Ethereum: guia sobre a criptomoeda ETH e a blockchain

Através de smart contracts, a Ethereum funciona como base para os ecossistemas DeFi e de NFTs, sendo o ether (ETH) a criptomoeda que alimenta as transações da rede.

Carolina Mattos  /  15 de outubro de 2025
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A Ethereum é uma plataforma de blockchain descentralizada que funciona como um “computador mundial”, permitindo a criação e execução de aplicativos (dApps) e smart contracts. Diferente do Bitcoin, seu foco não é ser apenas uma moeda digital, mas sim uma infraestrutura para a nova internet, a Web 3.0. Sua criptomoeda nativa, o ether (ETH), é o “combustível” da rede, usado para pagar as taxas de transação (gás) necessárias para executar qualquer operação. Após a atualização “The Merge”, a rede passou a operar com o mecanismo de Proof-of-Stake, tornando-se mais eficiente e sustentável.

A principal inovação da Ethereum, os smart contracts, possibilitou o surgimento de um vasto ecossistema que inclui as Finanças Descentralizadas (DeFi), com suas exchanges e protocolos de empréstimo, os Tokens Não Fungíveis (NFTs) e as Organizações Autônomas Descentralizadas (DAOs). Apesar de enfrentar desafios de escalabilidade e altas taxas de gás, que estão sendo solucionados por redes de segunda camada, a Ethereum se consolidou como a principal plataforma para o desenvolvimento de aplicações descentralizadas.

Resumo supervisionado por jornalista.

E se uma criptomoeda pudesse fazer mais do que apenas ser dinheiro? E se ela pudesse executar programas, criar mercados e servir como base para uma nova geração da internet? Essa foi a pergunta que levou à criação da Ethereum, a segunda criptomoeda mais popular do mundo e, para muitos, uma das tecnologias mais importantes do século XXI.

Diferente do bitcoin, que foi projetado para ser “ouro digital”, a Ethereum foi concebida desde o início como uma rede descentralizada para a execução de aplicativos, funcionando como um “computador mundial”. Sua criptomoeda nativa, o ether (ETH), é o combustível que alimenta essa rede revolucionária.

Assim, enquanto o termo Ethereum refere-se a blockchain e a tecnologia por trás do projeto, ether é o nome da principal criptomoeda da rede, conhecida pela sigla ETH.

Entenda a seguir sobre as duas faces: a tecnologia que está redefinindo indústrias e os usos da criptomoeda:

O que é o Ether (ETH)? O combustível da rede Ethereum

É crucial fazer a distinção entre a criptomoeda e a rede blockchain. Ethereum é a plataforma e ether (ETH) é a criptomoeda. Embora o ETH seja amplamente negociado como um ativo de investimento, sua principal função dentro do ecossistema é ser o “combustível” da rede blockchain.

A função principal: gás para as transações

Toda e qualquer ação na rede Ethereum exige poder computacional, e esse poder tem um custo. Esse custo é medido em uma unidade chamada Gas, e ele é pago em ETH. Seja para enviar tokens, interagir com um aplicativo, comprar um NFT ou executar um smart contract, uma pequena quantidade de ETH é necessária para pagar a “taxa de gás” (gas fee) aos validadores.

A analogia é simples: o ether é a gasolina necessária para fazer um carro (um aplicativo ou uma transação) andar na “estrada” da Ethereum. Sem ETH, a rede para.

Outros casos de uso do Ether

Moeda do ecossistema: ETH é a moeda padrão para a compra e venda de NFTs nos principais marketplaces e a unidade de conta primária em grande parte do universo DeFi.

Colateral em DeFi: ETH é o ativo de garantia (colateral) mais utilizado no ecossistema de Finanças Descentralizadas. Em plataformas de empréstimos descentralizados como Aave e Compound, os usuários depositam ETH para pegar emprestado outras criptomoedas, como as stablecoins.

Quanto vale um ether (ETH) e como comprar?

A criptomoeda ETH é a segunda maior por capitalização no mercado. Existem mais de 120 milhões de unidades da moeda em circulação, representando um valor de mercado de aproximadamente US$ 377 bilhões.

A compra da criptomoeda ETH pode ser em exchanges descentralizadas e centralizadas. Para isso, basta ter uma conta na corretora e saldo em dinheiro ou em criptomoeda.

Ethereum vs. Bitcoin: qual a diferença?

Segundo uma entrevista de Vitalik Buterin ao podcast The Stakeborg Talks em 2021, o bitcoin é como uma planilha onde todos controlam apenas suas linhas, sendo uma plataforma onde o valor do ecossistema vem do valor da moeda. Enquanto isso, a Ethereum é uma planilha macro onde o valor da moeda vem do valor do ecossistema.

