ETF de bitcoin: o que é e como funciona esse fundo de investimento?

Criptomoedas são usadas para compor cesta de ativos de fundos que são negociados pela bolsa de valores

Por Paulo Carvalho  /  15 de setembro de 2023
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A grande valorização do bitcoin no final de 2020 impulsionou a corrida pela adoção no mercado financeiro em 2021, com a chegada dos produtos de cripto nas bolsas. Os ETFs de bitcoin com exposição em criptomoedas representam uma integração do mercado cripto com o mercado financeiro tradicional.

O Brasil e o Canadá foram os primeiros países a aprovarem os primeiros ETFs de criptoativos do mundo. A resposta do mercado financeiro foi a grande adoção desses ETFs, então, além da tradicional compra e venda de criptomoedas em exchanges, é possível negociar ativos digitais como o bitcoin (BTC) diretamente na bolsa de valores por meio de fundos de investimento chamados de ETF.

Confira como um ETF de bitcoin funciona e se vale a pena fazer esse investimento. 

O que é um ETF?

A sigla ETF é abreviação para o termo Exchange Traded Fund ou troca de fundo comercial na tradução em português. Sendo assim, ETF significa um fundo de índice negociado em bolsa de valores.

Os principais ativos usados em ETFs são:

  • Ações;
  • Índices de mercado;
  • Moedas;
  • Commodities;
  • Criptomoedas;
  • Títulos de renda fixa e variável.

Então, assim como outros ativos negociados no mercado financeiro tradicional, o bitcoin pode ser usado para compor um fundo de investimento ETF. Além disso, é possível formar uma cesta de ativos juntando ações e criptomoedas em um único fundo.

Então, os fundos de investimentos com criptomoedas podem apresentar exposição 100% a um ativo digital ou ser mista de ativos com renda física e títulos de dívida.

ETF de bitcoin e do mercado cripto

Os ETFs permitem que criptomoedas sejam negociadas no mercado financeiro tradicional por meio da Bolsa de Valores. Dessa forma, os fundos de investimentos são uma alternativa de compra de ativos digitais como o bitcoin.

As ilhas Bermudas teve a primeira listagem de ETF de criptoativos, mas não há um consenso sobre qual país foi o primeiro a aprovar um ETF de bitcoin, se foi o Brasil ou o Canadá. Em fevereiro de 2021, ambos os países começaram a negociar ETFs com exposição a criptoativos em suas bolsas financeiras, a B3 e a TSX.

No Canadá, o fundo Purpose Bitcoin ETF (BTCC) foi apresentado pela empresa Purpose Investments. Enquanto na bolsa de valores brasileiras, o primeiro ETF com criptoativos aprovado pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) para ser negociado na B3, foi o Hashdex Nasdaq Crypto Index (HASH11). 

Além do bitcoin, o fundo de índice da Hashdex representa uma cesta com exposição em outras moedas digitais como: ether (ETH), litecoin (LTC), chainlink (LINK), bitcoin cash (BCH), uniswap (UNI), stellar (XLM) e filecoin (FIL).

Então, assim como está sendo no mercado de tokenização, o Brasil foi um dos pioneiros na negociação de produtos regulados baseados em criptoativos na bolsa de valores.

Como funciona um ETF do mercado cripto? 

O ETF de bitcoin replica um índice baseado no preço da criptomoeda à vista ou baseado em um preço futuro. Como criptomoedas não são classificadas como ações, os investidores não recebem dividendos de um ETF. A regra também vale para fundos de investimentos com ativos na cesta que geram dividendos, como ações.

Assim, cada ETF possui suas especificidades e sua cesta de ativos, podendo ter características técnicas, como:

  • Emissão: o código de um ETF possui o nome do fundo acrescido de outros dados, como as cotas do fundo. O valor de cada cota é expresso em reais com duas casas decimais, no caso de ETFs negociados na bolsa de valores brasileira.
  • Liquidação: a liquidação de um ETF pode acontecer de forma física e/ou financeira. Diferentemente das criptomoedas negociadas em exchanges, uma operação em um fundo cripto pode demorar cerca de dois dias úteis.
  • Mercado: o mercado de um ETF pode ser estabelecido pelo preço usado como índice pelo fundo de investimento. No caso do bitcoin, podem existir índices que se baseiam no preço à vista da criptomoeda ou na cotação futura do ativo digital.

O processo de aprovação de uma ETF

Enquanto alguns países oferecem negociar moedas digitais através de ETFs desde 2021, o primeiro fundo de índice que considera o preço à vista do bitcoin foi aprovado apenas no início de 2024 nos EUA. Se aprovação em 2021 já é considerada tardia, então a dos EUA é mais tardia ainda.

A negociação de ETF depende da aprovação do órgão do respectivo país, por exemplo, no Brasil é a CVM, nos EUA é a SEC. Assim, a regulação é variável conforme o local.

