NFTs: descubra o universo dos tokens não fungíveis

Entenda as características das NFTs, aplicações e o impacto no mundo das artes e além

Redação  /  10 de março de 2021
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Os tokens não fungíveis (NFTs) ganharam forte notoriedade no espaço da blockchain e criptomoedas. As possibilidades de aplicação desses criptoativos são diversas. Vão desde a venda de obras de arte famosas e colecionáveis, até um tuíte – nesse caso o primeiro do fundador do Twitter, Jack Dorsey.

Em 2021, as NFTs tiveram um enorme crescimento, impulsionadas principalmente por fornecerem uma garantia de exclusividade. Assim, várias produções artísticas (de músicas e obras audiovisuais a quadros e artes gráficas) passaram a ser comercializados desta forma. Uma obra do artista digital americano Beeple foi leiloada por US$ 69,3. Até mesmo memes famosos foram vendidos como tokens.

Logo em seguida, o mercado viu o boom dos jogos play-to-earn, cujos personagens (ou avatares) são transacionados como NFTs. No entanto, as possibilidades dos tokens não param por aí. Muitos setores ainda passarão por adaptações tecnológicas e as NFTs podem transformar a maneira como as pessoas fazem compras, formalizam negócios ou mesmo armazenam documentos.

O que é NFT?

NFT é a sigla usada para os tokens não fungíveis. Mas o que é ser não fungível? Significa ser único e insubstituível. Por exemplo, o bitcoin é fungível – se você trocá-lo por outro bitcoin, você terá um ativo do mesmo valor. Uma carta de pokemón única, no entanto, não é fungível. Se você trocá-la por outra carta, terá um objeto com valores e características diferentes.

Então, os tokens não fungíveis são representações digitais de qualquer coisa digital única. Por exemplo, uma obra de arte famosa, uma música, um Nyan Cat ou um tuíte.

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Por isso, quando um usuário adquire um NFT de um game, ele se torna o único proprietário dele – o que aumenta o seu valor na comunidade de jogadores. Da mesma maneira, quem tem uma obra artística em NFT, adquire a propriedade da produção original.

São as NFTs que garantem a autenticidade das compras e transações no metaverso. Por exemplo, um segmento promissor é a comercialização de imóveis no metaverso. Pode parecer uma coisa pouco concreta, mas terrenos no metaverso estão se valorizando e podem ser utilizados em aplicações para ganhar dinheiro no mundo real. O setor já movimenta mais de US$ 100 milhões por semana.

Se você está se questionando para que serve um terreno no metaverso, vale explicar: além de terras em jogos, é possível construir espaços para eventos virtuais, locais para venda dos mais variados itens e até órgãos públicos, para atendimento virtual. O proprietário do terreno virtual pode lucrar com o aluguel ou a venda das áreas, tal qual no mercado imobiliário convencional. E os NFTs são o que garantem que os contratos são autênticos.

Como funciona?

Da mesma forma que tokens e criptomoedas, eles são parte de uma blockchain, como a Ethereum ou outras. Mas carregam informações diferentes, que fazem com que ele funcionem diferente de um token como o ETH.

A criptografia e os registros baseados em blockchain garantem peças únicas. O smart contract garante sua autenticidade e exclusividade, assegurando que não exista outra igual. Daí o interesse de empresas da área de entretenimento, atletas e artistas, e a incrível valorização do ativo digital em tais segmentos. Aliás, é por essa razão que o mercado de NFTs tem atraído tanta atenção.

“Um token fungível pode ser trocado por outro, de mesmo valor. Duas cédulas de US$ 100 têm o mesmo valor, assim como 2 bitcoin. Já o não fungível não pode ser substituído, trata-se de algo único que não pode ser trocado por outro item igual, pois não existe esse igual”, explicou Solange Gueiros em evento da ABFintechs.

O fato de serem versões inéditas e exclusivas faz com que o seu valor aumente, especialmente nos casos em que um admirador da obra (ou colecionador) tem interesse nessa característica ou enxerga nela um potencial de valorização. É como poder ter a propriedade de uma obra exposta em um museu como o Louvre.

Para que os NFTs são usados?

As possibilidades são diversas, mas uma das que fazem sucesso é a de jogos. Saem de cena os itens comprados com dinheiro convencional para subirem ao palco itens raros e valiosos com preço definido em criptomoedas. Um exemplo desse uso é o jogo CryptoKitties. O jogo disponibilizou um número limitado de gatinhos virtuais (cada um deles, um NFT).

Estes tokens podem chegar até aos esportes tradicionais fora do ambiente virtual. Membros da NFL (a liga de futebol americano) e da NBA (de basquete) estavam estudando os benefícios dos tokens não fungíveis. Entretanto, há outros usos. Confira exemplos de uso de NFTs:

Mercado de moda

No final de setembro, a Dolce & Gabbana vendeu a Collezione Genesi por aproximadamente US $ 5,65 milhões. Também em setembro, durante a London Fashion Week, a Auroboros lançou uma linha de roupas digitais que podem ser vestidas em realidade aumentada – que também foi comercializada por NFTs.

Pagamentos e crédito

Compras, empréstimos e pagamentos de contas também já são possíveis com NFTs, graças aos smart contracts. Inclusive, os tokens já podem ser fracionados.

