O analista crypto Nathaniel Whittemore publicou um artigo no site Token Economy elencando as diversas narrativas que povoam o mercado crypto. Para ele, reconhecer que existem diferentes narrativas não tira suas legitimidades. No entanto, reduz a influência de uma ou outra nas decisões a serem tomadas pelo investidor. Além disso, para ele, reconhecer as diferentes narrativas é especialmente importante no atual bear market. Ele dividiu as narrativas em Crypto Winter (pessimistas) e Invencible Summer (otimistras)
Narrativas Crypto Winter
1. Avaliação dos ICOs
Mesmo quando os preços das criptomoedas davam sinais de baixa no início de janeiro do ano passado, os ICOs se multiplicaram freneticamente. Mas no último trimestre do ano, um aperto na fiscalização e algumas multas contra alguns poucos projetos acenderam o sinal amarelo da indústria. A partir daí, surgiu a narrativa do fim dos ICOs. Sendo assim, o temor criado seria de que os reguladores iriam acabar com todos os projetos.
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2. Pessimismo competitivo
Nessa narrativa, os analistas do mercado crypto tentam serem um mais espertos do que os outros. Eles fazem isso ao prever cenários mais catastróficos do que os traçados pelo seu antecessor. Vale dizer que essa não é uma característica exclusiva do mercado crypto.
3. Reembolsos nos ICOs
Alguns acordos com a SEC que resultaram em registro de tokens como securities e reembolso a investidores logo deram margem à interpretação de que os reembolsos se tornariam comuns na indústria. Por isso, investidores que teriam perdido muito dinheiro como criptomoedas logo iriam cobrar os recursos aplicados.
4. Saques dos fundos
Centenas de hedge funds surgiram com o bull market de 2017. No entanto, somente uns poucos estão tentando se adaptar ao novo momento do mercado. Diferente do capital de risco, esses fundos tem uma visão de curto prazo. Então, o anúncio de que alguns deles estariam sacando seus investimentos em criptomoedas gerou especulações em torno de qual seria o impacto nos preços dos ativos. Por exemplo, alguns deles, nem retornariam ao mercado.
5. Futility tokens
A maior parte dos ICOs teve como premissa a ideia de utility tokens – em outras palavras tokens que tinham um valor na plataforma em que eles eram usados. Depois que a SEC deixou claro que alguns tokens estavam sendo registrados equivocadamente como utility tokens – e na verdade eram ativos mobiliários não registrados -, começaram a surgir especulações de que alguns deles iriam se antecipar a ação da SEC e tentar mudar seu desenho, aceitando a desginação de ativos mobiliários. Desde que surgiram essas especulações, o que se viu foi, de fato, alguns tokens tentando essa estratégia.
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6. Destokenização
Há uma narrativa crescente em torno de que forks estariam sendo feitos para remover os tokens de pagamento que só existem para justificar a captação de recursos em nome de melhores experiências do usuário. De forma geral, estão surgindo serviços que oferecem proposições de valor semelhantes sem tokens nativos.
7. Demissões
Para alguns observadores, o verdadeiro bear market serão as demissões na indústria crypto. A Consensys, por exemplo, anunciou a demissão de 13% de sua equipe. Agora que o processo começou, parece que está longe de terminar.
8. Manipulações das exchanges
Uma das narrativas com relação às exchanges é a prática de wash trade (negociações apenas para gerar volume) e volumes falsos. Nesse sentido, surgiram alguns artigos falando sobre essas práticas. No entanto, é inegável que o regulador norte-americano está de olho nas exchanges.
9. Questionamento de métricas
O market cap dos criptoativos está sofrendo forte ataque da indústria como principal métrica. No último trimestre de 2018 surgiram novas métricas, como capitalização realizada e proporção entre valor de mercado e valor realizado.
10. Ceticismo quanto às exchanges descentralizadas (DEX)
As DEX eram vistas como uma alternativa ao poder das exchanges tradicionais. No entanto, após a SEC ter investigado a EtherDelta, todas as DEX começaram a adotar medidas de compliance. Em particular, o anúncio da Shapeshift de medidas nessa direção convenceu o mercado de que não haveria, de fato, exchanges descentralizadas. Mas sim exchanges que não fazem custódia de ativos.