Segundo Bernardo Srur, presidente diretor da ABCripto, a CVM é um dos órgãos reguladores mais flexíveis e desenvolvidas do mundo, sendo o Drex um exemplo desse posicionamento. Além disso, ele aponta que nos EUA há radicais a favor e contra criptomoedas, por isso, a SEC demonstrou resistências e demorou a aprovar o ETF, o que parece ter sido feito apenas pela pressão:

“A SEC foi “aprovada” a força, tanto que emitiram um documento falando sobre volatilidade. (…) No Brasil temos a situação de incluir, enquanto nos EUA tem de guerra ‘eu vou aprovar via fórcepes (…) e eu preciso aprovar’”.

O primeiro ETF de bitcoin aprovado nos Estados Unidos foi o BITO. Negociado na bolsa de Nova York, o preço do fundo de índice é atrelado a valor futuro e foi apresentado pela ProShares.

etf de bitcoin
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A importância da aprovação do ETF de bitcoin

Os fundos ETFs são uma forma de investimento alternativa em criptomoedas. Com isso, facilita a entrada de novos investidores no mercado cripto, já que não há a necessidade de criar uma infraestrutura para a oferta desse ativo, segundo o CEO da eToro, Yoni Assia.

Além de pessoas físicas, também passa ser uma alternativa para outros grupos de investidores, como os que acreditam em cripto, mas não sabem muito sobre, e também empresas. Com essa ampliação da posse de ETFs de criptomoedas, Bernardo Srur acredita que se cria o pensamento “se empresas estão entrando, é bom para mim, então, também vou entrar”.

Esses pontos refletem em:

Crescimento do mercado cripto

A oferta de ETFs de bitcoin com índice de preço à vista deve impactar na negociação do BTC e de outras criptomoedas no mercado cripto. Portanto, espera-se um crescimento no volume de negociação e da capitalização de todo o setor.

De acordo com o CEO da Grayscale, Michael Sonnenshein, um dos fatores que vão aumentar o volume de negociação é que assessores de investimentos vão oferecer investimentos em criptomoedas por meio de ETFs.

Outro ponto é que a aprovação do EFT facilita o acesso a cripo, tanto por promover mais segurança quanto por incentivar outros países a seguirem a aprovação deste tipo de investimento. Por exemplo, Hong Kong abriu um ETF poucos meses depois da aprovação da SEC nos EUA. 

Um relatório da NYDIG sobre o impacto da aprovação de um ETF de bitcoin à vista nos EUA previu um incremento de US$ 30 bilhões no mercado cripto. A pesquisa considerou desde a reputação das gestoras como a BlackRock até a facilidade de investimento na criptomoeda que um fundo de investimento desse tipo representa. Assim, conclui que a aprovação do ETF de bitcoin aumenta os investimentos em criptomoedas.

Aumento da adoção do BTC por investidores institucionais

A oferta desse tipo de fundo pode aumentar o número de investidores de criptomoedas também por parte das empresas. Uma pesquisa realizada pela Nickel Digital Asset Management em 2023 mostrou que 74% das empresas esperavam aumentar seus investimentos em criptomoedas.

Assim, a aprovação de ETFs impulsiona a adoção de cripto entre investidores do mercado financeiro tradicional, afinal, o fundo de investimento representa uma ponte entre a bolsa de valores e o mercado cripto.

No Brasil aconteceu esse importante crescimento de investidores institucionais desde que a regulação cripto foi assinada no país no final de 2022. O número de CNPJs que investem em criptomoedas saltou de 65 mil para quase 90 mil empresas segundo dados de 2023 da Receita Federal. Um exemplo de empresa que comprou ETFs de criptomoedas foi o Banco do Brasil.

Quais tipos de ETFs existem de mercado cripto? 

Existem várias categorias de ETFs de criptoativos, atendendo a diferentes estratégias de investimento e níveis de exposição ao risco. Alguns deles focam em contratos futuros de bitcoin, enquanto outros investem em empresas que operam com a tecnologia blockchain. A seleção criteriosa de um ETF pode fornecer exposição diversificada ao mercado, minimizando riscos e maximizando potenciais retornos.

  • ETF de bitcoin;
  • ETFde ethereum;
  • ETF de blockchain;
  • ETF de web 3.0;
  • ETF DeFi.

Como comprar ETF de bitcoin e outras criptomoedas? 

A negociação do ETF spot de bitcoin pode ser através da bolsa de valores ou corretoras. Então, o investimento deve começa com uma pesquisa detalhada sobre os ETFs disponíveis. Em seguida, é necessário abrir uma conta em uma corretora.

Com a conta pronta, o investidor pode adquirir cotas dos ETFs escolhidos semelhantemente à compra de ações convencionais. O processo de compra e venda é direto, mas deve-se estar atento às taxas e aos regulamentos do mercado.

Entenda o passo a passo de como investir em fundos ETFs de bitcoin!