A melhor analogia é pensar que, se o Bitcoin é como um aplicativo específico (dinheiro digital), a Ethereum é como um sistema operacional descentralizado (como o iOS ou o Android), sobre o qual milhares de outros aplicativos podem ser construídos e executados.

ethereum, bitcoin

Blockchain Ethereum: a base da Web 3.0

Para entender a Ethereum, é crucial separá-la de sua criptomoeda. A Ethereum é, antes de tudo, uma plataforma de software aberta, uma rede descentralizada que serve como infraestrutura para a execução de código.

Ou seja, assim como qualquer blockchain, uma das características principais é que os dados são públicos. Então, qualquer pessoa pode ter acesso às informações da blockchain se tiver as ferramentas certas. Ou seja, é possível saber quanto ETH uma carteira possui, transações feitas e aplicativos que o usuário interagiu na rede.

Smart Contracts como principal inovação

A grande revolução da Ethereum foi a popularização dos smarts contracts (contratos inteligentes). Eles são programas autoexecutáveis e personalizáveis que rodam diretamente na blockchain. As regras de um acordo (um contrato) são escritas em linhas de código e, uma vez que o smart contract é implementado na rede, ele se torna imutável e sua execução é garantida, sem a necessidade de um intermediário.

Pense em um smart contract como uma máquina de vendas digital e autônoma. Se você inserir o dinheiro (uma condição), a máquina automaticamente lhe entregará o produto (o resultado). Não há a necessidade de um funcionário para supervisionar a transação.

Como surgiu?

O responsável por desenvolver a plataforma foi o programador russo-canadense Vitalik Buterin, um dos principais nomes do mercado cripto. Ele conheceu o bitcoin em 2011 e tornou-se cofundador do site Bitcoin Magazine em 2012.

Em 2013, Buterin começou a desenvolver o white paper do projeto e, no ano seguinte, lançou uma oferta inicial de moeda (ICO) da ETH, arrecadando cerca de US$ 19 milhões. Por fim, o lançamento da plataforma aconteceu oficialmente em 2015.

Como a rede funciona? O mecanismo Proof-of-Stake (PoS)

A Ethereum opera com um mecanismo de consenso conhecido como Proof-of-Stake (PoS). Nesse sistema, os participantes da rede, chamados de validadores, “travam” uma certa quantidade de ETH (um processo conhecido como staking) como garantia de seu bom comportamento. Em troca de validar transações e ajudar a proteger a rede, eles recebem recompensas em ETH.

Essa é uma mudança significativa em relação ao seu antigo modelo, o Proof-of-Work (PoW), que era o mesmo usado pelo Bitcoin. A transição histórica, conhecida como “The Merge”, tornou a rede Ethereum muito mais eficiente em termos de consumo de energia.

Ecossistema da Ethereum: exemplos de uso da blockchain

Além de ser um meio para registrar e validar transações de criptomoedas, as características da Ethereum permitem criar um ecossistema completo de aplicações construído sobre sua infraestrutura.

Em entrevista para Tank Magazine em 2019, Vitalik Buterin falou sobre as funções da rede:

Eu queria pegar os recursos existentes e torná-los mais aplicáveis. Em vez de apenas registrar a diferença entre o tipo de contrato financeiro em jogo, você pode incluir um argumento e uma fórmula. A fórmula representaria o contrato entre duas pessoas.

Assim, alguns exemplos de uso da rede blockchain da Ethereum incluem a EVM (máquinas virtuais) e agilizar as transações e diminuir os curstos das redes de segunda camada, mas também:

Finanças Descentralizadas (DeFi)

A Ethereum é o berço do DeFi. As maiores exchanges descentralizadas (DEXs) como a Uniswap, plataformas de empréstimo como a Aave, e stablecoins como a DAI, aplicativos descentralizados (dApps) como Ox Protocol, Metamask Swap e 1inch Network operam primariamente na Ethereum.

Emissão de tokens

A emissão de diversos tokens acontecem na Ethereum. Para isso, é usado o padrão técnico Token ERC20. As principais criptomoedas são:

Tokens Não Fungíveis (NFTs)

A plataforma é uma das principais escolhas para representar obras de artes digitais no formato de tokens não-fungíveis (NFTs) e experiências únicas. Desde coleções de arte digital como a CryptoPunks até itens de jogos e terrenos virtuais, são criadas e negociadas na rede Ethereum utilizando padrões de token como o ERC-721.

As principais coleções de NFTs são Bored Ape Yacht Club (BAYC), Mutant Ape Yacht Club (MAYC) e Azuki.

Organizações Autônomas Descentralizadas (DAOs)

A Ethereum permite a criação de DAOs, que são organizações governadas por código e pela comunidade, através de votações on-chain, sem uma estrutura hierárquica tradicional.

ilustração representando a rede Ethereum com o símbolo centralizado e computadores interligados ao redor
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Atualizações da rede blockchain

Após concluir importantes atualizações entre 2022 e 2023, o ano de 2024 está sendo marcado por mais mudanças na blockchain. 

Até setembro de 2022, o único mecanismo de consenso da plataforma Ethereum era o protocolo a prova de trabalho (proof-of-work), que utiliza a atividade de mineração para validar dados na plataforma. Entretanto, com a atualização The Merge aconteceram mudanças na rede.

