Uma aproximação entre o bitcoin e bancos centrais pode aumentar a adoção do criptoativo em todo mundo. Com a escassez do dólar em países como Gana, o uso da moeda digital como forma de pagamento tende a ser impulsionado pela economia através do comércio internacional.
Recentemente, Gana substituiu o dólar pelo ouro em negociações de importação de petróleo. Sem reservas da moeda fiduciária estadunidense, o metal precioso se transformou em alternativa ao dólar na transação.
Essa escassez de dólar em países emergentes pode impulsionar a aproximação de bancos centrais e o uso de bitcoin. Nos Estados Unidos, o Federal Reserve controla a distribuição do dólar para bancos centrais, mantendo uma linha swap para apenas alguns países selecionados.
Dentre eles, apenas duas economias emergentes possuem acesso a essa linha de crédito: Brasil e México. Ou seja, outros países com a economia fragilizada enfrentam dificuldades para ter acesso ao dólar.
Essa distribuição pode afetar economias como a do Egito, que enfrenta dificuldades para negociar o recebimento de trigo no país. Sem dólar para pagar o embarque do grão, o país vivencia uma escassez de trigo que reflete diretamente na economia egípcia.
O mesmo acontece no Sri Lanka. Sem dólar em suas reservas financeiras, o país não consegue importar combustível, o que resultou em escolas fechadas. Já no Quênia, a escassez de dólar provocou uma crise no fornecimento de alimentos no país no início de 2022.
Bancos centrais e bitcoin
Embora a adoção do bitcoin a nível institucional aconteça de forma gradativa, cada vez mais essas instituições estão se aproximando do criptoativo. Em maio de 2022, El Salvador sediou uma conferência sobre o mercado cripto com a presença de 44 bancos centrais.
Até então, El Salvador é o único país que possui investimento direto no bitcoin. Mas, a adoção do criptoativo pode servir de exemplo para outras nações. Além do uso como reserva financeira e como meio de pagamento, a moeda digital pode sobreviver a sanções econômicas, que podem atingir reservas de dólar, por exemplo.
Outro dado que aponta que bancos centrais podem usar o bitcoin é o aumento da reserva de ouro nos últimos meses. O metal precioso é usado como alternativa ao dólar no comércio exterior, e somente no terceiro trimestre de 2022 os bancos centrais aumentaram em 18% a sua reserva em dólar, em uma compra recorde de 400 toneladas no período.
Já no Brasil, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, destacou que os criptoativos fazem parte de uma nova reconfiguração da economia, considerada por ele como um novo sistema financeiro digital.
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