Stablecoins: o que são e como funcionam?

Descubra como essas criptomoedas oferecem estabilidade financeira e segurança em um mercado volátil

Por Redação  /  15 de maio de 2024
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Stablecoin é uma moeda digital que reúne a segurança da tecnologia blockchain e a estabilidade do dinheiro fiduciário. Isso é possível porque esse ativo digital é pareado a moedas fiduciárias, como o BRZ, com o real, ou outros ativos que são lastreados a outras reserva, como ouro, prata, petróleo, obras de arte e até mesmo o índice S&P500.

Esse uso dos ativos de reserva como lastro garante a estabilidade das stablecoins. Assim, elas são uma alternativa para contornar a volatilidade de outras criptomoedas, facilitando operações de troca e acesso à liquidez internacional. Assim, quem tem um ativo que está passando por variações pode rapidamente trocá-lo por ativos também digitais, cujas cotações permanecem estáveis.

Em comunicado da desenvolvedora da Cardano, Shahaf Bar-Geffen comentou que as stablecoins cresceram de forma surpreendente no mercado, com a adoção de criptoativos como forma de pagamento. Segundo ele, “o ecossistema stablecoin amadureceu surpreendentemente nos últimos anos. Os usuários da tecnologia blockchain usam stablecoin para suas transações diárias, independentemente de onde são enviados ou recebidos.”

Essa não é a única funcionalidade das stablecoins, mas, antes de tudo, o que são essas moedas estáveis?

O que é stablecoin?

Stablecoin é uma moeda estável pareada ao valor de um ativo físico ou a uma cesta de ativos. O próprio nome indica essa característica, já que combina dois termos em inglês, stable (estável) e coin (moeda).

O ativo digital pode ser lastreado a outra criptomoeda, a dinheiro fiduciário, a commodities ou metais preciosos, por exemplo.

Contudo, a maioria é pareada a moeda nacional como o Tether (USDT), USD Coin, Dai, Binance USD, TrueUSD e BRZ. Além destas, estima-se haver mais de 40 stablecoins com reservas que garantem seu valor.

Então, enquanto as criptomoedas geralmente não têm lastro, as stablecoins são lastreadas. Por isso, as moedas digitais “comuns” costumam ter oscilações de preço, enquanto as lastreadas não passam por isso, 1 USDT valerá sempre US$ 1.

Diferenças entre stablecoin e CBDC

Apesar de uma stablecoin poder ser pareada a um ativo de valor, ela não é emitida por um banco central. Essa é a principal diferença entre stablecoins e as CBDCs (Central Bank Digital Currencies ou Moedas Digitais de Bancos Centrais). Assim, uma CBDC é uma stablecoin, mas o inverso não é verdadeiro.

Em vez de ser estabilizada por bancos nacionais ou empresas privadas, isso é feito por meio de um token de governança (MKR). Para usar a DAI, o usuário deve depositar ativos como garantia em “Cofres Maker”, dentro da plataforma da Maker, criadora da DAI. Então, a plataforma gera DAIs, mas o valor destas não ultrapassa o da garantia. A partir disso, o criptoativo passa a poder ser usado.

Segundo Pedro Mace, ex-head de DeFi da Transfero, “as stablecoins permitem que as pessoas operem no mundo globalizado de forma livre e descentralizada”, mencionando que o BRZ é uma ferramenta nacional para isso e que a CBDC e a stablecoin não serão concorrentes. 

Leia mais: Como as stablecoins podem coexistir com moedas digitais dos bancos centrais?

Como uma stablecoin é criada?

Para manter a equivalência dos valores entre o ativo digital e a referência de valor costuma ser necessário ter alguma instituição por trás. Entretanto, nem toda stablecoin é totalmente centralizada. Um exemplo dessa exceção é a DAI, uma stablecoin com lastro em dólar.

Os emissores de stablecoins precisam manter o valor dos ativos as quais elas estão atreladas, entretanto, o métodos de colateralização (ou garantia) pode ser feito a partir de diferentes formas. O valor pode estar atrelado a ativos digitais, dólar americano, moedas nacionais, commodities e até algoritmos.

