Construir novas e independentes blockchains (appchain) em poucos instantes, sem digitar uma única linha de código, com o nível de descentralização e segurança do Ethereum. Essa é a promessa do projeto da Tanssi e Symbiotic com lançamento previsto para 2025.
A Tanssi Network firmou uma parceria com a Symbiotic para facilitar e agilizar o processo de criação e implementação de blockchains EVM, que utilizam a máquina virtual do Ethereum. O protocolo Tanssi, originalmente construído sobre a rede Polkadot, será expandido para a Ethereum.
Esta colaboração com a Symbiotic, um protocolo de restaking permissionless, permitirá que os desenvolvedores criem redes descentralizadas e altamente personalizáveis, as appchains. Tudo isso com a robusta segurança da Ethereum.
- O que é uma appchain?
- Restaking permissionless: o que é?
- Quais as principais vantagens desta parceria?
- Como o desenvolvimento blockchain é simplificado?
- Benefícios para a inclusão financeira global
O que é uma appchain?
Appchain é uma rede blockchain independente desenvolvida para atender às necessidades de um aplicativo específico. Elas são mais escaláveis, personalizáveis e eficientes do que as blockchains de uso geral, como a Ethereum. Enquanto estas hospedam diversos aplicativos, uma appchain é otimizada para executar uma única aplicação ou um conjunto de aplicações descentralizadas (dApps) diretamente relacionadas.
Ao criar uma appchain, os desenvolvedores têm controle total sobre:
- O token;
- A governança;
- Diversos outros parâmetros da cadeia.
Em síntese, uma appchain permite uma personalização completa para atender às necessidades de todas as soluções aplicáveis.
Restaking permissionless: o que é?
O processo de restaking permissionless consiste em delegar um saldo específico staked (reservado em uma carteira específica) de criptomoedas em uma blockchain para validar as transações e, com isso, garantir a segurança da rede para outros serviços.
Não é necessário ter permissão prévia para participar deste processo: sendo assim, qualquer indivíduo pode tornar-se um validador ou delegar o seu saldo para outro validador.
Mas como funciona na prática? Um exemplo é a Tanssi, a qual utiliza o protocolo de restaking permitionless da Symbiotic para oferecer um ambiente seguro e escalável aos desenvolvedores blockchain.
Quais as principais vantagens desta parceria?
A principal vantagem da parceria é expandir o framework para o Ethereum. Entretanto, também irá a oferecer a oportunidade de deployment de redes compatíveis com EVM, como já era oferecido na Polkadot, e também de appchains EVM nativamente, que podem ter um token ERC-20 como token base.
Além disso, com a utilização do protocolo de restaking da Symbiotic, a Tanssi garante que redes baseadas no Ethereum aproveitem a segurança compartilhada de ETH em staking, cuja liquidez ultrapassa os US$ 313,8 bilhões, segundo dados do CoinMarketCap.
Esta abordagem leva a uma maior descentralização, uma vez que oferece uma rede aberta de operadores compartilhados para a criação de blocos. Com isso, as confirmações de transações se tornam mais rápidas e deixam de estar vinculadas a um único sequenciador.
Como o desenvolvimento blockchain é simplificado?
Em vez de dedicar vários meses a etapa de desenvolvimento, todo o processo é executado como se você estivesse instalando um aplicativo no smartphone ou no computador, por exemplo.
“Tanssi está oferecendo aos desenvolvedores uma maneira simples de criar aplicativos blockchain usando a tecnologia da Symbiotic. Esses aplicativos podem aproveitar os recursos do Ethereum e ter a funcionalidade de restaking, que permite que os usuários ganhem recompensas por manter seus tokens na rede. Isso tudo pode ser feito rapidamente e de forma fácil”, disse Felix Lutsch, o chefe de ecossistema da Symbiotic.
Desenvolvedores poderão implementar rapidamente Serviços Validados Ativamente (AVS) por meio de modelos pré-construídos e módulos.
O cofundador da Tanssi Network e CEO da Tanssi Foundation, Thiago Rudiger, trouxe mais detalhes sobre a iniciativa em entrevista ao PanoramaCrypto:
“Estamos construindo um sistema de segurança compartilhada que vive em um AVS. Esse sistema agora é nativo da rede Ethereum – coisa que antes não existia. A gente faz na prática é viabilizar a construção de novas blockchains no Ethereum sem que seja necessária uma linha de código. Estas blockchains são como rollups, só que muito mais poderosas e customizáveis.”
Os rollups são soluções de escalonamento de segunda camada (Layer-2), projetadas para aumentar a capacidade e velocidade das redes blockchain. Elas tendem a desafogar o uso da rede principal, reduzir os custos de taxas de transação e aumentar a escalabilidade. No entanto, podem ser centralizados e não oferecem hard finality rápida, o que significa que, apesar das transações serem liquidadas rapidamente na segunda camada, pode demorar dias para que a transação seja registrada na primeira camada, como a Ethereum.
Benefícios para a inclusão financeira global
Aplicações descentralizadas são conhecidas por serem seguras, colaborativas e transparentes, sendo possível auditá-las com mais facilidade do que as centralizadas.
“Há uma tendência no mundo das blockchains em que empresas, que antes eram totalmente centralizadas, estão abrindo uma vertical 100% descentralizada”, disse Rudiger. De fato, muitas exchanges consagradas pelos usuários, como Binance e Coinbase, criaram suas próprias carteiras e outras soluções blockchain que seguem os moldes tradicionais do ecossistema cripto. Algumas foram além e criaram até mesmo suas próprias blockchains.
As appchains também podem ser criadas para desenvolver novas linhas de receita para os desenvolvedores e diminuir os custos relacionados a transações financeiras. “Em vez de impor que usuários finais paguem a gas fee (taxa de transação) para um dado rollup, por exemplo, é possível configurar a appchain para possuir seu próprio token como base da blockchain. Portanto, quando os usuários finais pagam a taxa de transação para utilizar os serviços ofertados pela appchain, eles realizam o pagamento neste token base, abrindo uma nova linha de receita para o projeto”, exemplificou Rudiger.
Uma appchain voltada para o mercado financeiro nacional pode adequar-se as diretrizes do governo federal, unindo o universo centralizado e regulado com o descentralizado de maneira mais natural.
O Drex, também conhecido como Real Digital, é uma versão digital da moeda brasileira, emitida e regulamentada pelo Banco Central. Embora ainda esteja em desenvolvimento e sem uma data de lançamento prevista, ele será compatível com tecnologias de finanças descentralizadas (DeFi).
“O Drex eventualmente será interoperável com o DeFi; então, obviamente, a Transfero vai querer estar “plugada” nesse sistema. A melhor forma é através de uma rede que faça esse tipo de interoperabilidade. Também há outros benefícios para empresas de pagamento”, concluiu Rudiger.