Transfero e Credix fecham parceria para financiamento de fintechs

Empresas fazem parceria para fornecer aos seus clientes acesso ao investimento em dívida privada usando USDC com impacto positivo

Por Redação  /  13 de outubro de 2022
© - Shutterstock

A Credix e a Transfero se juntaram para permitir que os clientes Prime invistam passivamente em financiamento de dívidas de fintechs de crédito na América Latina a uma rentabilidade de 12% ao ano.

Para entender o novo produto, é preciso compreender como a Credix opera. A companhia, que está em rápido crescimento, criou um caminho para fundos de investimento investirem em obrigações de dívidas de fintechs. Os títulos são tokenizados e disponibilizados aos investidores, incluindo a Transfero Prime, que oferece acesso ao pool de liquidez da Credix com exclusividade no Brasil.

Esse mercado está crescendo exponencialmente nos últimos anos. De acordo com pesquisa feita pela Associação Brasileira do Crédito Digital (ABCD) e PwC Brasil, o volume de crédito concedido por fintechs foi de R$ 12,8 bilhões no ano passado, o dobro do que o registrado em 2020 e quase cinco vezes a mais do que em 2019.

Credix e Transfero
Chaim Finizola

O crescimento exponencial exige não apenas investimento de bancos e fundos existentes, mas também de pessoas físicas de alta renda e investidores institucionais, que hoje têm dificuldade de acessar essas oportunidades, diz Chaim Finizola, cofundador da Credix.

Liquidity pool para crédito

A Credix cria uma estrutura similar à utilizada pelo mercado de dívida, como os FIDCS. Isso inclui a diferenciação de classes sênior, mezzanine e junior. Nessa configuração, a classe, ou tranche, sênior tem o menor risco, e o menor retorno, pois é protegida pelas tranches mais juniores em caso de inadimplência.

Um colchão de capital é reservado na empresa securitizadora que detém os empréstimos e é o primeiro a ser consumido se houver inadimplência. Caso o colchão não cubra as inadimplências, a tranche júnior que ficou com a fintech é afetada.

Em caso de inadimplências adicionais, os fundos de crédito que investiram na tranche mezanino são impactados antes que os investidores seniores sintam quaisquer perdas. Além disso, para proteção adicional, são definidas cláusulas que interrompem qualquer suprimento de capital adicional para a fintech no caso de as perdas com empréstimos atingirem um determinado limite. Até o momento, nenhuma dessas barreiras de perdas foi atingida.

A diferença do sistema da Credix para as estruturas clássicas está em sair do sistema de investimento transação por transação. Por meio dos tokens da Credix, os provedores de liquidez no pool podem diversificar seus aportes em todas as classes seniores da plataforma. Combinando assim com tranches de menor risco em um fundo tokenizado on-chain, o que ajuda a reduzir o risco e a exposição a um ativo.

Para investir no pool de liquidez, o investidor hoje deve depositar USDC — a stablecoin mais regulamentada do mercado — no pool de liquidez Credix, recebendo de volta um token do pool de liquidez, representando sua participação. Dessa forma, os investidores do pool de liquidez contribuem para o financiamento das fintechs que recebem o USDC, convertem em reais e originam empréstimos para seus clientes. O pagamento de juros desses empréstimos pela fintech é o que gera o rendimento para os provedores de liquidez e os investidores juniores.

A Transfero investirá no pool de liquidez e, em troca, receberá o “Liquidity Pool Token”. No futuro, diz Chaim, o token pode ser trocado no mercado secundário. Mas no momento o LP Token mostra apenas a participação do investidor no pool.

Segundo Finizola, o retorno financeiro hoje está em torno de 12% ao ano no USDC, o que pode variar um pouco dependendo da composição das fintechs negociadas na plataforma, embora 12% seja sua meta de rendimento atual.

A estrutura é semelhante às estruturas de crédito regulares, mas tem a flexibilidade de contratos inteligentes e tokens para ambos os lados. Isso significa que aqueles que optam por comprar o token do pool de liquidez obtêm uma visão transparente do que acontece em todas as partes do negócio e como seu dinheiro pode ser investido. As facilidades na plataforma Credix são chamadas de ‘ofertas’.

Antes de a tranche sênior de uma operação ser investida pelo pool de liquidez, a Credix faz uma due diligence profunda da fintech e de sua carteira de empréstimos e estrutura a operação em três tranches, sendo que a júnior, primeira a sofrer eventuais perdas, fica com a fintech. A faixa seguinte fica com fundos de crédito especializados, que investem ativamente, realizam análises extensas sobre a qualidade do empréstimo e a estrutura do negócio e investem na tranche mezanino, que tem rendimento superior ao da tranche sênior, mas também é um pouco mais arriscada.

“Dessa forma, os investidores do pool de liquidez podem investir de forma passiva, diversificando em diferentes tranches seniores, com a garantia de que cada negócio passou por um minucioso processo de due diligence realizado pelos fundos de crédito sobre a qualidade dos ativos e empréstimos e a estrutura do negócio. Além disso, ao ter a primeira perda absorvida pela fintech, seus incentivos também ficam alinhados”, diz Chaim.

Conexão de cripto com ativos reais

O Credix LP Token fornece participação em um título de fintech de crédito tokenizado. Esses títulos são garantidos por uma carteira de empréstimos com garantia excessiva, prometida à empresa de securitização local da Credix. Assim, os retornos gerados para os investidores vêm de ativos do mundo real, neste caso empréstimos para automóveis, empréstimos para estudantes, empréstimos para PMEs e muitos outros. Isso é muito diferente de muitos aplicativos DeFi que surgiram nos últimos dois anos, que nem sempre deixaram claro de onde vinham os altos rendimentos.

O executivo destaca que com o crescimento do DeFi, houve a popularização de criptoativos que são usados para dar retornos sustentáveis”. A remuneração é feita por emissão de novos tokens, por meio de airdrops de algum lugar”, disse Chaim. A conexão com o mundo real, nesse ponto, traz segurança para a operação.

Rapidez é oásis para startups

credix e transfero
© – Shutterstock

Se para os investidores os tokens oferecem eficiência, para o outro lado, dá agilidade e flexibilidade para as fintechs de crédito. Em mercados competitivos, as fintechs que nascem têm enfrentado desafios para conseguir crédito. O token da Credix vem no momento certo para apoiar o crescimento do ecossistema.

“Há mais de 500 fintechs de crédito no Brasil, todos estão procurando financiamento”, diz o executivo. Ele lembra que ainda existe uma grande barreira para as startups brasileiras acessarem capital externo, e que os tokens são uma forma alternativa — e rentável — para chegar nos investidores externos, sem precisar levantar grandes rodadas.

“O financiamento pelo Credix é bastante simples. Uma vez que a fintech passa pelo onboarding e é considerada elegível, ela estrutura uma facilidade com a equipe local do Credix. Esse negócio então aparece na plataforma para que os fundos de crédito analisem ao mesmo tempo. Como um fundo de crédito está disposto a receber a tranche mezanino do negócio, a tranche sênior é aberta e automaticamente adicionada ao pool de liquidez. Isso provou ser uma maneira muito mais rápida e fácil para as fintechs levantarem capital de dívida”, diz Chaim.

“Além do acesso ao capital para as fintechs, há também um importante impacto socioeconômico, pois os tokens podem trazer capital para as fintechs que tentam ajudar empresas, estudantes e pessoas que nem sempre conseguem acessar bancos comerciais”, comenta Finizola. É a próxima onda de inovação em blockchain e DeFi, e está aqui para ficar.

© – Shutterstock
© – Shutterstock