Mesas de OTC de criptoativos veem crescimento no segmento

Importante área do mercado de criptoativos tem como clientes grandes investidores provenientes do mercado tradicional

Por Redação  /  2 de dezembro de 2020
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De janeiro a setembro de 2020, as exchanges que operam no Brasil informaram à Receita Federal a movimentação de nada menos R$ 33 bilhões. Parte desse número é referente à atividade de OTC de criptoativos. Essa é a sigla em inglês para over-the-counter ou mercado de balcão, na qual as exchanges, por meio de mesas de operação, lidam com a compra e venda de grandes volumes de criptomoedas.

No Brasil, segundo levantamento feito pelo PanoramaCrypto, há pelo menos nove grande empresas com mesas de operação OTC: Transfero, Foxbit, Novadax, Escher, Nox, Red River, BitBlue, BitPreço e OWS . Além disso, as principais exchanges têm áreas de OTC, mesmo que não tenham o negócio como foco.

Na Foxbit, o OTC representa 40% do faturamento

A clientela das mesas de OTC é diversa: investidores qualificados, empresas de intermediação de ativos, exchanges e outras empresas do mercado de criptoativos. 

“São investidores buscando diversificação, muitas vezes saindo do mercado tradicional dando baixa em aplicações financeiras em bancos e corretoras tradicionais, vindo para adquirir seu primeiro bitcoin. Esse perfil de cliente prefere o OTC, que mesmo tendo mínimo de compra de 1 bitcoin, oferece um gerente de contas que pode falar com o cliente pelo WhatsApp. Diferente da exchange, em que o cliente final faz tudo sozinho, o OTC oferece um contato pessoal no atendimento da demanda e trabalha com qualquer criptomoeda que o cliente desejar montando portfólios completos”, afirma o CEO da Foxbit, João Canhada, que revela que o mercado representa 40% do faturamento da empresa.

Novadax vai lançar plataforma automatizada de OTC de criptoativos

A Novadax, exchange que não tem como foco o OTC, também oferta essa opção para clientes aprovados em seu compliance e que desejam negociar maiores volumes de criptoativos. A empresa está desenvolvendo uma plataforma automatizada voltada para o OTC, a ser lançada em breve. “A ideia é garantir liquidez para esse público, com a mesma segurança e eficiência que encontra ao negociar através do book da exchange”, afirma o diretor de Desenvolvimento de Negócios, Cesar Trevisan.

mesas otc
Mesas veem mercado em franco crescimento

O volume desse mercado ainda deve crescer significativamente, acompanhando o restante do mercado de criptoativos. Mas deve ser impulsionado principalmente pela entrada de grandes investidores, sobretudo que hoje operam no mercado tradicional. “Com a consolidação do bitcoin como reserva de valor e investimento reconhecido pelo mercado tradicional, investidores “private” principalmente devem ser o público alvo das mesas de OTC, trabalhando grandes investimentos no melhor preço possível”, prevê Canhada. 

O CEO da Bitpreço, Valdiney Pimenta, também vê um expressivo crescimento à frente, acompanhando o restante do mercado de criptoativos. “Esse mercado deve ainda crescer muito, juntamente com o restante do mercado de criptoativos. Cada dia vemos mais investidores e empresas se interessando por criptomoedas e pelas vantagens de utilizá-las como investimentos ou reservas de valor”, destaca.

Valdiney também destaca a migração massiva do mercado de OTC, de bitcoins para o tether (USDT), stablecoin que tem seu preço pareado ao dólar. “Talvez por ser uma forma simples de se expor a uma moeda forte e estável, evitando as oscilações do bitcoin, e ainda assim usufruir das vantagens das criptomoedas. No Brasil, vemos esse mesmo movimento ocorrendo, um pouco atrasado, mas com volumes de stablecoins em dólar crescendo bastante.”, afirma.

Autorregulação amplia segurança do mercado de OTC

A segurança desse mercado também tem aumentado de forma voluntária. Trevisan, da NovaDax, destaca um forte movimento de autorregulação no mercado nacional, com mesas adotando procedimentos e medidas cada vez mais rígidas de KYC/KYT/AML, e players cada vez mais profissionais no mercado, seguindo tendências do mercado internacional.

Canhada afirma que apesar de a Foxbit ter sido a primeira mesa de OTC do Brasil, ainda vê espaço para melhorias. “Já possuímos um atendimento personalizado e montamos portfólios de criptomoedas sob demanda dos clientes. Sei que podemos e vamos fazer mais! Já temos o melhor preço do atacado e somos a única que além de ensinarmos ao cliente fazer e como fazer custódia, enviamos uma ledger para os clientes que compram altos volumes”, destaca.


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