Ecossistema crypto vê stablecoins como porta de entrada para mercado

Painelistas do Fórum Blockmaster 2019 ressaltaram as características que fazem das stablecoins um importante instrumento dentro do mercado blockchain

Redação  /  30 de agosto de 2019
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Para que servem as stablecoins? Elas são uma porta de entrada para as finanças descentralizadas. Essa foi a avaliação dos painelistas que participaram do painel sobre stablecoins no Fórum Blockmaster 2019 nesta quinta-feira (29/8) em São Paulo.

O head de Investimentos da Transfero Swiss, Carlos Russo, defendeu a ideia de uma criptomoeda pareada ao real, como é o caso do BRZ. Ele citou como exemplo o acesso de um investidor aos tokens de precatórios que estão sendo negociados pelo Mercado Bitcoin. “Faz mais sentido negociá-los contra uma stablecoin pareada ao real do que contra o bitcoin”, ponderou.

Carlos Russo acredita que não seria viável um token pareado a outra moeda no Brasil. “O regulador brasileiro não ia permitir uma stablecoin pareada em outra moeda aqui porque o Banco Central perderia a capacidade de fazer política monetária com ela”, afirmou.

Sem citar nominalmente o BRZ, a diretora de Desenvolvimento de Negócios da Maker, Nadia Alvarez, foi na mesma linha. Ela disse que ter uma stablecoin pareada a uma moeda nacional viabiliza o mercado secundário dessa criptomoeda naquele país e serviços financeiros atrelados a ela. A Maker tem uma stablecoin pareada ao dólar, a DAI, mas não descarta num segundo momento ter stablecoins pareadas a outras moedas fiat.

Para que servem as stablecoins em debate

Os painelistas discutiram sobre os modelos de stablecoins existentes no mercado. Basicamente, hoje existem três soluções para viabilizar uma stablecoin. A primeira é uma stablecoin privada, como no caso do BRZ, com um colateral depositado em banco. A segunda é o uso da solução TrustToken como uma forma de garantir o colateral sem a necessidade de um banco. E a terceira é a solução adotada pela Maker em que o colateral é em crypto, atualmente em ether, mas futuramente em bitcoin.

stablecoins em debate
Os participantes do painel comentaram também sobre ter stablecoins emitidas pelos bancos centrais. O sentimento é que, se isso se concretizasse, haveria uma concorrência entre essas instituições ao redor do mundo que, teoricamente, seria benéfica para os consumidores.

A executiva da Maker, no entanto, disse que aposta num sistema totalmente descentralizado sem bancos centrais e sem auditores externos. Ao contrário, os auditores são os próprios usuários do sistema. “Não queremos ter nenhum ponto de contato com os bancos centrais”, avalia Nadia.

Stablecoins preservam capital e protegem investidor

Os painelistas também abordaram a característica das stablecoins de preservar capital e proteger o investidor da volatilidade do bitcoin ao acessar o mercado de criptomoedas. Esse é, aliás, um dos principais argumentos de venda do BRZ, agora corroborados pelo mercado.