Grandes instituições podem deixar blockchain ‘mais amigável‘

Em evento, CEO da Transfero avalia que se empresas tradicionais usarem essa tecnologia, tendência é que as dúvidas sobre ela diminuam

Por Redação  /  17 de dezembro de 2020
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Se instituições tradicionais, como bancos e cooperativas, adotarem o blockchain, isso pode fazer com que essa tecnologia seja vista com menos desconfiança pelas pessoas. E o avanço dessa tecnologia não decreta o fim dos bancos, disse o CEO da Transfero, Thiago Cesar, em palestra no WCM 2020 — um evento de cooperativismo.

“Acredito que as mudanças são sempre graduais. Muita gente é radical e diz que as criptomoedas vão matar os bancos, o modelo tradicional. Mas eu não vejo dessa maneira. Eu acho que vai haver uma adaptação e que os bancos e as cooperativas vão absorver parte dessa tecnologia, e as coisas vão continuar existindo como sempre existiram, mas feitas de formas talvez diferentes”.

Assim, se tivesse uma cooperativa de crédito hoje, Cesar diz que buscaria desenvolver um contrato inteligente. “Eu colocaria minha equipe de TI para criar um smart contract na rede Ethereum, por exemplo. E, assim, começaria a captar fundos internacionais, fazendo as pessoas que têm bitcoin, dólares digitais depositarem seus ativos junto ao contrato da cooperativa”.

Smart contracts usam blockchain e podem ser fonte extra de capital para as cooperativas

Além disso, sugeriu atrelar o nome da cooperativa ao contrato, atraindo quem confia naquela cooperativa. “As pessoas que têm ativos digitais vão poder depositar e receber uma remuneração compatível com o mercado de ativos digitais. Além de ser um capital a mais para se usar na atividade fim da instituição”.

Questionado sobre uma forma para que as pessoas se sintam mais confortáveis usando a blockchain, o executivo sugeriu uma maior participação de instituições grandes, que o cidadão já conhece.

“O caminho mais natural e mais fácil é as instituições tradicionais embarcarem e mergulharem nesse mundo e começarem a criar produtos em cima dessa tecnologia”, opinou. Ele lembrou o criador de um dos maiores contratos inteligentes, que já arrecadou mais de US$ 20 bilhões,  não pertencia ao mundo financeiro. “Foi um programador do Leste Europeu”, explica.

BRZ recorreu a instituições tradicionais para comprovar suas reservas e dar mais segurança

E acrescentou: “Acho que será muito diferente quando você começar a ter participação, por exemplo, da Icatu Seguros dando aval a um contrato inteligente. Ou pensar em mecanismos através dos meios tradicionais para trazer mais peso para essas tecnologias”.

Assim, cita como exemplo o BRZ, a stablecoin da Transfero, cujas unidades equivalem a R$ 1, e que tem lastro na moeda brasileira. E que, para dar mais transparência e segurança ao mercado, a empresa contratou escritórios de advocacia e contabilidade para auditar as reservas do ativo digital.

“A tecnologia já tem se provado por conta própria. O que está faltando é players mais pesados entrarem nesse mercado e usarem essas tecnologias, porque aí você juntou os dois mundos”, concluiu.

O WCM 2020 foi um evento digital de dois dias voltado, especialmente, para executivos de cooperativas e outras empresas do setor. Entre os tópicos em discussão, os novos cenários para crédito e comércio, além de debates sobre os setores de saúde e agro.