The Merge

A atualização The Merge foi uma das mais importantes da rede, afinal, mudou o mecanismo de validação de dados para um novo protocolo, indo de prova de trabalho (PoW) para prova de participação (PoS).

Todo o ecossistema migrou para um protocolo baseado na prova de participação (proof-of-stake). Assim, a plataforma interrompeu a mineração de criptomoedas e inaugurou uma atividade na rede: a recompensa por staking.

Nesta versão chamada Ethereum 2.0, os usuários participam de pools de liquidez onde o saldo da criptomoeda serve como validador de dados na blockchain. Como recompensa por manter os ativos nestes programas, eles recebem criptomoedas.

A mudança aconteceu a partir da “Fusão” (tradução livre de Merge) entre duas camadas da Ethereum, a Mainnet, rede principal, e a Beacon Chain, que já utilizava o mecanismo PoS. Antes de integrar o mecanismo na rede principal, aplicaram três vezes os chamados “testnets” nas redes Ropsten, Spolia e Goerli.

Um dos objetivos da mudança foi reduzir em até 99% a emissão de carbono gerada pela mineração de dados na rede, afinal, a Ethereum emitia 130 mil toneladas de carbono por dia com a mineração. Até então, a Ethereum funcionava por um mecanismo de prova de trabalho. Mas, com a atualização, a rede mudou o protocolo para prova de participação.

A ativação da primeira etapa da atualização, chamada “Bellatrix”, aconteceu em 6 de setembro às 8h34min no horário de Brasília. Em seguida, a fase conclusiva “Paris” entre os dias 10 e 20 de setembro.

O ponto de transição foi a Dificuldade Total do Terminal (TTD) atingir 58.750.000.000.000.000.000.000. Assim, no primeiro momento, será feita uma fusão entre as duas camadas da Ethereum, cujo intuito é dificultar a mineração da rede a um ponto em que esta não seja mais possível ser feita.

Cancun-Deneb

Além da nova atualização Cancun-Deneb (Dencun Fork) implementada em março de 2024, a ether teve uma evolução importante no mercado seguindo o movimento de valorização do bitcoin.

As três principais mudanças com a atualização foram:

EIP-4844: impactou as soluções de segunda camada ao propor separação de dados nos blocos criados na Ethereum. Com isso, a rede passou a usar um mecanismo de dados por amostra.

EIP-4788: com a proposta de modernizar os programas de staking, eliminou os intermediários do processo de validação de participantes da rede que fornecem saldo da criptomoeda para confirmar transações.

EIP-5656: nessa proposta a Ethereum planeja atualizar a máquina virtual EVM. Como resultado, a cópia de dados da rede será reestruturada, permitindo acesso simplificado às informações.

Assim, nessa atualização, o foco é otimizar a integração de protocolos de segunda camada para reduzir as taxas de uso da Ethereum, ter mais segurança e aumentar o processamento de dados.

Desafios e o futuro da Ethereum

O principal desafio da Ethereum está relacionado ao chamado “trilema da blockchain”: a dificuldade de alcançar escalabilidade, segurança e descentralização ao mesmo tempo. O sucesso da rede levou a um grande congestionamento, resultando em altas taxas de gás em períodos de alta demanda.

Para resolver isso, o ecossistema está desenvolvendo ativamente as soluções de segunda camada (Layer 2s), como a Polygon, a Arbitrum e a Optimism. Elas são redes que operam “em cima” da Ethereum, processando transações de forma mais rápida e barata, mas ainda herdando a segurança da camada principal.

A fundação da nova internet

A Ethereum provou ser muito mais do que apenas uma criptomoeda. Sua dupla natureza, de um lado uma plataforma revolucionária para aplicativos descentralizados e do outro uma criptomoeda com utilidade intrínseca, a consolidou como a camada fundamental sobre a qual grande parte da Web 3.0 está sendo construída.

Apesar dos desafios de escalabilidade, seu ecossistema vibrante e sua comunidade de desenvolvedores a mantêm na vanguarda da inovação em blockchain.

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Dúvidas frequentes sobre Ethereum

Ethereum é a segunda blockchain mais popular no mercado cripto e também é responsável pela segunda maior criptomoeda, conhecida como ether (ETH).
Ethereum é o nome da tecnologia e da blockchain por trás do projeto, enquanto ether e ETH é o nome dado para a criptomoeda principal da plataforma.
Essa é a nova fase da Ethereum, que foi iniciada com a atualização The Merge, onde o mecanismo de prova de trabalho foi substituído pelo mecanismo de prova de participação.
A principal diferença entre o ETH e o bitcoin é o protocolo de mecanismo de consenso, além do uso de contratos inteligentes na rede Ethereum.
Staking é um programa de recompensas voltado para a prova de participação, onde o usuário ‘empresta’ suas criptomoedas para a plataforma validar transações na rede.
Não é possível minerar ETH desde que a rede mudou o protocolo para prova de participação.