Os principais tipos de stablecoins são:

Stablecoin centralizada

A emissão é controlada pelos seus criadores. Quando não é auditada, nem sempre é possível saber se a companhia de fato tem reservas equivalentes entre a stablecoin e o ativo ao qual está pareada. A principal moeda neste conceito é o Theter.

Stablecoins cripto-colateralizada

Estão atreladas ao preço de outras criptomoedas descentralizadas, como o Ether (ETH) e a moeda Dai. As stablecoins desse tipo normalmente empregam algoritmos para gerenciar a oferta e a demanda da moeda, de modo que o que está em circulação corresponde ao que é mantido em reserva.

Stablecoins commodity-colateralizada

Lastreada em ativos como metais preciosos ou obras de arte.

Stablecoins não-colateralizada ou sem lastro

A estabilidade decorre de algoritmos que controlam a quantidade de ativos em circulação.

exchange

Quais são as vantagens das stablecoins?

Embora possa parecer uma desvantagem ter um ativo que não se valoriza, ter stablecoins na carteira pode ser útil. Confira algumas vantagens das stablecoins:

Facilidade de aquisição

A vantagem destes ativos é que eles são mais fáceis de adquirir do que moedas tradicionais, como euros ou dólares, permitem transferências rápidas para qualquer lugar do mundo, sem pagamento de taxas bancárias, e simplificam o acesso dos investidores às finanças descentralizadas (DeFi).

Proteção a volatilidade

Ainda assim, a principal vantagem é proteger o capital. Afinal, em países onde a moeda local é fraca ou se desvaloriza frente ao dólar, as stablecoins são alternativa para evitar que o patrimônio do usuário sofra com as frequentes oscilações do bitcoin e outras cripto voláteis. Afinal, com elas é possível perder parte do valor e ter prejuízo de um minuto para outro.

Além disso, há ainda o benefício de poder acessar exchanges internacionais sem se expor a variação de preço constante.

Auto-custódia

Outro benefício é a possibilidade de auto-custódia, ou seja, o usuário pode armazená-las em sua própria wallet. Imagine, por exemplo, que a pessoa resolveu vender suas criptomoedas, mas não quer deixar o dinheiro na exchange nem transferir para sua conta bancária. Uma solução é converter o valor em stablecoins. Um ponto de destaque é que é possível transferir as stablecoins entre exchanges, sem a necessidade de convertê-las em dinheiro fiduciário.

Pagamentos internacionais com preços competitivos

As stablecoins agilizam a compra de outros criptoativos em momentos oportunos e viabilizam trocas entre moedas por menor custo. Por exemplo, no caso de algumas moedas (como a lira turca) quem está no Brasil precisa, primeiro, trocar o real pelo dólar para depois ir para a lira, arcando com os custos de todos os intermediários destas transações.

Além dessa oferta de operações sem o custo elevado praticado pelas instituições bancárias, as transações são rápidas.

Acesso a exchanges internacionais

As stablecoins oferecem aos usuários a possibilidade de acessar plataformas estrangeiras com um preço médio mais em conta. Com o token emulando o valor da moeda brasileira é como se as operações fossem feitas em reais.

O BRZ (Brazilian Digital Token) cumpre este papel de ponte entre o mercado brasileiro e global. A stablecoin lançada pela Transfero em 2019 facilita o acesso do mercado e usuários brasileiros a produtos e serviços internacionais sem que seja necessário se expor à volatilidade do bitcoin.

Leia mais: 6 vantagens de ter stablecoins na wallet

Por que stablecoins podem ser melhores do que o dinheiro?

O uso do dinheiro está passando por uma grande transformação pela economia cada vez mais digitalizada. Moedas fiduciárias como o real estão prestes a ganhar sua versão digital através de CBDC’s, mas as stablecoins continuam sendo uma das melhores opções do mercado.

Embora CBDC’s estejam em desenvolvimento em todo o mundo, a maioria dessas moedas digitais não devem usar um registro distribuído de dados. Enquanto isso, as stablecoins são criadas em um ambiente completamente digital nas redes blockchains, onde o gerenciamento de informações é totalmente descentralizado. Com isso, trazem mais funcionalidade para o dinheiro, pois, além de ser usada como investimento, também são uma alternativa para as flutuações de preço das moedas fiduciárias.

