O que é metaverso? Saiba como funciona e como investir

Certamente, você já ouviu falar em metaverso e suas aplicações. Mas, o que exatamente isso significa, para que serve e como investir?

Redação  /  12 de janeiro de 2022
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Em 2021, os tokens relacionados ao metaverso começaram a se destacar no universo cripto e tiveram valorização impressionante. Parte do impulso veio dos jogos play-to-earn (nos quais o gamer ganha para jogar), mas outras aplicações se destacaram, nas mais diversas áreas: arte, medicina, venda de terrenos virtuais e identidade digital são apenas alguns dos principais exemplos.

O termo (e conceito) do metaverso já havia sido utilizado antes em algumas obras de ficção como no livro “Snow Crash”. Publicado em 1992, a história conta a vida de uma pessoa comum, um entregador de pizza que assume no metaverso a identidade de um samurai.

No entanto, o conceito ganhou força e visibilidade com o novo posicionamento e mudança de nome do Facebook para Meta. A rede social, que investiu US$ 50 milhões neste novo segmento planeja testar universos digitais e desenvolver aplicações de multiverso entre 2031 e 2036.

Outro fator que acelerou o conceito de metaverso foi a Pandemia. Com a necessidade de isolamento social, as aplicações de realidade virtual foram ampliadas. No universo corporativo, as reuniões (nas quais é possível interagir com os demais participantes e inclusive caminhar lado a lado em ambientes virtuais) foram a principal novidade, mas não a única.

Mas, você sabe exatamente o que é metaverso? Neste post vamos esclarecer todas as suas dúvidas sobre o tema, incluindo detalhes sobre como investir neste mercado –  que promete ser promissor.

O que é metaverso?

Uma mistura de realidade aumentada, realidade virtual e comunidade digital, o metaverso é visto como a próxima iteração da internet. Onde a web se torna um espaço onde todos estão imersos e interagindo, não apenas um lugar onde as pessoas veem e clicam.

Essas são as três características principais do metaverso:

  • senso de imersão;
  • interatividade em tempo real;
  • agência do usuário.

Sendo assim, o termo metaverso remete a uma nova camada capaz de integrar o mundo real ao digital por meio de tecnologias como realidade virtual ou aumentada (3D), podendo também utilizar hologramas. Assim, as pessoas conseguem uma experiência imersiva nas plataformas online.

No entanto, não é uma forma de replicar a vida real offline, e sim de aumentar o que conhecemos por virtual. É como se o mundo digital fosse incorporado ao mundo físico em uma única espacialidade conectada. Com isso, se cria uma nova forma para não só as pessoas interagirem entre si, como também para as marcas interagirem com as pessoas.

metaverso
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O que é possível fazer no metaverso?

Embora o grande destaque seja o universo dos games, as possibilidades são inúmeras e a tecnologia vai muito além ao fornecer alternativas para problemas do mundo físico. O metaverso é uma solução que está sendo adotada nos mais diversos segmentos, desde o Meta (antigo Facebook) até as mais diferentes ferramentas como a plataforma Earthly.

Enquanto a primeira oferece interação no ambiente virtual, a segunda possibilita que organizações interajam com o ecossistema no qual estão inseridas e visualizem alternativas para quantificar a redução ou compensação de emissões de carbono.

Há indústrias de vários segmentos que utilizam o recurso para ganhar eficiência e reduzir custos. Um exemplo é o setor automotivo, que durante a pandemia adotou os protótipos virtuais para o desenvolvimento  de projetos no chão de fábrica.

Confira outros exemplos de como o metaverso está presente em diversos setores e atividades do dia a dia:

Arte

No ambiente artístico, os NFTs também se destacaram, especialmente pelo fato de garantirem a autenticidade das obras e a exclusividade da propriedade. Para os artistas, isso representa uma grande revolução, uma vez que não é mais necessário ter um intermediário para a comercialização de suas obras.

Além disso, as artes podem ser replicadas inúmeras vezes, mas a original está preservada e a sua autenticidade garantida por smart contract – aliás, na visão de alguns artistas, quanto mais cópias, melhor, pois a obra se torna mais conhecida e, portanto, mais valorizada.

