Como a Lightning Network pode resolver os problemas do Bitcoin?

Descubra como a Lightning Network está solucionando problemas da rede do Bitcoin, como escalabilidade e velocidade de transação

Redação  /  26 de maio de 2023
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Assim como a rede Ethereum, a blockchain do Bitcoin sofre com problemas de escalabilidade. Pensando em solucionar esse problema, usuários desenvolveram uma solução de Layer 2 nomeada Lightning Network.

A ideia aqui é simples: com o processamento limitado de transações, o congestionamento da rede pode atrasar a confirmação de operações dentro da blockchain. Essa rede alternativa consegue absorver as demandas e evitar que isso aconteça.

Mas, na prática, como a Lightning Network funciona? Continue a leitura para descobrir!

O que é Lightning Network?

A Lightning Network é uma solução blockchain com total integração com o Bitcoin. A camada 2 é capaz de confirmar operações em um ecossistema que funciona fora da rede principal do BTC.

Dessa forma, a Lightning Network oferece mais escalabilidade para a blockchain do Bitcoin. Uma solução que resolve também outro problema: o custo elevado para confirmar as transações.

Em resumo, essa layer 2 proporciona não apenas baixo custo operacional, mas também maior velocidade no processamento das transações. Assim, essa camada extra do bitcoin foca em pagamentos.

A empresa responsável pelo desenvolvimento da Lightning Network é a Lightning Labs que tem como CEO e co-fundadora a Elizabeth Stark. Segundo ela, a Lightning Network permite “que os computadores façam transações de blockchain armazenando apenas a informação que interessa aos usuários — o dinheiro deles”.

Solução de camada 2 para rede blockchain

O mercado cripto precisa evoluir conforme o crescimento de todo o setor e, por isso, cada vez mais as redes blockchains apostam em aumentar a escalabilidade das operações, oferecendo ainda mais segurança e rapidez na confirmação dos dados.

No entanto, os primeiros projetos do mercado cripto, como o Bitcoin e a Ethereum, não conseguiram evoluir tão rapidamente. Por mais que tenham passado por algumas atualizações recentemente, os principais problemas dessas redes não foram solucionados.

A alternativa, portanto, foi desenvolver uma layer 2, que se integra à blockchain principal, mas consegue otimizar o processamento de dados e oferecer um fluxo mais rápido e mais barato para os usuários.

O objetivo do protocolo é dar escala e mais velocidade às blockchains. E, apesar de ter sido criada para resolver algumas limitações do bitcoin, “pode ser implementada sobre qualquer blockchain”.

Pedro Mace, head de DeFi da Transfero, explica que a Lightning Network pode abrir uma série de oportunidades para todo o ecossistema cripto.

“A Lightning Network pode resolver os problemas da rede Bitcoin através da implementação de uma solução de segunda camada. Ela alivia a carga na blockchain principal e aumenta a capacidade global de processamento. E como utiliza canais de pagamento off-chain, a rede reduz os congestionamentos e os altos custos de transação, oferecendo uma solução escalável para o ecossistema.”

Mace ainda explica que muitos usuários já realizam pagamentos com criptomoedas e, por isso, a Lightning Network pode ser usada por qualquer investidor, permitindo que as transações sejam concluídas praticamente de forma instantânea.

Uma rede blockchain de pagamentos

Pagamentos com criptomoedas estão se popularizando em todo o mundo. No Brasil, existem restaurantes, quiosques e até cafés já aceitando moedas digitais como forma de pagamento, o Transfero Checkout é um exemplo disso.

Mas para tornar essa modalidade de pagamento viável, a instantaneidade é essencial. Dessa forma, de acordo com Mace, a Lightning Network permite a realização de transações off-chain entre os investidores, ou seja, com confirmação de dados acontecendo fora da blockchain principal do BTC.

