Super Apps: entrevista com Neha Mehta, da FemTech Partners

Entenda como os super apps podem revolucionar a conectividade entre empresas e meios de pagamento

Rafael Motta  /  2 de outubro de 2024
Neha Mehta (Foto: Reprodução/ FinTech Festival India) Neha Mehta (Foto: Reprodução/ FinTech Festival India)

Super apps são plataformas que consolidam diversos serviços, como gestão de contas bancárias, pedidos de comida e reservas de viagens, em um único aplicativo. Eles são potencializados pela tecnologia blockchain nas finanças descentralizadas (DeFi). A fundadora da FemTech Partners, Neha Mehta, em entrevista ao PanoramaCrypto, destaca que esses aplicativos oferecem ecossistemas integrados que promovem inclusão financeira e sustentabilidade. Ela prevê que, nos próximos anos, expandirão as áreas de atuação dessa tecnologia. Apesar dos desafios, como a volatilidade das criptomoedas e questões regulatórias, a integração de moedas digitais emitidas por bancos centrais (CBDCs) nos super apps pode facilitar transações seguras e acessíveis. Mehta enfatiza a importância de diretrizes regulatórias claras para maximizar o potencial desses aplicativos.
Resumo supervisionado por jornalista.

Super apps são plataformas que reúnem uma variedade de serviços em um único aplicativo, disponíveis em diferentes dispositivos, como smartphones e computadores. Com eles, os usuários podem gerenciar contas bancárias, pedir comida, reservar viagens, comprar produtos e acessar aplicações de saúde, tudo em um só lugar.

O setor de finanças descentralizadas (DeFi), através da tecnologia blockchain, tem impulsionado a criação desses super apps. Projetos como Uniswap, Aave e Compound são exemplos de iniciativas voltadas para integrar diferentes ecossistemas em uma única plataforma.

Nas finanças tradicionais, o Open Finance busca desenvolver soluções integradas, permitindo que os usuários acessem suas contas bancárias em um único aplicativo e compartilhem seu histórico financeiro com outras instituições, visando uma maior personalização de produtos e serviços.

Na China, o WeChat permite que os usuários se comuniquem, façam pagamentos, comprem produtos e solicitem serviços de transporte. Na Indonésia, o Gojek segue um modelo semelhante. Essa tendência global tem potencial para ser amplamente explorada por empreendedores.

Nesse contexto, o PanoramaCrypto entrevistou Neha Mehta, fundadora da FemTech Partners e autora do livro One Stop, que explora a inovação trazida pelos super apps.

O que a inspirou a escrever um livro sobre super apps e o que os diferencia dos aplicativos tradicionais?

Os super apps criam ecossistemas integrados que simplificam as experiências dos usuários, conectando diversos serviços em uma única plataforma. O diferencial em relação aos aplicativos tradicionais é a capacidade de unir múltiplos serviços de forma eficiente. Em meu trabalho com fintechs, observei como esses aplicativos podem promover inclusão financeira e sustentabilidade.

Como você enxerga a evolução dos super apps nos próximos 5-10 anos, considerando a concorrência e as mudanças regulatórias?

ilustração de um homem em frente a um celular com ícones de aplicativos, para ilustrar o conceito de superapps
Imagem gerada por Inteligência Artificial

Os super apps devem continuar a expandir suas áreas de atuação, especialmente em setores como sustentabilidade e saúde. Com o aumento da concorrência, será essencial inovar, incorporando blockchain, inteligência artificial e novos recursos de segurança. Regulamentações, principalmente relacionadas à privacidade de dados e sistemas financeiros, pressionarão essas plataformas a adotar maior transparência e responsabilidade, criando oportunidades para inovações éticas.

Como a tecnologia blockchain pode melhorar a funcionalidade e a segurança dos super apps? Pode dar exemplos?

A blockchain oferece maior transparência e segurança, registrando transações de forma descentralizada. Um exemplo seria a integração de blockchain em super apps de pagamentos, que poderia permitir transferências transfronteiriças seguras e em tempo real. Outra possibilidade é o uso de blockchain para rastrear créditos de carbono em soluções voltadas para a sustentabilidade.

Quais são os desafios e oportunidades na integração de criptomoedas nesses aplicativos? Como esses obstáculos podem ser superados?

A integração de criptomoedas oferece oportunidades para inclusão financeira, especialmente em mercados emergentes. No entanto, os desafios incluem a volatilidade das moedas, questões regulatórias e a confiança dos consumidores. A educação financeira, a definição de marcos regulatórios claros e a cooperação com governos podem ajudar a superar esses obstáculos.

Quais são as considerações éticas no desenvolvimento de super apps que integram criptomoedas?

As principais preocupações éticas envolvem a segurança e a privacidade dos dados dos usuários, além do acesso a essas plataformas. É fundamental que os usuários, principalmente os de comunidades menos atendidas, sejam informados sobre os riscos e benefícios. Os desenvolvedores devem garantir a segurança contra fraudes, ao mesmo tempo que promovem ecossistemas transparentes e inclusivos.

Como você vê a relação entre as moedas digitais emitidas por bancos centrais (CBDCs) e os super apps no futuro?

As CBDCs podem ser integradas aos super apps, oferecendo uma forma de pagamento estável e regulamentada, o que tornaria as transações mais seguras e amplamente aceitas. Essa relação pode ajudar a promover a inclusão financeira e estimular novos modelos de colaboração entre o setor público e o privado.

Se pudesse mudar algo no cenário atual dos super apps e criptomoedas, o que seria?

Eu criaria diretrizes regulatórias globais mais claras para a integração das criptomoedas nos super apps. Isso reduziria a incerteza e facilitaria as transações internacionais, permitindo que esses aplicativos fossem usados de maneira mais eficaz para promover inclusão financeira e sustentabilidade.