A cotação do bitcoin tem oscilado na faixa de US$ 6 mil desde meados de setembro. Assim, de lá para cá, esse é um dos períodos de maior estabilidade da moeda desde o rali que elevou seu preço a cerca de US$ 17 mil e da queda que levou à cotação atual. Não dá para cravar que o preço da criptomoeda mais popular do mundo terá valorização, mas algumas evidências apontam nessa direção.
No livro Criptomoedas – Melhor do que dinheiro (Empiricus, 2018), os autores André Franco e Vinícius Bazan apontam alguns indicativos dessa possibilidade de valorização ao fazerem um paralelo com os estágios de uma inovação. Os autores apontam cinco estágios a partir dos estudos de Everett M. Rogers, sociólogo e pesquisador da área de comunicação.
Inovadores
Os inovadores formam uma parcela ínfima do mercado. No entanto, é nesse grupo que surgem as potenciais disrupções da indústria. É, portanto, o público mais técnico, que propõe soluções para problemas complexos.
Early adopters
Esses são os primeiros usuários. São, portanto, aqueles que se aventuram em consumir uma inovação mesmo que não tenham sido testadas a fundo ou massificadas. É como aquele seu primo que comprou a TV 4K quando nenhuma emissora transmitia nessa tecnologia e mesmo sem conhecê-la muito bem.
Geralmente são pessoas que querem ter acesso às inovações. Junto com os inovadores, formam 16% do mercado e são os responsáveis por levar as inovações à maioria inicial.
Maioria inicial
Caso a ideia ou produto vá para frente, ele chega ao grupo mapeado por Rogers como maioria inicial. Esse representa uma fatia significativa do mercado, em torno de 34%. Portanto, junto com os inovadores totalizam 50% do mercado.
Maioria final e atrasados
Os dois últimos grupos são os últimos a adotar qualquer inovação. Mas uma vez que a ideia atinja a maioria inicial, é quase certo que, uma hora ou outra, serão adotadas pelo público restante. Os atrasados adotam a invenção apenas por falta de opção.
Ponto de virada
Assim, o ponto de virada é considerado aquele que a aceitação de um produto ultrapassa a barreira dos inovadores e early adopters e atinja a maioria inicial. Portanto, ao cruzar essa fronteira, significa levá-lo à massa do mercado e destravar um processo de adoção mais amplo.
Conclusão
Apesar de as criptomoedas estarem ganhando ano a ano relevância, o número de pessoas que a adotam mostram que elas ainda estão atrás do ponto de virada. Ou seja, estão restritas a percentual inferior a 16% do mercado, formado pelos inovadores e early adopters. Portanto, se elas forem levadas a um próximo nível – o que muitos especialistas têm dito que está perto de ocorrer – vão gerar muito valor, primeiro para os inovadores e early adopters, depois para o restante do mercado.
O destravamento desse mercado para a maioria inicial passa ainda por muitos aspectos. Um deles, por exemplo, é a expectativa de que a SEC, xerife do mercado de ativos dos EUA, libere a criação de ETFs com criptomoedas. Quando isso ocorrer, muito dinheiro procurando valorização nas diferentes oportunidades de investimento vão migrar para estes fundos. Assim, estará aberto o caminho para que as criptomoedas ultrapassem o ponto de virada.