Como acontece a tokenização de ativos?

Representação digital de ativos financeiros deve ser a nova tendência da economia no futuro

Por Paulo Carvalho  /  21 de outubro de 2022
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O sistema financeiro está enfrentando um processo de transição provocado pela digitalização da economia. A consolidação de novas tecnologias no mercado e a representação virtual de ativos têm se transformado em uma nova tendência na economia, cada vez mais digitalizada.

Além de criptoativos, a tokenização de ativos faz parte do conceito de nova economia digital. Continue a leitura para entender mais sobre o assunto!

O que é tokenização?

tokenizacao de ativos

O processo de tokenização transforma praticamente qualquer ativo físico, bem, produto ou serviço, em um ativo digital.

A palavra token pode ser traduzida como símbolo e expressa a representação criptográfica de algum dado de segurança. Antes da tokenização de ativos financeiros, os bancos já utilizavam tokens como códigos de acesso para um sistema de dados protegido por criptografia.

Tecnologia blockchain

No mercado cripto, os tokens podem ser classificados como a representação de direito, valor, propriedade ou investimento. Na maioria das vezes, ativos tokenizados pela tecnologia blockchain são emitidos e negociados por meio de contratos inteligentes (smart contracts).

Tokenização de ativos

Na prática, a tokenização permite criar uma representação digital de um ativo financeiro. Esse processo de digitalização do ativo pode facilitar a negociação no mercado, por exemplo, além de ampliar a oferta e oferecer novas soluções de gerenciamento de dados.

Dessa forma, o processo de tokenização de ativos pode ser entendido como uma evolução no gerenciamento de dados.

Quais são os tipos de tokens?

Os ativos tokenizados podem ser classificados no mercado cripto de acordo com algumas especificidades, como finalidade do projeto, uso como forma de pagamento, oferta de benefícios e artes digitais.

Atualmente, a classificação dos principais tokens do mercado cripto acontece em quatro principais categorias: pagamentos, NFTs, utilidade e tokens de segurança.

O processo de tokenização permite até transformar ações da bolsa de valores em um ativo digital. Nesse caso, o ativo pode ser classificado como um token de segurança (security token).

  • Tokens de segurança

O processo de tokenização de ativos financeiros serve como ferramenta de digitalização de produtos que já existem no mercado, como ações, debêntures, títulos de dívidas e de créditos.

No entanto, esse tipo de token pode ser classificado como um security token. Nesse caso, o ativo digital é entendido como valor mobiliário, e portanto, deve seguir a legislação sobre a oferta do token no mercado de capitais.

  • Tokens de utilidade

Os tokens de utilidade (utility tokens) são classificados pela oferta de algum tipo de benefício para o detentor do ativo digital. Nesse caso, um token de um time de futebol ou de uma promoção de um artista famoso podem ser entendidos como tokens de utilidade.

Assim, ao oferecerem algum tipo de experiência ou benefício para o usuário, os tokens de utilidade são criados para atenderem a uma finalidade de um projeto atrelado ao ativo.

  • Tokens de pagamento

Além de valor mobiliário e de atender uma finalidade, ativos financeiros podem ser tokenizados para servirem como forma de pagamento. Embora exista uma ampla discussão sobre o que são tokens e o que são criptoativos, o bitcoin e outras moedas digitais podem ser entendidos também como um token de pagamento, inclusive stablecoins como o BRZ.

Um token específico pode ser criado por um grupo de fãs ou por um festival de música, por exemplo. Onde a modalidade de pagamento está limitada a uma oferta atrelada ao token de pagamento criado.

  • Tokens não-fungíveis (NFTs)

Para alguns, os tokens não-fungíveis (NFTs) representam o futuro da arte digital e da pintura. Esses ativos são conhecidos pela representação gráfica de uma imagem completamente digital, criada através da tecnologia blockchain.

Com características únicas e emissão reduzida, cada NFT possui atributos que podem definir seu valor no mercado, oferta e nível de raridade. Os tokens não-fungíveis se transformaram em uma febre no setor cripto recentemente, e existem ativos que foram vendidos por até US$ 91,8 milhões.

O que pode ser tokenizado?

A representação digital de um ativo de valor permite a transformação de qualquer ativo em token. Desde ações da bolsa de valores até imóveis, o gerenciamento digital de dados de tokens ‘assume o papel’ de qualquer ativo.

Os exemplos mais comuns são os NFTs. Existem tokens não-fungíveis que representam obras de artes seculares, memes históricos da internet e até fotos raras de famosos.

A tokenização serve ainda como ferramenta de digitalização de produtos e ferramentas do mercado financeiro tradicional. Já é possível negociar ações em tokens, títulos de dívidas e de créditos, além de valores mobiliários.

Nova tendência de mercado

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A digitalização da economia é um processo que está acontecendo no mercado financeiro. O dinheiro de papel está sendo substituído por transações online, além do uso crescente de stablecoins e a aposta de bancos centrais em moedas digitais, conhecidas como CBDCs.

Dentro dessa evolução da economia, o processo de tokenização de ativos assumirá um papel importante de transição digital. O presidente do Banco Central do Brasil, Roberto Campos Neto, explicou que a tokenização será a principal tendência do mercado no futuro.

Mercado financeiro

Campos Neto acredita que “estamos migrando para uma economia tokenizada”, onde ativos digitais devem assumir a representação da negociação de ativos considerados tradicionais no mercado financeiro.

Portanto, com a digitalização da economia se consolidando, a tokenização de ativos deve continuar sua expansão no setor financeiro nos próximos anos. Um recente estudo da MarketsandMarkets Research mostra que esse mercado atingirá US$ 5,6 bilhões até 2026.