“Essa rede funciona por meio da abertura de canais de pagamento entre os participantes. Esses canais são estabelecidos na blockchain do Bitcoin e permitem a realização de transações off-chain entre os usuários. As atualizações de saldo nesses canais são registradas na blockchain para garantir a segurança e a integridade das transações. Além disso, a rede permite a criação de rotas de pagamento, possibilitando que os usuários enviem pagamentos para terceiros mesmo sem ter um canal direto aberto entre eles.”

Novas criptomoedas, tokens e NFTs

Em um momento que a Lightning Network ganha espaço no mercado cripto, a rede principal do BTC sofreu com o congestionamento de dados: algumas transações aguardaram por mais de 20 horas até a confirmação, o que inclusive impactou no valor de mercado do bitcoin.

Além do volume natural, uma atualização na blockchain, chamada de Taproot, tornou a situação ainda pior. Para Mace, essa atualização “forçada” não foi uma decisão precisa dos desenvolvedores da blockchain.

Na prática, Mace acredita que esses novos projetos estejam congestionando a rede, impedindo que inúmeras transações sejam registradas na blockchain.

“Já existiram outros projetos, como o Colored Coins, que utilizaram espaços para dados em uma transação de bitcoin para emular NFTs e Tokens. O problema, porém, é que uma adaptação dessas, forçada, não é duradoura. O processo necessário para validar essas funcionalidades criam ineficiências na rede e ocupam muito mais espaço de bloco do que uma transação normal.”

Lightning Network precisa evoluir

A Lightning Network evoluiu muito em apenas um ano. Em maio de 2022, a layer 2 do bitcoin processou 3,9 mil unidades de BTC em apenas um dia. Ainda assim, há desafios. Em março de 2020, no evento Bitcoin Tech Meetup, Elizabeth Stark falou sobre os maiores desafios encarados pela Lightning:

“Acredito que a usabilidade é realmente um ponto-chave.  Mas, para resumir, a segurança, a usabilidade e o tempo que leva para desenvolver são os desafios”, disse lembrando que, assim como deve acontecer com as criptomoedas, a internet, que foi criada em 1969, levou anos para se popularizar”.

Por mais que o Bitcoin possua a Lightning Network, essa layer 2 não é suficiente para suprir todos os problemas. Enquanto a rede Ethereum possui inúmeros projetos de layer 2 e 3, como Loopring, Intmax e Optmism, a blockchain do BTC conta apenas com essa alternativa como sidechain principal.

Dessa forma, mesmo oferecendo mais escalabilidade para a rede, a Lightning Network ainda precisa evoluir, afirma Pedro Mace. Ele conclui que a solução passou por melhorias, mas ainda está longe de ser um projeto totalmente descentralizado e eficaz.

“Extrapolando esse tipo de atividade para uma segunda camada que utiliza o próprio bitcoin para fazer checkpoints e conclusão de conflito faz muito mais sentido, mas a adoção da LN precisa ficar muito mais saudável e sustentável para isso funcionar de forma fluida. Um dia a gente acerta a fórmula de descentralização e processamento, mas hoje ainda não é esse dia.”

Lightning Pool

A Lightning Labs criou um novo sistema que é uma espécie de DeFi (finanças descentralizadas) para o bitcoin. O novo produto da criadora da Lightning Network (LN), ganhou o nome de Lightning Pool.

Com o novo produto, é possível aos operadores comprarem a liquidez necessária para fazer as operações. Assim, garante-se o funcionamento da rede de maneira mais fluida.

Além disso, surge uma nova forma de ganhar dinheiro dentro da LN. Os operadores que querem disponibilizar liquidez podem participar de leilões para decidir o destino de seus recursos. Deste modo, é possível direcionar a liquidez para as áreas de rede com maior necessidade naquele momento, explicou a empresa.

O melhor uso dos recursos “melhora a rede como um todo”, analisou Ryan Gentry, chefe de Business Development da empresa. E essa melhora a torna “mais confiável e resiliente para todos”, conclui.

A comparação do o DeFi se deve ao fato de que, neste tipo de rede crypto, os protocolos costumam pagar a quem gera liquidez para as exchanges ou plataformas de empréstimos.