Games

Na área de games o metaverso encontra grande força, pois, o usuário tem experiências mais reais nos jogos, o que aumenta sua motivação e engajamento. Quem já esteve em um parque temático como a Disney ou a Universal, certamente experienciou atrações que envolvem simuladores que usam tecnologia como realidade virtual e simuladores em 3D.

Também surgiram projetos de games, como o Second Life, de 2003, que simula um ambiente de vida real. No entanto, embora o jogo tenha atraído milhares de gamers, não conseguiu criar uma economia digital. Depois dele, surgiram outros jogos, como Roblox, Fortnite e Minecraft, com várias características que podem viabilizar a rentabilidade – no Fortnite, por exemplo, a cantora norte-americana Ariana Grande realizou um show disponível apenas para os usuários.

Os jogos online em que o metaverso está cada vez mais presente tem o objetivo de proporcionar ao jogador a melhor experiência de imersão. Outro ponto é que os itens necessários para os games (armas, ferramentas, vestimentas, entre outros) são tokens não-fungíveis (NFTs). Com isso, prometem boas alternativas de investimento com tokens como GALA, The Sandbox (SAND) e o Axie Infinity (AXS).

Educação e trabalho

Em outras áreas, como na educação, o metaverso permite simulações de ambientes ou laboratórios, permitindo que o aluno tenha vivências reais de sua experiência. Outro exemplo é no mundo corporativo, onde vários usos são possíveis. Desde reuniões com interação pessoal/ virtual entre os participantes, até treinamentos mais especializados podem ser feitos à distância.

E-commerce

Em e-commerces, a ideia é melhorar a experiência dos clientes, que podem experimentar roupas, acessórios ou equipamentos de forma virtual e totalmente remota. Além disso, assim como na indústria automotiva, é uma solução promissora para a gestão de armazéns logísticos.

Medicina

Imagine alunos de medicina aprendendo sobre o corpo humano sem precisar de corpos reais para aprender e cirurgias à distância. A medicina é um dos segmentos com maior potencial para o uso das novas tecnologias de realidade estendida.

São inúmeras possibilidades: sobrepor em holografia dados personalizados do paciente, consultar imagens 3D em videotecas, simular procedimentos e visualizar detalhes do corpo humano, avaliar exames de imagem com alta resolução ou tornar procedimentos invasivos muito mais programáveis. Com isso, a perspectiva é de avanço nas soluções de medicina preventiva e preditiva.

“Usar a realidade aumentada na sala de cirurgia é como ter um navegador GPS na frente dos olhos, pois não precisamos olhar para uma tela separada para ver a tomografia computadorizada do paciente”, exemplificou Timothy Witham, diretor do Laboratório de Fusão Espinhal e professor de neurocirurgia na Johns Hopkins University School of Medicine, um dos pioneiros a usar a realidade aumentada em um procedimento cirúrgico (em junho de 2020).

Alguns hospitais brasileiros já usam determinadas aplicações, seja para tranquilizar pacientes (especialmente crianças) ou fazer planejamento cirúrgico de procedimentos sob comando de voz. 

Mercado imobiliário

Nos mundos virtuais é possível interagir com outras pessoas, por meio de avatares, conhecer edifícios e fazer negócios, experiências que procuram simular as interações do mercado imobiliário tradicional. Entre novembro e dezembro de 2021, a venda de terrenos virtuais e outras propriedades, como iates de luxo digitais movimentou em uma semana US$ 106 milhões.

Nos terrenos do metaverso é possível construir um imóvel e alugar unidades para terceiros, obtendo renda com isso. Um terreno em Decentraland foi vendido por US$ 2,4 milhões e uma propriedade em The Sandbox, um ambiente de jogos online, foi comercializada por US$ 4,3 milhões.

Como investir no metaverso?

Em agosto de 2021, a NVIDIA anunciou o Omniverse, plataforma colaborativa online para designers, artistas e outros profissionais construirem metaversos juntos. Entretanto, a popularização do metaverso começou após a decisão do Facebook de mudar para Meta em outubro de 2021.

