Empreendedores que desejam expandir os negócios para fora do país encontram no Web Summit Lisboa a oportunidade de investimentos, networking e visibilidade internacional. Por isso, é fácil compreender o interesse de startups na edição europeia do evento, que tem crescente presença de brasileiros.
De 2023 para 2024, o número de empresas brasileiras aumentou cerca de 90%. Isso significa que serão quase 450 presentes este ano, segundo O Globo. Por esse motivo, o pavilhão Brasil será ampliado.
Dentre os novos participantes estão os cinco selecionados pelo programa Next Leap, promovido pela Transfero, uma das patrocinadoras globais do Web Summit, junto a UNISUAM, Coinchange, SICOOB e EBM Group.
Web Summit Lisboa 2024 e o Next Leap
O Web Summit é um dos maiores eventos de inovação e tecnologia do mundo. Criado em 2009 em Dublin, a Europa recebe uma edição anual, e Lisboa é o atual palco das discussões. Em 2023, expandiram para a América Latina e o Rio de Janeiro foi escolhido como sede.
A Transfero viu isso como chance para difundir conhecimento sobre infraestrutura blockchain e criptomoedas, escolhendo virar uma das patrocinadoras. Neste ano, criou a iniciativa Next Leap para a versão europeia com o objetivo de aumentar a representação e visibilidade de startups brasileira no exterior, e assim, fomentar o desenvolvimento do ecossistema nacional.
O Web Summit Lisboa 2024 vai acontecer entre 11 e 14 de novembro na MEO Arena. Alguns nomes de destaque são Brad Smith (Microsoft), Meredith Whittaker (Signal), Pharrell Williams (artista) e Frank Cooper (Visa).
Dentre os CEOs, Márlyson Silva (Transfero) participará do painel The Paradox of Crypto ETFs, dia 13/11 às 15h40 no palco 5 do pavilhão 2. Entre as empresas brasileiras, cinco foram selecionadas pelo Next Leap: 95co, Bombordo, Infratoken, OpenI e SaveBank. As startups serão exibidoras da categoria Alpha.
Apesar de algumas serem novas no mercado, já enfrentaram desafios significativos e estão aprendendo a superar os obstáculos de quem quer ter o próprio negócio. Afinal, alguns dos requisitos para participar do programa eram ter menos de 150 funcionários e investimento inferior a US$ 1 milhão.
Conheça o propósito e os próximos passos planejados pelas startups:
95co
A 95co é uma plataforma que usa o esporte para se comunicar com os jovens. A proposta é prepará-los para uma vida onde o foco não é apenas o futebol. Por isso, estimulam habilidades além das esportivas e contribuem com informações importantes para o presente e o futuro desses atletas, como educação financeira.
Segundo Eduardo Araújo, CEO e cofundador:
“No Brasil, alunos e atletas de elite são, infelizmente, uma proporção mínima, muito menos de 5%. Queremos interferir nisso e despertar interesses profissionais diversos, com bastante entendimento de formato, linguagem e métricas para impactar e reduzir esse descarte social dos 95%.”
Para isso, a estratégia é aumentar a base de jovens que interagem com o esporte e, eventualmente, expandir a ponto de ter squads espalhadas no Brasil e resto do mundo. Esse crescimento geográfico é essencial. Como a comunicação é vital para o sucesso da empresa, entender a cultura local é fundamental para identificar temas de interesse do público-alvo, além de avaliar se o empreendimento funcionaria e se o momento é ideal.
Por esse motivo, Eduardo e João Parodi (Growth Product Manager) enfatizaram que além de financiamento, buscam investidores para ajudar com “infraestrutura tecnológica, equipe estratégica e conexões e conseguir escalar o negócio e o alcance comercial”.
Bombordo
A Bombordo conecta pessoas interessadas em alugar um barco e os donos das embarcações. Com a proposta de promover experiências a bordo que sejam confortáveis e seguras, eles facilitam o processo de aluguel por todo o Brasil.
São diversas funcionalidades e mais de 400 barcos para escolher, o que foi um desafio no momento de criar e desenvolver a plataforma, formato inédito no mercado nacional.
Segundo Rafael Tebet (CEO) e Felipe Ayres (COO), a ideia é seguir como uma empresa asset-light e tech based. O objetivo é “receber a segunda rodada e expandir a nível nacional e internacional, levando a solução para o mercado náutico mundial.”
Então, com planos de expansão e praças de interesse mapeadas, como turismo, a Bombordo está buscando smart money, ou seja, investimento aliado a conhecimento e acesso.
Infratoken
A Infratoken oferece infraestrutura para a tokenização de ativos, garantindo um processo seguro, eficiente e alinhado com as exigências de órgãos reguladores.
Envolvida em projetos com o Banco Central e empresas ESG, a startup quer securitizadoras como parceiras por acreditar que vai abrir um leque de possibilidades. Caroline Nunes (CEO) e Marcelo Teixeira (COO) afirmaram que estão em busca de:
“Investidores que acreditem na ideia e queiram fazer parte da jornada. Pessoas que tragam experiência, contatos e que possam ajudar a crescer. Um bom investidor é como um mentor, que guia, abre portas e ajuda a evitar erros”.
