A adoção das stablecoins pode trazer benefícios tanto para os usuários individuais quanto para o comércio entre países. Mas o que deve ajudar a impulsionar a adesão de usuários em massa delas é a oferta de produtos e serviços com esse tipo de ativo digital. Essa foi uma das conclusões dos participantes do webinar Bringing FX into the 21st Century sobre os efeitos das stablecoins nas trocas de moedas.
Para Thiago Cesar, CEO da Transfero Swiss, “uma stablecoin e tão boa quanto a sua liquidez”. “É por isso que estamos tentando criar parcerias de alto nível com fortes players do mercado de câmbio, exchanges de crypto, métodos de pagamento, carteiras, cartões de débito crypto. Porque isso vai trazer o público mainstream para esse mercado”, diz o executivo da Transfero, empresa que criou o BRZ, stablecoin pareada ao real.
Thiago também acredita que stablecoins, à exceção daquelas pareadas com o dólar, eram usadas, na maioria das vezes, por grandes players do mercado, especialmente quando precisam mover recursos que estavam em moedas países emergentes em direção a nações com moedas mais fortes.
Adoção de stablecoins elimina obrigatoriedade do dólar em algumas transações
O CEO da Transfero ressalta que a adoção de stablecoins permite trocas diretas de pares “exóticos” de moedas. “Por exemplo, hoje, se você estiver no Brasil, e quer ter acesso à lira turca, você não pode comprar diretamente a moeda turca com seus reais. É necessário primeiro ir do real ao dólar — o que é complicado — e, depois, do dólar para a lira. Ou você pode ter dois ou três intermediários nessa transação. Então, com uma exchange, seja centralizada ou não, você pode trocar o real diretamente pela lira por meio das versões digitais dessas moedas”.
Transportando isso para o comércio internacional, há benefícios também. “Se você levar isso ao comércio internacional, a maior parte desse comércio não vai mais precisar passar pelo dólar”, concluiu Thiago.
Quanto ao efeito das finanças digitais no câmbio de moedas, Ian McAfee, CEO da Shift Market e da Nexus Trading, avalia que a tendência é que as pessoas notem que esta é uma forma melhor de fazer esse tipo de transação . “E, conforme o volume cresce, as pessoas vão seguir esses volumes”, opina. O executivo também acredita que em 2021 o mercado já verá “um pico no movimento do mercado de câmbio migrando para a blockchain”.
Stablecoins avançam em países com moeda volátil
A esse respeito, Vidal Arditi, COO da BiLira, diz ver a entrada das stablecoins no mercado de câmbio. “Acredito que, conforme o tempo passa e desenvolvemos e testamos esses novos modelos (de stablecoins), definitivamente veremos a maioria das stablecoins de que falamos hoje se fundindo ao mercado de câmbio e representando isso (essas trocas) no mundo blockchain”. A BiLira é uma stablecoin pareada à lira turca.
Aditi aponta para o crescimento das stablecoins não pareadas ao dólar em economias nas quais a moeda é tão volátil que os cidadãos optam por “escapar ou trocar por moedas mais seguras”. “Vamos ver essa adoção crescer com o tempo. E essa é uma das razões pelas quais BiLira, BRZ e mais algumas outras fundamos a Stablecoin Alliance. Porque achamos que precisa haver algum tipo de compreensão metodológica consciente de como essas empresas devem se formar e operar”, acrescentou. Além disso, ele defende que elas passem por auditorias e que essa compreensão guie também com se dá a prestação de serviços.
Exemplificando o que eles fazem, Aditi citou as auditorias frequentes, provando que os fundos estão intactos e seguros; a busca pela criação de novos casos de uso para mostrar as vantagens das stablecoins.