Ingressos

No caso de shows e eventos, os NFTs podem funcionar como ingressos, permitindo que os valores arrecadados sejam destinados diretamente ao pagamento do espaço, remuneração dos artistas e funcionários, entre outros, sem necessidade de intermediários.

Comunidades

Muitos usuários querem os NFTs unicamente em função de sua exclusividade e porque isso pode ser um sinal de status. Isso vale para as obras de arte ou as peças de roupas e acessórios. Assim, podem surgir comunidades focadas nisso, com auxílio de realidade virtual ou aumentada.

Além de remover a figura do intermediário entre o autor e o consumidor, a lógica da blockchain é que, quando uma pessoa compra um NFT, o ativo pode ser totalmente controlado por ela. Assim, o fã que deseja uma obra autêntica e exclusiva tem a oportunidade de adquiri-la em NFT. Além disso, se a peça se valorizar no futuro, o proprietário poderá negociá-la novamente, percebendo lucros.

Para artistas, empresas de entretenimento, e-jogos ou atletas, essa possibilidade de rentabilizar a marca é não apenas interessante, mas também muito viável – até porque é possível “fatiar” as obras e vender algumas partes, oferecendo para alguns fãs produtos originais, com preços melhor valorizados.

Para quem vende, o custo de produção do NFT é muito interessante ou quase zero. Porém, do ponto de vista do consumidor, ainda devem evoluir e é provável surgirem produtos criptográficos com menor valor.

Mercado imobiliário digital

A ideia parece muito distante da realidade, mas os NFTs permitem a compra de um terreno virtual, no qual o usuário pode construir, por exemplo, uma sala de conferências digital – e alugá-la para eventos de pessoas reais. É possível até criar interações com games (muito utilizados em treinamentos, por exemplo), nos quais os jogadores podem ganhar criptomoedas reais.

Identidade digital

Para além dos documentos tradicionais, as NFTs permitirão que os usuários armazenem dados de suas redes sociais ou até mesmo portfólios de trabalho.

Saúde

Na área médica, além de armazenarem exames e dados dos pacientes, as NFTs preservação a confidencialidade das informações. Outra vantagem será a possibilidade de rastreamento de equipamentos e substâncias utilizadas nos tratamentos e o melhor controle de toda a cadeia de suprimento.

Mercado de obras de arte ou belas artes na mira

Os possíveis usos do NFT são amplos. Mas o que vem chamando a atenção no momento é o mercado de coleção de obras de arte ou belas artes digitais, que pode ser uma gravura, um vídeo ou uma música. Recentemente, um vídeo da cantora Grimes foi vendido por US$ 390 mil na forma de um NFT.

Mas se o vídeo está disponível e está na internet, por que pagar por ele? Porque os NFTs dão a seus detentores propriedade sobre o item original. Ou seja, qualquer pessoa pode ter obras de arte de Leonardo Da Vinci, mas somente uma vai deter a original – e poderá vendê-la por milhares de dólares a mais no futuro.

“Hoje ainda é possível que qualquer pessoa copie um arquivo .png, mas será somente uma cópia. Quanto mais esse arquivo for copiado e reproduzido, mais valorizada a obra original se torna. Por exemplo, qualquer um pode comprar uma gravura da Mona Lisa, mas ela nunca terá o valor da obra original. E quanto mais pessoas conhecerem a obra original, maior será o seu valor”, ilustrou o artista digital Fesq, que participou da ABFintechs.

Portanto, um artista que vender uma obra de arte digital pode receber um percentual toda vez que o NFT mudar de mãos. Do lado do colecionador de obras de arte, NFTs podem funcionar como qualquer ativo especulativo: o comprador espera ter um lucro futuro em uma eventual venda.

A socialite e empresária Paris Hilton foi uma das que inauguraram com essa possibilidade. Em 2020, ela vendeu um desenho digital de seu gato por 40 ETH. Há, portanto, quem considere os NFTs o futuro do mercado de coleção de belas artes, algo muito voltado a super ricos.

Onde comprar NFTs?

Existem vários mercados que surgiram em torno dos NFTs, que permitem que as pessoas comprem e vendam. Isso inclui OpenSea, Rarible e a escolha da Grimes, Nifty Gateway.

Além disso, os projetos de tokens não fungíveis começaram a emitir seus tokens de governança. Este tipo de token permite a seu detentor votar em decisões da empresa. Os utility tokens se tornaram uma tendência no DeFi, e a expectativa é que eles impulsionem os NFTs da mesma forma.

“Vimos com o DeFi que, uma vez que uma tendência começa, ela cria um efeito bola de neve. A Compound começou a oferecer seu token de governança, e as outras foram quase forçadas a seguir. Agora que o Rarible iniciou isso no lado do NFT, outros marketplaces podem se sentir forçados a emitir seus próprios tokens também”, disse à publicação Ilya Abugov, gestor de projetos da DappRadar.

Vale lembrar, contudo, que, por se tratar de um segmento novo, ainda não se sabe como será a questão da regulação. O caminho para chegar ao grande público pode ter alguns empecilhos também.

Abugov cita a falta de liquidez de obras de arte e de itens colecionáveis como um dos possíveis entraves. Para ele, essa falta de liquidez pode ser um desafio quando o hype do NFT esfriar.

 


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