Moeda Drex irá mudar a forma como você lida com o dinheiro

Capacidade de tokenização de ativos e criação de protocolos dentro de uma rede própria permitirão simplificar processos e cortar custos

Por Paulo Carvalho  /  11 de outubro de 2023
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A forma como você gerencia seu patrimônio está prestes a mudar. A criação do Drex (acrônimo para Digital, Real, Eletrônico e Exchange) pelo Banco Central promete trazer uma verdadeira revolução à forma como lidamos com nosso dinheiro. Com seu lançamento público previsto para o final de 2024, muitos especialistas e instituições financeiras estão se preparando para como o real digital irá impactar suas operações.

O Drex é classificado como uma Central Bank Digital Currency (CBDC), ou seja, uma Moeda Digital do Banco Central. Isso significa que ele é uma representação eletrônica da moeda física Real, mantendo uma paridade de 1:1, proporcionando uma base sólida para sua adoção e utilização em transações digitais cotidianas.

Drex e a tokenização de ativos

moeda drex
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Além disso, diferente da abordagem tomada por outros países que visam regular redes já existentes, o Brasil optou pela criação do Drex para se ter uma rede própria que, por sua vez, pode ser administrada e regulada pelo Banco Central. Isso também favorece a proliferação de um ecossistema com diferentes protocolos que facilitem a comunicação e interação entre as instituições participantes da rede.

Do ponto de vista da pessoa física, não será possível uma participação ativa na rede do Drex, que é exclusiva para instituições financeiras. No entanto, ainda será possível obter o Real digital e usufruir de seus benefícios. Para isso, bastará depositar seus fundos em carteiras virtuais disponibilizadas pelas instituições participantes do programa.

Em seguida, os fundos são convertidos em Drex. Dessa forma, os clientes dessas instituições não precisam se preocupar com questões de segurança relacionadas à tecnologia blockchain, já que suas informações pessoais nunca serão armazenadas na rede.

No caso das instituições participantes, a implementação do Drex para operações cotidianas trará uma série de benefícios. Graças à capacidade de tokenização de ativos, todos os processos relacionados à transação dos mesmos serão realizados dentro da rede Drex, eliminando a necessidade de intermediários e custos atrelados.

“Pense no caso da liquidação de títulos entre instituições. Atualmente, um dos ‘problemas’ enfrentados é a necessidade de ter um agente intermediário para intermediar essa liquidação. Com o Drex, isso poderá ser facilmente resolvido ao permitir a troca entre os dois tokens, no caso, o título e o Drex, sem intermediários”, afirmou Kevin Voigt, CEO da Notus Labs, startup global especializada em produtos e soluções web e à frente da Kassandra, uma DAO voltada para portfólios tokenizados e gestão descentralizada de ativos.

Outros produtos financeiros

Esse mesmo princípio se aplica a uma ampla variedade de produtos de investimento que podem ser representados digitalmente, o que promete aumentar a eficiência, segurança e a agilidade nas transações financeiras e ampliar as possibilidades para os investidores.

Com a possibilidade de realizar trocas de títulos e afins entre as instituições sem a necessidade de uma mediação, também diminuem os custos e taxas provenientes de intermediadores, como cartórios e advogados. Um exemplo disso é como a tokenização poderá facilitar empréstimos de forma mais eficiente.

“Sem a dependência de intermediários e com custos reduzidos, espera-se que isso impacte positivamente nas taxas de juros, tornando os empréstimos mais acessíveis.”, disse Voigt. “Por meio dos protocolos presentes na rede dedicados a automatizar essas transferências entre instituições financeiras, também espera-se que tudo se torne mais ágil, representando, assim, um avanço significativo na modernização do sistema financeiro, tornando-o mais acessível e eficaz para todas as partes envolvidas.”, completou.

Stablecoins já oferecem integração com economia digital

Enquanto CBDCs como o Drex ainda estão em desenvolvimento em todo o mundo, stablecoins como o BRZ já desempenham funções similares a moeda digital emitida por um Banco Central.

Por apresentar o valor atrelado a uma moeda fiduciária, no caso do BRZ, o real brasileiro, as stablecoins possuem total integração com a economia cada vez mais digital. No entanto, CBDCs e stablecoins devem coexistir no mercado financeiro tradicional, para o CBDO da Transfero, Claudio Just, as duas representações digitais do real brasileiro devem se complementar.

“A coexistência de stablecoins privadas como BRZ e CBDCs como DRex representa um cenário onde duas formas de moedas digitais se complementam e se equilibram dentro do sistema financeiro.
Esta dualidade das moedas digitais traz vantagens significativas para o mercado emergente e para o sistema financeiro em geral. A coexistência destas duas formas de moedas permite diversificar as opções financeiras, oferecendo aos particulares e às empresas a flexibilidade de escolher a moeda digital que melhor se adapta às suas necessidades e preferências.”

Transações internacionais

CBDCs como o Drex estão sendo testadas em transações transfronteiriças. Esse, portanto, é um dos principais casos de usos para essas moedas digitais após o lançamento de projetos pilotos como o real digital e o yuan digital, por exemplo.

Contudo, Claudio Just explica que stablecoins como o BRZ já são utilizadas para transações internacionais, por representarem menor custo operacional, segurança e velocidade na confirmação de dados.
“A eficiência e a velocidade das stablecoins privadas permitem que as transações internacionais sejam realizadas rapidamente e com custos reduzidos, facilitando o comércio global e a inclusão financeira para pessoas que de outra forma não teriam acesso aos serviços bancários tradicionais.”


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