Em 2020, havia quase mil fintechs no Brasil e esse mercado cresceu 34% mesmo durante o ano de crise. Nos últimos cinco anos, essas empresas receberam investimentos de US$ 2,4 bilhões, de acordo com levantamento da Distrito, e boa parte disso foi destinada à oferta de crédito, aumentando a competição com os grandes bancos. Apesar do avanço, o crescimento não foi ainda maior porque as fintechs têm dificuldades para captar no exterior devido a questões burocráticas. Em contrapartida, há um volume grande de investidores com interesse em novas possibilidades, já que a pandemia e outros fatores econômicos têm levado os sistemas financeiros de países desenvolvidos a trabalhar com taxas de juros baixíssimas ou até negativas.
Chaim Finizola, chief growth officer da Credix, e seus sócios, Thomas Bohner (CEO) e Maxim Piessen (CTO), enxergaram esse cenário e o definiu como ideal para que avanços ocorram na oferta de crédito no Brasil ao mesmo tempo que investidores internacionais aumentam a sua rentabilidade.
A Credix está sendo lançada no país, em parceria com a Transfero, agora em dezembro. O executivo revela que vem trabalhando com blockchain e finanças descentralizadas (DeFi) nos últimos anos e entendeu que os grandes bancos e instituições financeiras globais procuram acesso ao DeFi, mas priorizam a concentração, entre poucas empresas, da oferta de crédito. “Em paralelo, os investidores de países ocidentais estão procurando novas possibilidades de investimentos e a Credix vem para equalizar essa conta, aumentando a capitalização das fintechs”, diz.
Credix foca na facilidade de investimento às fintechs de crédito
Segundo Finizola, a Credix não almeja emprestar diretamente ao consumidor final, pois necessitaria construir o acesso a esse público e desenvolver qualidade de análise de crédito, algo que as fintechs já fizeram nos últimos anos. “Por isso, conversamos com essas empresas – ainda não as maiores, que podem captar investimento direto do exterior – mas as menores, com operações de até US$ 100 milhões ao ano. E entendemos que elas não crescem ainda mais rápido porque têm dificuldade em encontrar mais investidores, devido à burocracia, altos custos e taxas, com condições rígidas e processos manuais”, conta.
A solução da Credix consiste em um sistema de parceria ganha-ganha, usado para projetar empréstimos a essas empresas. A liberação do aporte ocorre em poucas semanas e há pouca burocracia no processo, além de requisitos básicos, como estar operando há mais de um ano, e ser uma fintech que já tenha emprestado ao menos US$ 1 milhão.
A plataforma de aportes é composta por investidores qualificados, que acessam dados da linha de crédito solicitada e decidem se querem investir nela ou não. Os aportes diretos representam 20% dos créditos e o restante é complementado por um fundo de investidores, onde se pode aplicar a partir de um dólar. “Para a primeira fase (alpha), que ocorrerá em janeiro de 2022, já temos US$ 2 milhões para ofertar em linha de crédito para as quatro primeiras fintechs com quem estamos trabalhando, além de outras 10 já sendo embarcadas entre fevereiro e março. Até março, portanto, projetamos financiar cerca de US$ 20 milhões e devemos chegar ao final do ano com mais de US$ 100 milhões em crédito”, diz.
Com aporte da Transfero, entre outros, a Credix finalizou a parte legal, importante para habilitar a transferência de dinheiro mundialmente. “Inclusive, somos um dos primeiros players em blockchain a conectar investidores com dinheiro tradicional em países emergentes”, diz Finizola.
O BRZ, como única stablecoin para o real, é fundamental para o processo, permitindo a conversão de criptomoedas para o dinheiro tradicional do Brasil. “Com investimentos da Solana Ventures e da Transfero, queremos nos solidificar como o primeiro grande projeto da Solana na América Latina, trabalhando junto para usar a plataforma da Transfero na conversão de dólar e criptomoedas para o real, e ajudar na expansão do crédito também em outros países da América Latina, como Peru e Colômbia”, diz Finizola.