Guia da Ethereum: tudo sobre a blockchain e a criptomoeda ETH

A Ethereum possibilita a descentralização e customização de soluções digitais, além de ser a responsável pela criptomoeda ether (ETH)

Por Paulo Carvalho  /  27 de fevereiro de 2024
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Ethereum é a segunda blockchain mais popular no mercado cripto. Evolução da rede do Bitcoin, ela tem maior capacidade de processamento de dados e possibilita a personalização das operações por meio dos smart contracts (contratos inteligentes).

Além da rede, a criptomoeda da Ethereum também é famosa, sendo a segunda maior do mercado. Uma curiosidade é que apesar do ativo ser conhecido pelo nome da blockchain, a nomenclatura oficial é ether (ETH).

A Ethereum funcionava com a mineração de dados assim como o bitcoin, entretanto, expandiu a proposta de descentralização para outros segmentos, como financeiro e jogos. Assim, a rede evoluiu para uma tecnologia que dá suporte a um ecossistema de soluções digitais.

Entenda mais sobre o ecossistema da Ethereum:

O que é Ethereum?

Enquanto o termo Ethereum refere-se a blockchain e a tecnologia por trás do projeto, ether é o nome da principal criptomoeda da rede, conhecida pela sigla ETH.

O responsável por desenvolver a plataforma foi o programador russo-canadense Vitalik Buterin, um dos principais nomes do mercado cripto. Ele conheceu o bitcoin em 2011 e tornou-se cofundador do site Bitcoin Magazine em 2012.

Em 2013, Buterin começou a desenvolver o white paper do projeto e, no ano seguinte, lançou uma oferta inicial de moeda (ICO) da ETH, arrecadando cerca de US$ 19 milhões. Por fim, o lançamento da plataforma aconteceu oficialmente em 2015.

Mas qual a diferença entre a Ethereum e o Bitcoin? Segundo uma entrevista de Vitalik Buterin ao podcast The Stakeborg Talks em 2021, o bitcoin é como uma planilha onde todos controlam apenas suas linhas, sendo uma plataforma onde o valor do ecossistema vem do valor da moeda. Enquanto isso, a Ethereum é uma planilha macro onde o valor da moeda vem do valor do ecossistema.

ethereum, bitcoin

Quanto vale um ether (ETH) e como comprar?

A criptomoeda ETH é a segunda maior por capitalização no mercado. Existem mais de 120 milhões de unidades da moeda em circulação, representando um valor de mercado de aproximadamente US$ 377 bilhões.

Confira o gráfico de quanto está valendo um ETH hoje no par ETH/USD:

A compra da criptomoeda ETH pode ser em exchanges descentralizadas e centralizadas. Para isso, basta ter uma conta na corretora e saldo em dinheiro ou em criptomoeda.

Como funciona a blockchain?

Assim como qualquer blockchain, uma das características principais é que os dados são públicos. Então, qualquer pessoa pode ter acesso às informações da blockchain se tiver as ferramentas certas. Ou seja, é possível saber quanto ETH uma carteira possui, transações feitas e aplicativos que o usuário interagiu na rede.

Além disso, a Ethereum oferece diversas soluções que permite desenvolver soluções digitais diversas, como:

  • Smarts contracts: acordos digitais entre as partes que não precisa de intermediários e podem ser personalizados;
  • Redes blockchains de segunda camada: agilizam as transações e diminuem os custos;
  • Máquinas virtuais, como a EVM.

Assim, a blockchain consegue formar um ecossistema completo que dá suporte para o funcionamento de diversas partes do universo cripto.

Usos da blockchain

Em entrevista para Tank Magazine em 2019, Vitalik Buterin falou sobre as funções da rede:

Eu queria pegar os recursos existentes e torná-los mais aplicáveis. Em vez de apenas registrar a diferença entre o tipo de contrato financeiro em jogo, você pode incluir um argumento e uma fórmula. A fórmula representaria o contrato entre duas pessoas.

Assim, além de ser um meio para registrar e validar transações de criptomoedas, as características da Ethereum permitem que a rede também funcione para:

Emissão de tokens

A emissão de diversos tokens acontecem na Ethereum. Para isso, é usado o padrão técnico Token ERC20. As principais criptomoedas são:

  • Polygon (POL);
  • Wrapped bitcoin (WBTC);
  • Maker (MKR);
  • Chainlink (LINK);
  • Uniswap (UNI).

Além desses, a plataforma é uma das principais escolhas para representar obras de artes digitais no formato de tokens não-fungíveis (NFTs) e experiências únicas. As principais coleções de NFTs são Bored Ape Yacht Club (BAYC), Mutant Ape Yacht Club (MAYC) e Azuki.

