Entrevista: fundadores da Kassandra falam sobre a decisão de investimento em cripto

Como saber qual token tem maior potencial ou perspectiva de melhores rendimentos? Nada melhor do que acompanhar os dados de mercado, segundo os fundadores da Kassandra

Por Redação  /  10 de dezembro de 2021
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Quando alguém resolve fazer um investimento no mercado financeiro tradicional, geralmente conta com a orientação de um assessor que analisa as melhores opções e indica as alternativas mais promissoras. No mercado cripto isso nem sempre é possível, afinal, existem mais de dez mil criptoativos. Cada ativo tem suas características específicas e elas impactam diretamente na volatilidade e potencial de valorização.

Um dos termômetros para investir é acompanhar o mercado – o que inclui não somente cotações e notícias da mídia especializada e tradicional, mas também redes sociais e eventos do universo cripto. Assim, para grande parte das pessoas interessadas no setor, a identificação de oportunidades é uma das barreiras de entrada.

Foi com esse pensamento que Hamilton Haskel e Kevin Voigt, fundadores da Kassandra Finance, desenvolveram um projeto. O objetivo é identificar tendências e sugerir os melhores investimentos.

A Kassandra quer trazer para o Brasil o primeiro ETF descentralizado do mercado baseado em dados. “Somos uma gestora de produtos descentralizados. Um bom paralelo a ser feito seria com algo como a XP para o mercado crypto”, disse Voigt.

Com formação em Física (daí o interesse em análise de dados) e muita criatividade, os idealizadores do protocolo Kassandra, criado na rede Avalanche, prometem melhorar a experiência dos usuários com produtos financeiros descentralizados (DeFi). O primeiro produto é o “Avalanche Social Index”, cuja indexação será feita em parceria com a startup Heimdall, responsável por coletar dados nas redes sociais.

Confira nesta entrevista exclusiva ao PanoramaCrypto a visão dos fundadores do projeto sobre os criptoativos e como a iniciativa pode contribuir para o mercado.  Segundo eles, o grande benefício é permitir que investidores com menor conhecimento do mercado façam boas escolhas, baseadas em dados.

Qual o diferencial de ter um fator de inteligência por trás das decisões de investimento?

Faz toda a diferença. Para ter segurança no investimento cripto, para além dos cuidados com a escolha da blockchain, é fundamental acompanhar o mercado. Assim, nossa proposta é identificar quais são as atividades mais faladas nas comunidades, especialmente no Twitter. A partir disso, criamos um “social score”, que mostra quais as moedas mais ativas.

Queremos trazer para o Brasil o primeiro fundo negociável em bolsa (ETF) do setor baseado em tais dados. Você pode ficar em suas redes sociais o tempo todo, procurando o que as pessoas estão falando, ou deixar que um sistema que avalie isso, investindo de forma automática nos mais falados e, consequentemente, mais promissores.

Qual é o conceito desse novo ETF?

No mercado tradicional, é muito comum que os investidores entreguem a custódia de seu dinheiro a especialistas, matemáticos, analistas, entre outros profissionais especializados que definem onde aplicar o dinheiro. Kassandra faz exatamente isso, mas para o mundo DeFi.

O protocolo consegue direcionar, com dados e por meio de smart contracts, onde a pessoa vai alocar o seu dinheiro e integrar uma estratégia inteligente. Mas, importante lembrar, o capital não fica sob nossa custódia.

Outro detalhe é que a estratégia da Kassandra é ativa. Ou seja, não vamos indicar um investimento fixo, mas sim mudar a sua alocação, com um fator de inteligência por trás.

O ETF será baseado somente em dados?

Não, os ativos também serão escolhidos por nossos tokenholders, que podem votar naqueles que consideram relevantes. Mas eles não escolhem a estratégia em si. Quem tem o token ($KACY) faz parte da gestão dos produtos financeiros. A parte de inteligência de dados é feita pela Heimdall.

