Pools de liquidez: o que é, como funciona e em qual entrar?

Conheça esse mecanismo essencial para o funcionamento do ambiente das finanças descentralizadas

Redação  /  16 de outubro de 2025
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As pools de liquidez são fundamentais no mercado de criptomoedas, permitindo que os usuários ofereçam suas criptos para troca em plataformas descentralizadas, o que ajuda na formação de preços e na execução de transações, sem a necessidade de intermediários. Esses fundos coletivos são compostos por ativos que garantem a liquidez nas trocas, e os provedores de liquidez recebem recompensas em forma de taxas de transação. O funcionamento dessas pools é baseado em contratos inteligentes, que asseguram transparência e segurança nas operações, embora também apresentem riscos, como a possibilidade de perda impermanente.

Resumo supervisionado por jornalista.

Com a popularização do mercado cripto, o termo Finanças Descentralizadas (DeFi) tornou-se um dos assuntos mais comentados entre investidores que buscam oportunidades de renda passiva. No centro desse ecossistema inovador, existe um mecanismo fundamental que possibilita quase tudo: os pools de liquidez.

Essas “piscinas de liquidez” são a espinha dorsal do DeFi, permitindo desde empréstimos até as trocas instantâneas de tokens em exchanges descentralizadas (DEXs), tudo sem a necessidade de um livro de ordens tradicional.

A seguir, explicaremos em detalhes o que são os pools de liquidez, como eles funcionam, os riscos envolvidos (incluindo o famoso impermanent loss) e como você pode analisar e participar desse mercado.

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O que é um pool de liquidez e como funciona?

Um pool de liquidez é um grande fundo de criptoativos “trancado” em um smart contract. Esses fundos são fornecidos por múltiplos usuários e servem como a base de liquidez para que as operações em uma plataforma descentralizada possam acontecer. 

Em vez de depender que um comprador encontre um vendedor (como em uma bolsa de valores tradicional), os usuários negociam diretamente com os ativos disponíveis no pool.

Esse mecanismo é a espinha dorsal das exchanges descentralizadas (DEXs) e de muitos outros aplicativos DeFi. O total de ativos depositados nesses pools é conhecido como Valor Total Bloqueado (TVL), uma das principais métricas para medir a saúde e a popularidade de um projeto DeFi.

Qual é o objetivo de um pool de liquidez?

O principal objetivo de um protocolo de pool de liquidez é fornecer saldo suficiente para que serviços financeiros em DeFi funcionem efetivamente. Ou seja, eles garantem a realização de uma série de operações nesse ambiente.

Além disso, os pools de liquidez podem representar um tipo de investimento ou instrumento financeiro para os usuários. Afinal, dentro dessa operação, o detentor dos tokens e dos criptoativos recebe uma recompensa por fornecer liquidez para projetos de finanças descentralizadas.

Como instrumentos financeiros, os pools de liquidez facilitam a negociação e a troca eficiente entre tokens, proporcionando uma maneira descentralizada e automatizada de fornecer liquidez aos mercados de criptomoedas.

Os mecanismos: provedores de liquidez e o Automated Market Maker (AMM)

O funcionamento de um pool de liquidez depende da interação entre dois componentes principais: o algoritmo que define os preços e os usuários que fornecem os ativos.

O “cérebro” de um pool é o Automated Market Maker (AMM). Trata-se de um algoritmo, executado por um smart contract, que substitui o tradicional livro de ofertas. O AMM utiliza uma fórmula matemática para determinar o preço dos ativos com base na proporção entre eles no pool e executa as trocas de forma automática.

Contudo, para que o AMM funcione, ele precisa de um estoque de tokens para negociar. É aqui que entram os Provedores de Liquidez (LPs). Eles são os usuários que depositam seus próprios ativos no pool, atuando como criadores de mercado (market makers) descentralizados. Ao fazerem isso, eles garantem que haja sempre liquidez disponível para as transações.

Para se tornar um Provedor de Liquidez, o usuário precisa depositar um par de tokens em uma proporção específica (geralmente 50/50). Por exemplo, em um pool de bitcoin (BTC) e tether (USDT), seria necessário depositar um valor equivalente de ambos. Em troca, o LP recebe “tokens de LP”, que funcionam como um recibo de sua participação no fundo.

Recompensa para o provedor de liquidez

A principal motivação para um LP é a recompensa. Por contribuírem com a liquidez, eles recebem:

  • Taxas de negociação: uma porcentagem das taxas geradas por todas as transações que ocorrem naquele pool, proporcional à sua participação.
  • Incentivos adicionais: muitos protocolos oferecem tokens de governança extras como recompensa, em uma estratégia conhecida como yield farming para atrair mais liquidez. Por exemplo, um LP na exchange descentralizada SushiSwap pode ser recompensado com o token SUSHI.

Os riscos envolvidos que você precisa saber

O pool de liquidez oferece mais autonomia para plataformas descentralizadas. O saldo mantido por usuários dispensa a centralização do controle do protocolo por terceiros. Sendo assim, as transações tendem a acontecer normalmente, sem nenhum tipo de supervisão. 