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11. Incertezas no Tether e stablecoin mania
Os últimos três meses de 2018 trouxeram a narrativa das incertezas em relação ao Theter. Muitos se questionam se esses boatos não foram espalhados por investidores de moedas alternativas que querem que a tether fracasse para que outros ativos pudessem se beneficiar. No entanto, o lugar das stablecoins continua sendo uma questão em aberto. Enquanto alguns argumentam que elas são uma solução melhor para os problemas do mundo cripto, outros querem moedas digitais puras.
12. Espirais da morte por dias
A narrativa da “espiral da morte” é o ciclo de retroalimentação que ocorre quando preços reduzidos levam os agentes a retirar seus recursos. Entre os exemplos citados estão liquidações da ethereum, mineradores de bitcoin desligando equipamentos e produtores de blocos EOS retirando recursos da rede. Com isso, estaria aumentando a centralização no registro de blocos na blockchain.
13. Poder estatal cripto
Governos nacionais estão tentando capturar as criptomoedas para terem poder sobre elas e sobre seus cidadãos. O analista cita a Venezuela como um exemplo de poder estatal. E que o Petro nada mais é do que uma ferramenta de controle e opressão. Por outro lado, a China estaria considerando emitir a sua própria criptomoeda, o que seria uma oportunidade para vigilância do cidadão.
Narativas Invincible Summer
1. Tecnologia de privacidade
Começam a surgir atualizações em wallets e algumas plataformas para tornar as transações totalmente anônimas. Esse deverá ser um assunto que virá fortemente à tona no ano de 2019.
2.Interesse sustentável dos desenvolvedores
Parece estar aumentando o interesse de desenvolvedores no mercado de criptomoedas.
3. Mineração generalizada
Uma das narrativas emergentes mais claras dos últimos meses tem sido em torno da ideia da mineração generalizada. A ideia é que as redes de criptomoedas criam demanda por uma variedade de novos tipos de participação e construção de redes, desde a mineração até a estacagem e a execução de nós. Essas atividades representam modos de participação que são necessários para que as redes descentralizadas funcionem de maneira segura e, ao mesmo tempo, representem oportunidades para a criação de valor.
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4.Nodes plug and play
Há uma grande narrativa em torno da simplificação de como as pessoas participam das atividades de construção de redes. Tanto equipamentos de mineração que podem ser ligados rapidamente quanto novos softwares estão executando essas tarefas. Ou seja, esses equipamentos e sistemas reduzem a barreira de entrada para participação das redes crypto
5. Usabilidade e UX
Há uma crença de que para a adoção em massa das criptomoedas, os usuários precisam ter experiências compatíveis com a qualidade dos aplicativos centralizados.
6. Distribuição além das vendas
À medida que os dias dos ICOs vão ficar mais raros, os projetos estão adotando a diferentes abordagens para a distribuição e construção de redes igualitárias que envolvem recompensar as pessoas pelo trabalho e participação.
7. Open finance
O protocolo Open Finance tem sido alvo de muitos debates pela comunidade bitcoin, como uma tentativa de deslocar o Ethereum para longe dos ICOs. Por outro lado, não há como negar que há uma atividade séria e interessante acontecendo em torno de áreas como empréstimos garantidos por criptomoedas.
8.Governança
Diversos sistemas de governança estão entrando em operação. À medida que isso acontece, o mercado tem a chance de avaliar o real valor da governança nos seus negócios
9.Institucionalização
A narrativa da institucionalização tem estado em baixa. As perspectivas do Bitcoin ETF parecem mais distantes. E alguns estão céticos na influência dele no valor do bitcoin. Ao mesmo tempo, é inegável que 2019 será interessante em termos de envolvimento institucional. Até pelas diversas iniciativas que já foram anunciadas até o momento (Bakkt, Yale, Harvard, etc). O mais interessante será ver a resposta do mercado.
10. Crypto anti-autoritário
O exemplo mais óbvio dessa narrativa vem dos esforços em torno da Venezuela. A AirTm e Coinbase estão anunciando distribuição de cryptos no país. O intuito é dar às famílias venezuelanas uma alternativa a inflacionária moeda local.
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