Carteira digital é revolução cripto

Com uma wallet agregadora, o usuário poderá realizar várias transações, definindo qual a melhor opção, entre dinheiro fiduciário ou cripto, para cada tipo de operação

Por Redação  /  5 de setembro de 2022
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O mercado brasileiro deverá passar por uma revolução nos próximos quatro ou cinco anos, com a agregação de vários ativos em uma só carteira do usuário, conforme projeto do Banco Central. O raciocínio foi exposto pelo CFO da Transfero, Carlos Russo, durante um painel sobre stablecoins no Blockchain Rio Festival, em 2 de setembro, evento que reuniu diversos players do setor cripto.

A possível resolução do órgão deverá caminhar para uma popularização das stablecoins, favorecendo inclusive o BRZ, da Transfero.

A ideia é criar uma wallet agregadora, reunindo conta bancária, aplicações, cartões, investimentos de forma geral e criptoativos. No futuro, será possível pagar um cafezinho com stablecoins, por exemplo, por meio de aplicativo no celular ou outro instrumento que surgir. Será um instrumento, inclusive, importante para tomar crédito.

“São duas evoluções principais. Uma é essa integração do sistema de pagamentos brasileiro com o mundo de blockchains. Tudo vai estar conectado em um lugar só. O Banco Central tem papel ativo nisso, de forma pioneira. O segundo ponto é a internacionalização dessa carteira, desse dinheiro. À medida que há criptos na carteira, você já é internacional. Se você estiver nos EUA, você usa essa carteira”, explicou o CFO. 

Cash Management

O aplicativo atuará de forma inteligente, fazendo o chamado cash management, ou seja, ele dirá de onde sacar o dinheiro na hora de pagar por algo.

“Você abrirá a carteira e verá os saldos de suas contas bancárias, seus cartões e, no final, uma soma do que você tem. Automaticamente, o aplicativo vai dizer onde você tem mais saldo. E vai informar de onde será sacado o dinheiro, nos bancos ou no cripto, baseado no que é melhor para cada indivíduo”, exemplifica.

Tecnologia

Carlos Russo explicou que a infraestrutura de integração entre o sistema formal e blockchains é baseada em tecnologia de comunicação API, através do Open Finance. Os bancos serão obrigados a fornecer os dados para essa aplicação.

“A Transfero apoia a criação dessa infraestrutura de comunicação entre esse mundo tradicional e o mundo cripto, isso é muito positivo. Vai ser um grande salto no mundo cripto”, defendeu o executivo.

A medida ajudará a popularizar o BRZ, principal stablecoin não pareada ao dólar do mundo. Desde 2019, quando foi criado, já foram emitidos R$ 2 bilhões em BRZs, sendo R$ 1,2 bilhão em 2021 e R$ 400 a R$ 500 milhões este ano. O BRZ está entre as dez criptomoedas mais negociadas no Brasil.

“Com uma nova carteira do Banco Central, todo brasileiro vai ter acesso ao BRZ de forma muito fácil”, explicou Carlos Russo.

O BRZ, na prática, internacionalizou o real, é o real internacional, pois as pessoas não precisam mais comprar dólar ou euro para viajar. As stablecoins são consideradas um investimento seguro, por serem menos voláteis que outras criptomoedas, em especial as atreladas a moedas estrangeiras.

O CFO também explicou para o público do painel que são três os tipos de stablecoins. As centralizadas, lastreadas por contas bancárias ou outra reserva, são o grupo dominante, com emissões de US$ 200 bilhões; as lastreadas em criptomoedas, com produtos lastreados em Ethereum, por exemplo; e as stablecoins algorítmicas, que oferecem maior risco. 

Expansão

Para se ter uma ideia do cenário internacional das stablecoins, considerando as emissões de US$ 200 bilhões, elas ainda têm muito a expandir, em comparação ao mercado tradicional. Nos EUA, são US$ 18 trilhões em depósitos bancários.

“As stablecoins ainda são uma fração muito pequena do mercado, tem muito que expandir, mas é o próximo passo quando se fala em evolução de meios de pagamento”, pontuou o CFO.