Outra meta é expandir para o mercado europeu, e por isso, estar presente no Web Summit Lisboa deste ano, é descrito por Caroline como uma grande oportunidade para a Infratoken. Segundo ela, a Europa é estratégica e a startup está confiantes nesse passo, tanto que já está trabalhando para garantir que a plataforma e os tokens cumpram as leis e regulamentações de outros países.
Openi
A Openi facilita a gestão financeira por meio da automatização de processos. A ferramenta classifica conciliações bancárias e de cartões de crédito, permite o monitoramento do fluxo de caixa e concentra os relatórios no mesmo local. Além de agilizar processos operacionais e aumentar a visibilidade dos números da empresa, é fácil de usar.
Este ano foi dedicado ao lançamento e validação do produto, enquanto o plano para 2025 é tracionar o produto. Para isso, Beatriz Galvão (CEO) e os conselheiros Roberto Galvão e Rodrigo Lemgruber estão estruturando o time comercial e procurando investidores com “capacidade de apoiar de fato a construção do negócio, principalmente pelo viés de tecnologia e vendas”.
Por ser uma startup e ter recursos escassos, eles mencionaram ser fundamental saber priorizar no que aplicar o dinheiro e que estão buscando parceiros estratégicos. O objetivo é vencer os desafios de escalar o produto e se comunicar com o cliente nesta etapa em que as funções oferecidas são limitadas.
SaveBank
Com o aquecimento global, queimadas e degradação ambiental contínua, o foco da SaveBank (antiga AMAZBank) está nas gerações futuras. A proposta da instituição financeira é impulsionar o crescimento econômico inclusivo, promovendo o desenvolvimento sustentável da região Amazônica.
Com cinco produtos diferentes, um dos desafios está sendo encontrar e validar um modelo de negócio que contemple todos esses campos. Segundo Frank Portela (CEO) e Jose Carvalho (CPO), o objetivo é desenvolver um “ecossistema que apoie as iniciativas de forma eficiente, absorvendo e potencializando as possibilidades que a Amazônia oferece”.
Então, para conseguir desenvolver as ações e estratégias planejadas, estão em busca de networking e smart money de investidores. Estes precisam estar alinhados à proposta de desenvolvimento sustentável e saber como aproveitar o potencial da “floresta em pé”, afinal, o objetivo é solucionar problemas da maior floresta tropical do mundo.
Expectativas para o Web Summit Lisboa 2024
Uma semelhança entre as selecionadas pelo Next Leap são as altas expectativas para o Web Summit Lisboa, principalmente nos quesitos networking, investimentos e expansão internacional.
Com os planos de expansão, Rafael e Felipe da Bombordo vêem no evento grande chances de conseguir a segunda rodada de investimento e conhecer pessoas estratégicas.
Já os representantes da 95co mencionaram que as “conexões internacionais e validação de projeto ao nível global será uma grande oportunidade”. Então, eles também vão aproveitar a ida a Lisboa para visitar o Sporting Futebol Clube em busca de “conhecer pessoas, lugares e projetos que façam conexão com o propósito e modelo de negócios”.
Por fim, os da Openi mencionaram que participaram de um programa de incubação em Portugal há dois anos, então, ao voltar ao país podem rever amigos e possíveis clientes, frisando que “na Europa tem muitas oportunidades para soluções de Open Finance, por isso a confiança em negociações relevantes e fechamento de parcerias”.
Programa Next Leap
Após a fase de inscrições, as empresas foram selecionadas considerando os objetivos e segmentos de atuação.
A primeira parte começou em agosto com 1 semana de mentoria com especialistas do mercado. O objetivo foi ajudar as startups a desenvolverem um pitch estratégico para aproveitarem melhor a oportunidade de se conectarem com o cenário internacional de inovação e tecnologia.
Então, o foco da mentoria foi discutir sobre as próprias participantes e cases reais. Alguns dos temas trabalhados foram o desenvolvimento de negócios e modelos de receita, marketing e aquisição de clientes, inovação em produtos, captação de recursos e gestão de equipes.
A Beatriz acredita que “a Openi saiu mais forte e preparada para os próximos desafios”. Na opinião de Rafael Tebet (Bombordo), a experiência foi muito boa, porém desafiadora. Ele disse que “sair da zona de conforto abriu os olhos para outras oportunidades, as mentorias ajudaram muito e, sem dúvidas, o Next Leap ajudou a crescer”.
Os mentores foram profissionais das empresas parceiras da Transfero, como Alexandre Bonfá (EBM Group), André Bonfá (EBM Group), Jose Abecasis (OCEAN.capital), Luiz Grossi (SICOOB) e Pedro Garcia (Elytron Security).
A última etapa da iniciativa foi selecionar cinco startups para serem exibidoras Alpha no Web Summit Lisboa 2024 em um dia de evento, com os custos de passagem e acomodação para dois representantes inclusos. As vencedoras foram reveladas nas redes sociais da Transfero, que estará presente no evento para encontrar parceiros, fazer networking e atrair novos clientes. Acompanhe registros no LinkedIn e Instagram da empresa.