Após isso, outras empresas anunciaram iniciativas na área. A Microsoft criou o Mesh, plataforma de reuniões com hologramas, e também avatares 3D para o Teams, a ferramenta de comunicação da marca.

A Nike criou a Nikeland, uma plataforma dentro do game Roblox. Em dezembro, a multinacional americana adquiriu uma startup especializada em NFTs de moda. Até o Banco do Brasil aderiu à tendência e promoveu uma experiência no jogo GTA, onde o jogador pôde abrir uma conta para o personagem.

Com isso, existem várias oportunidades para investir neste novo mercado, por exemplo:

  • Terrenos virtuais que podem ser valorizados por meio de aluguel ou venda. É possível construir um imóvel na área virtual e capitatizá-lo de diversas maneiras, à semelhança do mundo físico;
  • Comprando tokens dos principais games relacionados ao metaverso, que ganham valor conforme o projeto desperta interesse entre seus usuários;
  • Investindo em tokens diversos do metaverso – vale lembrar que roupas, objetos, veículos, objetos colecionáveis, obras de arte, entre outros, podem ser tokenizados;
  • Investindo em ações de empresas que apostam em soluções e funcionalidades do metaverso, tais como as do Facebook/Meta;
  • Por meio de fundos de ETF dedicados a este fim, como o Roundhill Ball Metaverse ETF, que foi lançado recentemente, em junho de 2021, indexado pelo Ball Metaverse.

Em um relatório sobre o metaverso lançado em 2021, a empresa de gestão de criptoativos Grayscale estimou que o metaverso é “uma oportunidade de receita de US$ 1 trilhão”.

NFTs como fonte de renda no metaverso

No universo dos games do metaverso, cada item é único. Então, diferentemente dos jogos tradicionais, apenas um jogador terá o avatar, personagem, armas e/ou roupas. Isso aumenta o valor e a disputado entre os demais jogadores.

Esse foi o conceito que fez com que jogos play-to-earn se tornassem uma fonte de renda para muitas pessoas. Quem tem o item, tem valor. E, para assegurar a originalidade e autenticidade deste item, os tokes não fungíveis (NFTs) foram necessários.

“Cada vez mais, as aplicações do metaverso se confundem com o mundo real. Seja por meio de games, cujos investimentos ultrapassam bilhões de dólares, seja em função de outras aplicações, como saúde e educação, as novas ferramentas passaram a ter valor econômico e social”, disse Felipe Sant’Ana, cofundador da Paradigma Education durante evento promovido pela ABFintechs.

Segundo ele, a tendência para o metaverso é de que cada vez mais as simulações fiquem próximas à realidade, sendo difíceis de dissociar. “Temos, pela frente, um horizonte novo de modelos de negócio e formas de criar conteúdos online, que antes não eram possíveis ou factíveis”, comentou. A criatividade para novas soluções será o limite.

Terreno virtual como oportunidade de investimento

Além dos terrenos, o metaverso permite a construção de casas virtuais com mobília e decoração, shoppings (nos quais podem ser feitas vendas de itens reais) e até órgãos públicos. Por exemplo, Barbados anunciou uma embaixada virtual em Decentraland.

As negociações envolvem tokens não fungíveis (NFTs) como garantia da exclusividade e autenticidade da propriedade.

Vale a pena investir? Relatório aponta mercado de US$ 5 trilhões até 2023

O metaverso tem potencial de criar valor de até US$ 5 trilhões à economia mundial até 2030 segundo relatório da consultoria McKinsey que analisa os impactos financeiros e sociais da introdução e massificação da nova tecnologia no mundo.

Uma parte da explicação da McKinsey reside no fato de que o metaverso tem potencial de viabilizar novos modelos de negócios, produtos e serviços, além de atuar como anal de engajamento para negócios bussines-to-consumer (B2C) e business-to-business (B2B). Os impactos diferem conforme a indústria.

“As aplicações de metaverso criadas na Web 3.0. se beneficiam de maior permanência, funcionalidade e interoperabilidade do que as experiências tradicionais de realidade virtual na Web 2.0”, explica a McKinsey. Ou seja, os ativos digitais e o blockchain são componentes centrais para o design do metaverso fluir.