamente profissional

Para Cesar Trevisan, da exchange brasileira NovaDAX, o mercado de criptoativos evoluiu nos últimos anos; hoje, segundo ele, a grande maioria dos investidores já tem cryptos em seu portfólio

Por Redação  /  25 de agosto de 2021
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Um setor autorregulado e seguro, com a garantia da blockchain. Assim o Head of Business Development da NovaDAX, César Trevisan, define o estágio atual do mercado de criptoativos. Segundo ele, embora no Brasil ainda falte educação financeira, cada vez mais as pessoas percebem no universo crypto oportunidades para simplificar suas transações ou proteger o patrimônio da inflação. “Posso dizer que praticamente todos os grandes investidores, hoje, têm criptomoedas em seu portfólio”, afirmou.

De acordo com Trevisan, o bitcoin ainda representa a maior parcela dos investimentos, embora outros criptoativos venham ganhando destaque. “Por isso, é importante conhecer o projeto, entender a que ele se propõe. Muitas vezes, quem compra uma moeda que está em destaque no mercado, corre o risco de chegar atrasado, ou seja, comprar no final da alta. Então, a educação e o conhecimento são muito importantes”, destacou o especialista. Confira, a seguir, os principais trechos da entrevista exclusiva ao Panorama Crypto.

Por que você afirma que o mercado está em evolução?

Há três anos, o mercado era marginalizado, havia muita desconfiança. Hoje isso mudou, os usuários já sentem segurança para investir. Um exemplo disso é o fato de várias empresas, inclusive no Brasil, estarem convertendo parte de seu caixa em criptoativos, como forma de preservar o capital da inflação.

O setor, além de seguir regas da Instrução Normativa (IN) 1888, é autorregulado. Adotamos as melhores práticas de regulação, como prevenção à lavagem de dinheiro, políticas rigorosas para análise de clientes, investimento tecnológico pesado, monitoramento de transações, tanto em criptoativos quanto em moeda fiat, entre outras ações. Somos autorregulados, mas altamente profissionais.

Também já temos, no Brasil, fundos reconhecidos pela CVM, o que equivale a dizer que os criptoativos são reconhecidos como instrumentos financeiros. Além disso, a ABCripto, que reúne e representa os principais players do mercado, tem proposto ao governo pautas regulatórias, levando exemplos de outros países, com boa receptividade. As exchanges não estão do lado oposto do governo.

O próprio governo (BC) está estudando a criação do real digital. O que isso significa para o mercado crypto?

Acho que será ótimo para nosso mercado. O setor crypto funciona 24 horas, sete dias por semana. Porém, até a introdução do PIX, os clientes só conseguiam fazer depósitos e saques nas janelas de horários de compensação bancária. Com o PIX essa questão melhorou e o real digital deve seguir o mesmo caminho.

Porém, não vejo concorrência. O real não não vai ser negociado em exchanges e deve circular apenas dentro do Brasil, enquanto uma criptomoeda, como o BRZ, pode ser transferida para qualquer lugar. A NovaDAX, por exemplo, é a exchange que possui o maior número de pares com BRL do mercado brasileiro, o que demonstra essa liberdade e praticidade de investimentos, trocas, etc, por parte dos clientes. A ideia é diferente, a filosofia é diferente. Pode haver inflação, uma série de coisas, mas uma crypto é descentralizada, não tem controle estatal para emissão, o que a mantém longe da inflação.

Eu diria que foi o sucesso das criptomoedas que fez com que os governos passassem a planejar a introdução das CBDCs (moedas digitais emitidas por bancos centrais).

Em sua visão, por que os criptoativos não são usados em maior escala no país?

Porque falta educação financeira e, também, porque a tecnologia acaba sendo uma barreira para muitas pessoas. No passado, por exemplo, havia muita dificuldade com protocolos de internet, mas a tecnologia acabou se enraizando no cotidiano, não sendo mais necessário entendê-la para fazer uso dela. No caso dos criptoativos, a tecnologia ainda é uma barreira.

Mas, quando as interfaces se tornarem mais simples, acho que a população começará de fato a usar tecnologia crypto.

Na verdade, isso também é cultural. Até recentemente, o brasileiro não tinha acesso a bons investimentos. Os melhores fundos estavam reservados para quem podia fazer aportes maiores. Então, é preciso educação para mudar essa cultura. O pensamento está mudando e acredito que, aos poucos, mais pessoas migrarão para esse tipo de investimento.

O bitcoin permanece sendo o principal investimento?

Sim, pensando em capitalização de mercado, o BTC domina, mesmo não sendo a moeda mais moderna nem a mais rápida. Se não representar mais de 50% do mercado hoje, é muito próximo disso em (em capitalização de mercado).

Apesar da volatilidade, percebemos que o usuário está mais confiante e tem usado o bitcoin como reserva de valor.

Até vimos, em outros momentos, outras moedas se destacando, como o Ethereum, que passou recentemente por uma atualização. Mas isso acaba sendo uma coisa mais pontual. Então, antes de investir em qualquer criptoativo, é preciso estudar o projeto e entender suas propostas.

Qual sua opinião sobre o papel das stablecoins neste cenário?

Elas representam uma solução interessante para várias situações, como no caso de transferências internacionais, pois a transação é mais rápida e o custo, bem menor. Para realizar essas transferências, os usuários precisam atentar às regras e normas vigentes (no Brasil, a IN 1888).

Um dos meus primeiros projetos na NovaDAX, do qual tenho muito orgulho, foi a listagem do BRZ, um trabalho feito em conjunto com a Transfero.

Quais os diferenciais oferecidos pela NovaDAX aos clientes?

Hoje estamos posicionados entre as maiores exchanges do Brasil, tanto em volume quanto em número de clientes. Somos uma empresa brasileira,  criada a partir de um “unicórnio” chinês, o (Wecash), empresa a qual deu início a holding Abakus Group, da qual fazemos parte.

A NovaDAX nasceu em 2018 no País, em um momento em que havia várias exchanges disputando o mercado, mas cresceu ao longo deste período em função do produto oferecido e por proporcionar uma excelente experiência ao usuário. Acreditamos que esse segmento está passando por uma depuração e existe um consenso de que, no futuro, deverão restar poucas empresas, mas que agreguem valor e tragam boas experiências aos clientes.

novadax elo
Nossa visão é criar um ecossistema financeiro para nosso cliente. Nesse sentido, fomos a primeira empresa no Brasil a disponibilizar uma conta digital gratuita e um cartão, bandeira Elo, que pode ser utilizado em qualquer estabelecimento, inclusive no exterior.

Assim, o cliente pode fazer pagamentos em crypto usando seu cartão de crédito, quitar boletos, com saldo em reais, e qualquer outra transação com interface bancária. Ou seja, é possível pagar uma conta, de forma totalmente transparente, usando seu saldo em criptomoedas, com o cartão NovaDAX. A transação é convertida em reais e permite que o usuário não se desfaça do patrimônio, podendo usar pequenas quantidades sem essa preocupação.


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