Assim, o protocolo escolherá os dez tokens com a melhor atividade social nos últimos trinta dias, usando os scores de Heimdall, e fazendo um investimento ponderado em cada um, segundo as pontuações.

Já que a proposta de Kassandra é identificar tendências, o que podem falar sobre perspectivas do mercado?

É difícil antecipar um boom, mas conseguimos medir o que está sendo falado. Um exemplo disso foi quando as NFTs começaram a se destacar e nós conseguimos identificar uma tendência.

A ideia é trazer para o nosso público a estratégia descentralizada, permitindo que o cliente consiga ter uma espécie de radar de tudo o que está despertando o interesse do mercado.

Essa proposta de inteligência de mercado poderá ser utilizada por outras empresas?

Sim, o protocolo Kassandra gerencia os investimentos dos usuários. Qualquer empresa que depende de dados off chain para gerenciar sua estratégia pode utilizar nosso projeto.

Nosso plano é que a Kassandra possa escalar para muito mais longe que apenas para produtos que investem por meio de dados sociais, embarcando muitas outras teses de investimento. Nosso foco é o gerenciamento desses dados sociais, mas conseguimos também gerenciar qualquer outra temática, para qualquer outro tipo de dado. Ou seja, qualquer provedor de fundos pode lançar estratégias conosco.

Existem riscos nesse processo automático de identificação de dados?

Claro que sim, não existe uma certeza de que uma determinada solução vai gerar renda “pelo resto de sua vida”. Assim, a escolha cabe ao nosso usuário, que precisa verificar se a estratégia é válida ou não, de acordo com seus conceitos e princípios. Nossos testes se mostraram bastante eficientes nessa estratégia.

Entretanto, cabe ao usuário interpretar os dados e colocá-los em perspectiva. É importante entender que não existe dinheiro fácil, não existe estratégia de investimento que faça sentido para qualquer momento do mercado. As condições mudam rapidamente. Nossa proposta é identificar as tendências quanto antes.

Quais as perspectivas para as finanças descentralizadas?

São inúmeras. O DeFi funciona como grandes peças de lego que se encaixam. Nosso protocolo não partiu do zero, pois tivemos inspiração de outros projetos e fizemos fork de alguns códigos.

Juntamos várias soluções, mas modificamos e desenvolvemos muita coisa, especialmente na parte de governança e de gerenciamento. Aproveitamos a quantidade de códigos abertos e analisamos as melhores soluções, para não começar do zero. Porém, todas elas foram modificadas e desenvolvidas.

Nosso diferencial, hoje, é permitir que estratégias inteligentes sejam importadas para o mundo descentralizado. Kassandra permite criar essas estratégias, investindo no que é socialmente ativo. Isso é uma operação extremamente complexa, com contratos seguros, mas não custodiados, o que faz com que a pessoa saiba que está sempre no controle, com a segurança de estar agindo inteligentemente.

Como funciona a governança do projeto?

A governança funciona de forma similar a toda DAO, mas com alguns detalhes únicos. Os detentores do nosso token de governança, KACY, podem fazer o stake dele por diferentes períodos de trava e ganhar voting power.

Quem tem voting power pode se engajar propondo e votando em propostas que ajustam ou alteram o ecossistema. Como governança não deveria ser apenas sobre responsabilidades, fazer parte dela também ter recompensas de várias formas, uma delas é que sempre que um usuário fizer um resgate de um investimento, existe uma taxa de 3% que vai direto para a governança.

De onde surgiu o nome do projeto, Kassandra?

Cassandra é uma personagem da mitologia grega, uma mulher que conseguia enxergar o futuro, mas que recebeu uma maldição, que fez com que as pessoas não acreditassem em suas ideias visionárias. Além disso, o codinome Kassandra, no Twitter, é atribuído à pessoa que conseguiu detectar a ‘bolha’ de 2008. Achamos que esse nome é ‘profético’.


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