Aplicativos descentralizados (dApps)

Aplicativos descentralizados são criados na blockchain, como exchanges, plataformas de empréstimos cripto e organizações autônomas descentralizadas (DAOs). Alguns exemplos de dApps na rede são: Uniswap V3, Uniswap V2, Ox Protocol, Metamask Swap e 1inch Network.

ilustração representando a rede Ethereum com o símbolo centralizado e computadores interligados ao redor
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Atualizações da rede blockchain

Após concluir importantes atualizações entre 2022 e 2023, o ano de 2024 está sendo marcado por mais mudanças na blockchain. 

Até setembro de 2022, o único mecanismo de consenso da plataforma Ethereum era o protocolo a prova de trabalho (proof-of-work), que utiliza a atividade de mineração para validar dados na plataforma. Entretanto, com a atualização The Merge aconteceram mudanças na rede.

The Merge

A atualização The Merge foi uma das mais importantes da rede, afinal, mudou o mecanismo de validação de dados para um novo protocolo, indo de prova de trabalho (PoW) para prova de participação (PoS).

Todo o ecossistema migrou para um protocolo baseado na prova de participação (proof-of-stake). Assim, a plataforma interrompeu a mineração de criptomoedas e inaugurou uma atividade na rede: a recompensa por staking.

Nesta versão chamada Ethereum 2.0, os usuários participam de pools de liquidez onde o saldo da criptomoeda serve como validador de dados na blockchain. Como recompensa por manter os ativos nestes programas, eles recebem criptomoedas.

A mudança aconteceu a partir da “Fusão” (tradução livre de Merge) entre duas camadas da Ethereum, a Mainnet, rede principal, e a Beacon Chain, que já utilizava o mecanismo PoS. Antes de integrar o mecanismo na rede principal, aplicaram três vezes os chamados “testnets” nas redes Ropsten, Spolia e Goerli.

Um dos objetivos da mudança foi reduzir em até 99% a emissão de carbono gerada pela mineração de dados na rede, afinal, a Ethereum emitia 130 mil toneladas de carbono por dia com a mineração. Até então, a Ethereum funcionava por um mecanismo de prova de trabalho. Mas, com a atualização, a rede mudou o protocolo para prova de participação.

Etapas de integração

A ativação da primeira etapa da atualização, chamada “Bellatrix”, aconteceu em 6 de setembro às 8h34min no horário de Brasília. Em seguida, a fase conclusiva “Paris” entre os dias 10 e 20 de setembro.

O ponto de transição foi a Dificuldade Total do Terminal (TTD) atingir 58.750.000.000.000.000.000.000. Assim, no primeiro momento, será feita uma fusão entre as duas camadas da Ethereum, cujo intuito é dificultar a mineração da rede a um ponto em que esta não seja mais possível ser feita.

Cancun-Deneb

Além da nova atualização Cancun-Deneb (Dencun Fork) implementada em março de 2024, a ether teve uma evolução importante no mercado seguindo o movimento de valorização do bitcoin.

As três principais mudanças com a atualização foram:

EIP-4844: impactou as soluções de segunda camada ao propor separação de dados nos blocos criados na Ethereum. Com isso, a rede passou a usar um mecanismo de dados por amostra.

EIP-4788: com a proposta de modernizar os programas de staking, eliminou os intermediários do processo de validação de participantes da rede que fornecem saldo da criptomoeda para confirmar transações.

EIP-5656: nessa proposta a Ethereum planeja atualizar a máquina virtual EVM. Como resultado, a cópia de dados da rede será reestruturada, permitindo acesso simplificado às informações.

Assim, nessa atualização, o foco é otimizar a integração de protocolos de segunda camada para reduzir as taxas de uso da Ethereum, ter mais segurança e aumentar o processamento de dados.

Dúvidas frequentes sobre Ethereum

Ethereum é a segunda blockchain mais popular no mercado cripto e também é responsável pela segunda maior criptomoeda, conhecida como ether (ETH).
Ethereum é o nome da tecnologia e da blockchain por trás do projeto, enquanto ether e ETH é o nome dado para a criptomoeda principal da plataforma.
Essa é a nova fase da Ethereum, que foi iniciada com a atualização The Merge, onde o mecanismo de prova de trabalho foi substituído pelo mecanismo de prova de participação.
A principal diferença entre o ETH e o bitcoin é o protocolo de mecanismo de consenso, além do uso de contratos inteligentes na rede Ethereum.
Staking é um programa de recompensas voltado para a prova de participação, onde o usuário ‘empresta’ suas criptomoedas para a plataforma validar transações na rede.
Não é possível minerar ETH desde que a rede mudou o protocolo para prova de participação.

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