Apesar de se mostrarem promissoras e lucrativas, as criptomoedas ainda têm como um dos principais obstáculos a extrema volatilidade. Prova disso foi o desempenho recente do Bitcoin, que caiu de cerca de US$ 20.000 para aproximadamente US$ 6.000 em quatro meses. Essa série de oscilações de preço dificulta a utilização em transações da vida real.
Para alguns, a solução para a volatilidade são as stablecoins. Um dos exemplos mais conhecidos é o Tether, que vem sendo negociado desde 2015, a 1 para 1 com o dólar. No entanto, existem outras stablecoins, assim como estão previstas para entrar no mercado novas versões desses ativos.
Um dos casos é o Facebook, que está criando uma stablecoin para ser utilizada dentro do WhatsApp. O JPMorgan Chase também desenvolveu uma moeda com o objetivo de acelerar pagamentos entre clientes corporativos.
Diante disso, a Bloomberg preparou um guia sobre as stablecoins. Veja os principais trechos:
O que são stablecoins?
São ativos digitais desenvolvidos de forma que mantenham o seu valor. Ou seja, representam o tipo mais brando de volatilidade visto nas moedas tradicionais. O Tether, por exemplo, sempre é negociado por cerca de US$ 1.
Como isso é feito?
De duas maneiras. As stablecoins colateralizadas (ou garantidas) são atrelados a outro ativo, como o dólar americano, moedas nacionais ou commodities. Os emissores mantém o valor da moeda detendo os ativos as quais elas estão atreladas.
Outras stablecoins estão atreladas ao preço de outros ativos digitais, como o ether. As stablecoins desse tipo normalmente empregam algoritmos para gerenciar a oferta e a demanda da moeda, de modo que o que está em circulação corresponde ao que é mantido em reserva.
Quantas stablecoins existem?
Em fevereiro, havia mais de 50. Desse total, 26 já haviam sido liberadas. A expectativa é que a maioria das restantes seja lançada em 2019, de acordo com pesquisa da Blockchain.com. Segundo o estudo, o valor de mercado das stablecoins ficou em US$ 3 bilhões, mais do que o dobro do ano anterior.
Por que essas moedas são populares?
As stablecoins têm a capacidade para serem uma ponte entre dois mundos – as criptomoedas e finanças tradicionais. Isso as torna úteis pois podem funcionar como uma maneira de garantir ganhos com a compra e venda de crypto ou podem servir como um porto seguro, se os investidores acharem que está havendo desaceleração.
Além disso, também podem agilizar, acelerar e fazer compras e transferências de dinheiro mais baratas usando a blockchain, em vez da tradicional infraestrutura de pagamentos.
O que é o projeto que o Facebook está desenvolvendo?
A companhia está criando uma stablecoin que poderia ser usada para transferências de dinheiro pelo WhatsApp. Ademais, poderá ser usada para comprar mercadorias de milhares de comerciantes na rede social. A perspectiva é que a stablecoin do Facebook poderia começar a funcionar como uma conta corrente, que seria utilizada por cerca de 1,7 bilhão de adultos em todo o mundo sem uma conta bancária.
E o projeto do JPMorgan?
A empresa afirmou que usará sua JPM Coin para permitir transferências rápidas de dinheiro entre seus clientes corporativos em uma blockchain interna. Será um sistema fechado e executado centralmente, em contraste com muitas outras criptomoedas.
Como as empresas de stablecoins ganham dinheiro?
Por meio de juros e taxas. O extrato bancário da Tether revisado pela Bloomberg News revelou que o ganho foi de 6,6 milhões de dólares em juros desde o início do ano, de acordo com o documento de julho de 2018. Também são cobradas taxas por depósitos e retiradas de dinheiro fiduciário.
Qual o futuro das stablecoins?
As stablecoins podem ser o produto que convencerá a massa de que as criptomoedas merecem credibilidade. A longo prazo, se um governo nacional decidir emitir dinheiro em formato digital, isso representaria um grande salto para o mercado das stablecoins. Assumindo que o país tenha um histórico confiável de manter sua moeda nacional, como o dólar americano.
Quais são os riscos?
Isso depende de qual stablecoin. Aquelas ligadas a ativos digitais, como o ether, poderiam quebrar se o mesmo acontecesse com os ativos. Stablecoins colateralizadas têm risco de fraude. E, como qualquer ativo, digital ou tangível, existe o risco de manipulação do mercado secundário. Assim sendo, poderia haver uma distorção dos valores das moedas.