Dessa forma, se tornam processos mais rápidos, mas sem apresentar nenhum risco para a segurança e autonomia das redes ou dos usuários, afinal, a maioria dos pools de liquidez usam smart contracts — públicos e transparentes. 

Essa descentralização, porém, também pode gerar alguns pontos de atenção, como golpes e ataques hackers aproveitando eventuais vulnerabilidades. Então, apesar do potencial de altos retornos, fornecer liquidez é uma atividade que traz riscos.

Impermanent Loss (perda impermanente)

Este é o risco mais complexo e específico dos pools de liquidez. A perda impermanente acontece quando o preço dos tokens que você depositou no pool varia. Se o valor de um dos ativos subir ou descer muito em relação ao outro, o valor total dos seus tokens ao retirá-los do pool pode ser menor do que se você simplesmente os tivesse guardado em sua carteira (hodl).

Confira esse exemplo:

Você deposita 1 ETH (valendo $3.000) e 3.000 USDC em um pool, totalizando $6.000.

O preço do ETH dobra para $6.000. O AMM rebalanceia sua posição para manter o equilíbrio.

Ao sacar, você poderia ter agora 0,7 ETH e 4.200 USDC. O valor total é maior, mas se você tivesse apenas guardado os ativos, teria 1 ETH ($6.000) + 3.000 USDC = $9.000. 

A diferença é a perda impermanente. As taxas recebidas precisam compensar essa perda para a operação ser lucrativa.

Smart contract e outros fatores

  • Risco de smart contract: protocolos DeFi são softwares. Bugs, falhas ou hacks no código do smart contract podem levar à perda total dos fundos depositados.
  • Volatilidade dos tokens: o valor dos tokens de recompensa pode cair drasticamente, tornando a atividade não lucrativa.

Sendo assim, o cenário reforça a importância de estudar sobre o assunto e, quando necessário, contar com empresas e profissionais especializados.

Explorando o ecossistema de pools de liquidez

Os pools de liquidez são a base da maioria das plataformas DeFi. Eles são mecanismos fundamentais para o funcionamento de redes blockchains e protocolos em DeFi, como o o protocolo Aave, projeto de lending (empréstimos financeiros descentralizados), além de Exchanges descentralizadas (DEXs) e D’Apps (aplicativos descentralizados).

Onde encontrar pools?

As DEX são os locais mais comuns para interagir com os pools, já que elas não possuem o livro de ofertas como uma exchange centralizada, e sim usam os pools de liquidez. 

Algumas das maiores e mais conhecidas são:

Então, a PancakeSwap, por exemplo, baseada na Binance Smart Chain, oferece uma vasta gama de pools onde os usuários podem depositar seus tokens e receber tokens de LP, que por sua vez podem ser usados em outras estratégias de rendimento na própria plataforma.

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Como analisar os pools?

Para analisar o mercado, ferramentas como o DefiLlama são essenciais. Ele é um agregador que rastreia o Valor Total Bloqueado (TVL) em milhares de protocolos DeFi, permitindo que você compare a popularidade e a confiança do mercado em diferentes plataformas. Essa análise é crucial para que usuários do mercado cripto tomem decisões informadas sobre onde alocar seus ativos e criar estratégias para um mercado em constante mudança.

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Os maiores protocolos por Valor Total Bloqueado (TVL)

O TVL é um indicador da confiança e do volume de capital em um protocolo. De acordo com dados do DefiLlama em 2025, alguns dos maiores protocolos que utilizam pools de liquidez e outros mecanismos de staking são:

  • Lido; 
  • Aave;
  • EigenLayer;
  • Binance staked ETH;
  • Ethena.

Como participar de um pool de liquidez?

O processo funciona assim:

  1. Provedor de liquidez define um pool de liquidez para alocar;
  2. Transfere os ativos exigidos para o smart contract do pool;
  3. Provedor já recebe tokens específicos que comprovam a sua ação;
  4. O provedor recebe a sua remuneração segundo as taxas e as condições definidas no smart contract.

Checklist para começar em um pool de liquidez

[ ] Pesquise o protocolo: Verifique a segurança, as auditorias e a reputação do projeto DeFi.

[ ] Entenda o par de tokens: Avalie a volatilidade dos dois ativos do pool. Pools com stablecoins (ex: BRZ/USDC) geralmente têm menor risco de perda impermanente.

[ ] Calcule os riscos vs. recompensas: Use simuladores de impermanent loss e verifique se as taxas de recompensa (APY) justificam os riscos.

[ ] Comece pequeno: Nunca aloque uma grande parte do seu portfólio em um único pool. Comece com um valor baixo para entender a dinâmica.

Leia mais: qual a diferença entre as taxas de juros APY e APR?

Base do DeFi e uma oportunidade de alto risco

Os pools de liquidez são uma inovação fundamental, que possibilitou a existência de um ecossistema financeiro descentralizado, rápido e aberto. Para os investidores, eles representam uma oportunidade de gerar renda passiva com potencial de altos retornos.

No entanto, é crucial que essa oportunidade seja encarada com conhecimento e cautela. Os riscos, especialmente a perda impermanente e a segurança dos smart contracts, são reais e não devem ser subestimados. Como sempre em DeFi, a regra de ouro é: faça sua própria pesquisa (DYOR) e nunca invista mais do que você pode perder.

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