A guerra comercial entre EUA e China chegou ao mundo das criptomoedas. A libra está servindo como inspiração para a criação de uma nova criptomoeda na China. O banco central do país, o People’s Bank of China (PBoC), anunciou recentemente que pretende lançar uma stablecoin semelhante à do Facebook.
Segundo artigo publicado no Cointelegraph, a iniciativa é mais um capítulo na disputa entre os Estados Unidos e a China pela supremacia monetária global. David Marcus, chefe da carteira de criptomoedas Calibra no Facebook, comentou: “Como eu disse: se não liderarmos (e por ‘nós’ quero dizer o mundo livre, * não o FB *), outros o farão. Não era uma figura de linguagem, um exagero ou um giro da realidade que enfrentamos. Era a verdade”.
O tweet de Marcus faz uma alusão em relação ao confronto entre a China e o Ocidente. Mas na verdade ele mira os reguladores e o Congresso dos EUA – em particular, o Comitê de Serviços Financeiros da Câmara, para defender uma abordagem regulatória contrastante, baseada no capitalismo, liberdade e menos regulamentação central.
Dessa forma, não seria surpresa se o PBoC lançasse sua própria criptomoeda, apesar das proibições do governo. Seria consistente com as políticas de tecnologia anteriores, para que os projetos estrangeiros de criptomoeda fossem suprimidos em favor da próxima moeda do PBoC.
Também seria coerente que esse projeto fosse altamente centralizado. Como é sabido, o governo da China tem um histórico de se beneficiar do poder da centralização. No entanto, o país também tem um profundo entendimento de como é uma revolução e de onde ela pode vir. Assim, a China pode facilmente limitar os ativos crypto por meio da regulação.
Do lado ocidental, infinidade de iniciativas
Enquanto a China deve lançar uma criptomoeda única e centralizada, suprimindo as demais, espera-se do Ocidente uma infinidade de novas iniciativas no setor, diz o artigo. Está prevista uma série de lançamentos, tanto para pagamentos de varejo quanto para remessas, como a libra do Facebook e TON do Telegram, mas também com foco no B2B, como a plataforma de pagamentos digitais JPM Coin e Signature Bank, chamada Signet.
Nesse contexto de guerra comercial entre EUA e China, desdobramentos nas criptomoedas e desafios regulatórios, as soluções de pagamento na blockchain devem se sobressair. No B2B, os bancos devem liderar esse processo, já no B2C, os mensageiros. O maior nesta categoria é, obviamente, o projeto Libra do Facebook.
Banco Central da China trabalhando com oito instituições
Há rumores de que o PBoC esteja trabalhando com oito instituições que serão os primeiros beneficiários da nova moeda – incluindo Alibaba, Tencent, China Construction Bank, Banco Industrial e Comercial da China, Banco da China, Banco Agrícola da China, Union Pay e um oitavo ainda não conhecido.
Com bilhões de usuários de mensageiros e bancários usando soluções de pagamento blockchain, todas as principais organizações do mundo terão que criar uma resposta para essa situação. E a competição entre nações e ideologias – como China x Ocidente – pode acelerar a entrega de soluções que formarão a base para a adoção em massa de ativos criptográficos.
Quais serão os próximos capítulos dessa guerra monetária?
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