Primeira mineração de bitcoin completa 14 anos

Em 3 de janeiro de 2009, Satoshi Nakamoto minerou o primeiro bloco de emissão da criptomoeda

Por Redação  /  3 de janeiro de 2023
© - Shutterstock

3 de janeiro é um marco histórico para o mundo dos criptoativos. Neste mesmo dia, em 2009, o enigmático e anônimo Satoshi Nakamoto minerou o primeiro bloco de emissão de bitcoin. Quer dizer, o bloco foi codificado no software do protocolo na blokchchain, e passou a valer.

Foram 50 bitcoins recebidos, e o bloco ficou conhecido como “Genesis Block”. As informações deste bloco podem ser vistas até hoje. O bloco, assim como Nakamoto, é rodeado de mistérios.

© – Shutterstock

Como o primeiro bloco já criado, o bloco de gênese é o início do banco de dados imutável que é a blockchain do bitcoin e representa o primeiro exemplo de moeda digital ponto a ponto protegida por princípios criptográficos sólidos. Mas, ao contrário de outros blocos, ele possui várias propriedades exclusivas, adicionando uma camada de significado oculto que pode não ser aparente à primeira vista. 

O bloco Gênese

Em primeiro lugar, este bloco é denominado COINBASE, que indica as moedas recém-extraídas nos blocos. Não se trata de um bloco de exchanges. Em segundo lugar, a altura do bloco é definida como ‘’0’’. Explicar a razão por trás desse número não é algo muito claro, então existem algumas teorias. Há quem diga que o gênese deveria ser o primeiro bloco, o que explicaria o zero. Para outros, há indicação de que o 0 ali indica o “marco-zero”, já que não havia ainda blocos pré-minerados, ou seja, Nakamoto usou o gênese como um bloco “cobaia”, como indica o Decrypt.

O bloco 1 da chain veio apenas seis dias depois. O que foi considerado “estranho”, uma vez que o tempo básico entre a criação de blocos numa blockchain é de 10 minutos.  No mundo da moeda digital, os blocos são arquivos onde os dados sobre a rede bitcoin e suas transações são permanentemente registrados. Cada vez que um bloco é concluído – ou seja, preenchido com transações de bitcoin – ele dá lugar ao próximo bloco na blockchain. A única maneira de liberar novas criptomoedas em circulação é por meio da mineração. Portanto, “minerar bitcoin” é “cunhar moeda”.

© – Shutterstock

Uma outra particularidade do bloco gênese está no fato de que ele não pode ser gasto. “Sua recompensa da base de moedas de 50 bitcoins não pode ser gasta, pois foi omitida do banco de dados de transações, portanto, qualquer tentativa de gastá-la seria rejeitada pela rede. Se isso foi intencional ou não, é desconhecido”, indica a operação. No link, existem mais 18 bitcoins diferentes dos primeiros 50, mas esses são normais, que podem ser enviados pelo proprietário.

Deu no “The Times”

Além do registro online, a data da operação também é conhecida por causa da mensagem deixada por Nakamoto no bloco: “The Times 03/Jan/2009 Chancellor on brink of second bailout for banks”. Este é o título da manchete de capa do jornal britânico The Times do dia 03 de janeiro de 2009. 

A primeira página do The Times em 3 de janeiro de 2009. Fonte da imagem: Trijo News

A matéria em questão fala sobre como o chanceler do Tesouro, o ministro da Fazenda britânico, precisaria fazer um novo resgate bilionário aos bancos, que sofriam ainda com os resultados da crise de 2008. No artigo, se especula que o governo britânico poderia comprar mais ativos tóxicos dos bancos ou apenas injetar mais dinheiro nas instituições, tudo com o objetivo de facilitar o fluxo do crédito.

Não é comum que blocos de bitcoin tenham frases ligadas ao código, por isso que essa manchete virou um tema de estudo e teorias dentro do mundo cripto. Para alguns, o fato de se conectar a um artigo que fala sobre a falha do mundo financeiro, já mostra que Nakamoto e os criadores da bitcoin já tinham uma visão anti-establishment. Para outros, trata-se de uma provocação.

Nakamoto odiava a ideia de instituições financeiras grandes demais para falir e queria que o bitcoin fosse diferente a esse respeito. A maioria das pessoas pensa que a referência de Nakamoto ao artigo no código do Gênesis Block foi uma dica de como o BTC é diferente dos grandes bancos de investimento que precisaram de resgates do governo em 2008.

O fato é que colocar a frase foi equivalente a “tirar a foto atual com a capa do jornal do dia” que o criador do bitcoin encontrou. Uma forma de mostrar como a transação havia sido feita naquele momento. Atualmente, a página de jornal de papel se tornou artigo de luxo para colecionadores, sendo vendida por no mínimo US$ 10 mil no eBay.  

Bitcoin histórico

O bloco foi o resultado prático do whitepaper que o misterioso Nakamoto lançou em 2008, quando definiu o que era a bitcoin e como a criptomoeda poderia ser minerada. Foi também um exemplo de que o protocolo Proof of Work funciona em uma blockchain.

No documento, havia a definição de que os mineradores poderiam ser pagos para produzir o hash do bloco atual. Ele previu que a moeda acabaria, então definiu que a recompensa da mineração seria metade de um determinado tempo. Ele começou com uma enorme recompensa de 50 BTC, que recentemente foi fixada em 6,25 BTC.

O bloco gênese, dessa forma, deu início ao negócio da mineração de criptomoedas. Ao contrário da grande maioria dos blocos de bitcoin extraídos hoje, o bloco de gênese quase certamente foi extraído por um computador, usando sua unidade central de processamento (CPU). O primeiro bloco tinha apenas uma dificuldade de 1, o que significa que provavelmente foi extraído praticamente instantaneamente. Comparativamente, a dificuldade de mineração de blocos está agora em 21,4 trilhões (e crescendo) – o que exige hardware de mineração altamente especializado conhecido como ‘ASIC’ para permanecer competitivo.

Você sabia que a real identidade do criador do bitcoin é um dos maiores enigmas do mercado cripto? Continue a leitura para saber mais sobre Satoshi Nakamoto e os mistérios sobre o criador desse sistema revolucionário.


Tags