Por que o mercado financeiro tradicional aposta na blockchain?

Setor está se modernizando ao abandonar sistemas obsoletos e substituí-los por soluções blockchain

Rafael Motta  /  1 de novembro de 2024
Imagem gerada por Inteligência Artificial Imagem gerada por Inteligência Artificial

Bancos e instituições financeiras tradicionais, como HSBC e J.P. Morgan Chase, estão adotando a tecnologia blockchain para modernizar seus sistemas, buscando maior segurança, transparência e eficiência. A imutabilidade dos dados e a utilização de contratos inteligentes reduzem erros e custos operacionais, enquanto a tokenização de ativos financeiros promete melhorar a experiência do cliente. Além disso, a crescente aceitação de criptomoedas no mercado, com movimentações significativas na América Latina, impulsiona a integração de serviços financeiros convencionais com soluções baseadas em blockchain, facilitando transações internacionais e aumentando a acessibilidade.

Resumo supervisionado por jornalista.

Bancos como HSBC, Santander, Nubank, J.P Morgan Chase, Goldman Sachs e tantos outros grupos financeiros estão substituindo os seus sistemas obsoletos por aplicações construídas em blockchain. Trata-se de uma tendência de proporções globais, capaz de revolucionar a maneira como as pessoas enxergam e trabalham com o dinheiro.

Existem algumas razões por trás desse fenômeno, e elas são capazes de causar mudanças no cenário econômico mundial.

Segurança blockchain

cadeados interconectados em rede blockchain, trazendo o conceito de segurança
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Embora os sistemas antigos fossem bastante seguros, eles eram lentos, menos escaláveis e exigiam mais recursos para serem executados. Dentro da tecnologia blockchain, as informações inseridas na rede são imutáveis: uma vez registrados, os dados não podem ser adulterados.

Algoritmos criptográficos robustos garantem que a integridade das informações seja mantida, tornando-os ilegíveis a maus atores. A confidencialidade das informações é um ponto importante dentro do universo financeiro e, por essa razão, instituições bancárias estão adotando esses sistemas com mais frequência.

Transparência

As transações ficam registradas em um livro-razão digital. Isso permite que cada movimentação financeira seja devidamente auditada e verificada em tempo real, característica importante para prevenir fraudes e golpes.

Órgãos reguladores podem tirar proveito dessa funcionalidade para construir normas específicas para bancos e demais instituições financeiras. Essa característica técnica, inclusive, facilita a construção da interoperabilidade jurídica, permitindo que ativos digitais sejam transacionados entre diferentes países sem complicações legais.

Automação aprimorada

Contratos inteligentes são desenvolvidos de forma que cada transação é executada mediante o cumprimento de parâmetros pré-estabelecidos. Dessa forma, a necessidade de intervenção humana ao longo do processo é reduzida, o que diminui as chances de erros.

A tecnologia também permite uma melhoria no fluxo de trabalho, além de aumentar a eficiência operacional como um todo. Além disso, as movimentações se tornam mais rápidas e sem a exigência de tanto poder computacional como antes, o que reduz as emissões de carbono.

Redução de custos

Muitos usuários ao redor do mundo passaram a fazer conversões monetárias com criptomoedas por conta das suas taxas baixas de transação. O mercado tradicional observou esse fenômeno e começou a oferecer serviços de transferências e conversões em blockchain, reduzindo também as tarifas envolvidas.

O Transfero Checkout é uma solução de pagamento digital que permite receber fundos em moeda fiduciária ou em criptomoedas. Todo o processo de conversão monetária é automatizado, permitindo que clientes fechem negócios sem se incomodar com processos manuais. A experiência do usuário é bastante similar à tradicional, o que proporciona uma maior acessibilidade.

Tokenização e experiência do usuário

mão de homem de negócios com representações holográficas do mercado financeiro e tokenização com bloco da tecnologia blockchain ao centro
© – Shutterstock

Em reportagem à FinTech Magazine, Larry Fink, CEO do BlackRock, disse que “o próximo passo será a tokenização de ativos financeiros, o que significa que todas as ações, todos os títulos, etc, estarão em um único livro-razão geral”.

O processo de tokenização de ativos financeiros, como citado por Fink, permite a melhoria da experiência do cliente, oferecendo produtos e serviços de maneira mais personalizada e intuitiva, com acesso a informações em tempo real sobre o capital investido.

Blockchain na mira do mercado

Instituições tradicionais e fintechs estão unindo forças. A exchange Bitget, por exemplo, contratou Min Lin, antigo vice-presidente regional da Binance, como diretor executivo de negócios da América Latina, informou o The Block. A empresa também oferece serviços financeiros convencionais, como poupança com rendimento fixo e uma carteira que permite o armazenamento de moeda fiduciária.

Poder realizar pagamentos a qualquer hora do dia já é realidade no Brasil por meio do Pix. Porém, o recurso oferecido pelo Banco Central é limitado a transações nacionais: ativos digitais podem quebrar essa barreira, permitindo comunicação diretamente com instituições em qualquer lugar do mundo de maneira rápida e acessível. 

A capitalização do mercado cripto superou a barreira dos US$ 2,5 trilhões, segundo dados do CoinMarketCap. Sozinha, a América Latina movimentou cerca de US$ 415 bilhões entre junho de 2023 e julho de 2024, conforme relatório da Chainalysis. Brasil e Argentina lideram o ranking regional, fazendo com que ambos os países se tornem altamente convidativos tanto para usuários como para empreendedores.