Peru: inflação e instabilidade política aceleram uso de criptoativos

Em meio a problemas políticos e elevação dos índices inflacionários, a população peruana passou a usar criptoativos como forma de preservar seu capital

Por Redação  /  15 de setembro de 2022
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A turbulência política e a elevação da inflação no Peru, desde o ano passado, levaram muitas pessoas a adotarem os criptoativos como reserva de valor.

Na avaliação de Álvaro Castro Lora, advogado especializado em regulamentação de criptomoedas e fundador da Blockchain Association do Peru, a situação econômica do país, a desvalorização da moeda local (sol peruano) e a instabilidade do governo são os elementos que estão levando ao crescente interesse por cripto. 

“Alguns começaram a investir em criptoativos precisamente porque sua descentralização é uma força contra a intervenção estatal”, disse ele ao CoinDesk.

População usa cripto como reserva de valor

Pedro Castillo, o atual presidente do Peru, assumiu o cargo há um ano e já sofreu duas tentativas de impeachment. Além disso, ele foi expulso de seu próprio partido, o Peru Libre, em julho, e atualmente enfrenta investigações por suposta corrupção.

Desde que assumiu o cargo, Castillo fez 50 mudanças de gabinete, sendo que o seu primeiro-ministro renunciou no início de agosto.

Segundo Lora, quando Castillo assumiu o cargo, os peruanos temiam que o novo governo impusesse restrições cambiais, controles de capital ou causasse desvalorização da moeda. 

Esse temor levou os mais ricos a sacarem o dinheiro do seu país. “Mas as pessoas que não podem, que não têm economias suficientes, começaram a considerar as criptomoedas como uma reserva alternativa de valor”, disse. 

De fato, a Buda.com, uma exchange de criptomoedas de origem chilena com operações no Peru desde 2017 e mais de 500 mil usuários locais, registrou um “crescimento exponencial” de adoção de criptomoedas em 2021. O volume anual de negociação passou de US$ 19.500 em 2020 para mais de US$ 74 milhões em 2021, atingindo US$ 22 milhões em volume até o final de agosto deste ano.

Stablecoins em alta

Além da Buda.com, as plataformas argentinas Buenbit e Let’s Bit também iniciaram operações no Peru em 2021, enquanto a espanhola Bit2Me entrou no país com a aquisição da exchange local Fluyez, em julho deste ano.

A Buenbit, com mais de 700 mil usuários, observou forte adoção de stablecoins – cerca de 90% do volume de negociação de moeda fiduciária na plataforma são trocados por stablecoins. A empresa foi a primeira exchange a adicionar uma stablecoin atrelada ao sol peruano, chamada nuPen e desenvolvida em parceria com a Num Finance, uma empresa de criptomoedas que também criou a nuARS, uma stablecoin atrelada ao peso argentino, que opera na blockchain da Binance.

O uso de stablecoins atreladas ao dólar americano no Peru também cresceu no ano passado. Até agosto de 2022, a Buda.com registrou US$ 1,4 milhão em transações da USDC. Em 2021, o volume total foi de US$ 945 mil.


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