As stablecoins estão entre os criptoativos mais usados pelos usuários do mercado cripto como forma de pagamento pelas taxas reduzidas em comparação aos meios convencionais, como o cartão de crédito. Para os lojistas, também funciona para proteção da compra, já que a transação não pode ser estornada.

Usar essas moedas digitais de preço atrelado a uma moeda fiduciária também significa acesso rápido ao dinheiro. Enquanto a finalização e confirmação de transações em dinheiro podem demorar dias, a de stablecoins demora apenas alguns segundos.

Outro ponto é que as pessoas acabam percebendo que podem confiar na blockchain mais do que no próprio governo, já que é uma confiança matemática. Segundo Pedro Mace “É uma experiência de colocar as coisas do mundo real na web 3.0”.

Dessa forma, a tendência é o aumento do uso de stablecoins para o envio de remessas ao invés de lotes de dinheiro. Confira a explicação do CFO da Transfero, Carlos Russo sobre como as stablecoins fazem parte do futuro do dinheiro.

Leia mais: 9 casos de uso das stablecoins

Onde e como comprar stablecoins?

A compra de stablecoins pode ser feita por meio de algumas exchanges. Então, antes de escolher a corretora, é importante checar se ela negocia a(s) stablecoin(s) em que você tem interesse.

Para comprá-las, é preciso abrir uma conta na plataformas. É possível utilizar como forma de pagamento alguma moeda fiduciária (real, dólar, euro) ou outra criptomoeda.

Há dois possíveis caminhos para consultar os valores de uma stablecoin. Mas, antes de mais nada, é preciso saber o código da moeda (que costuma ser uma combinação de letras). Com isto em mãos, a primeira opção é pesquisar este código em um site que monitore o mercado, como o Coin Market Cap. Ou é possível checar diretamente no site da exchange.

No caso do BRZ, a stablecoin brasileira mais bem sucedida do mercado, uma das alternativas é comprar na própria corretora responsável pela emissão do ativo, que é o Transfero App. Entretanto, o BRZ está disponível tanto em plataformas brasileiras quanto nas estrangeiras.

As nacionais que operam com a stablecoin brasileira são BitPreço, BitRecife, Profitfy, Union Trade Capital, BRZCrypto, Bizanc e NovaDax. Já as internacionais são: AdvCash, BitForex, BitTrex, EMX, Simex, Transfero Liechtenstein, VirgoX, ZBX.

Dúvidas frequentes sobre stablecoins

Stablecoins são ativos digitais desenvolvidos de forma que mantenham o seu valor. Ou seja, representam o tipo mais brando de volatilidade visto nas moedas tradicionais. O Tether, por exemplo, sempre é negociado por cerca de US$ 1.
Stablecoin centralizada, cripto-colateralizada, commodity-colateralizada e não-colateralizada ou sem lastro
As stablecoins oferecem vantagens como facilidade de aquisição e de troca por outros ativos digitais, proteção contra volatilidade e auto-custódia.
As stablecoins têm a capacidade para serem uma ponte entre dois mundos – as criptomoedas e finanças tradicionais. Isso as torna úteis pois podem funcionar como uma maneira de garantir ganhos com a compra e venda de crypto ou podem servir como um porto seguro, se os investidores acharem que está havendo desaceleração. Além disso, também podem agilizar, acelerar e fazer compras e transferências de dinheiro mais baratas usando a blockchain, em vez da tradicional infraestrutura de pagamentos.
Por meio de juros e taxas cobradas por depósitos e retiradas de dinheiro fiduciário.
As stablecoins podem ser o produto que convencerá a massa de que as criptomoedas merecem credibilidade. E com os governos nacionais emitindo CBDCs, o dinheiro em formato digital, as stablecoins ganham mais credibilidade no mercado financeiro.
sso depende de qual stablecoin. Aquelas ligadas a ativos digitais, como o ether, poderiam quebrar se o mesmo acontecesse com os ativos. Stablecoins colateralizadas têm risco de fraude. Então, como qualquer ativo, digital ou tangível, existe o risco de manipulação do mercado secundário. Assim sendo, poderia haver uma distorção dos valores das moedas.

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