A Libra, moeda que será criada pelo Facebook, é uma iniciativa louvável. Acredito plenamente que as ‘moedas’ do futuro serão de natureza privada e irão concorrer num ambiente de mercado.
Podemos ter moeda da Apple, moeda do Google, moeda do Facebook, moeda do Starbucks. Diferentes meios de pagamento aproveitando suas respectivas bases de usuários e competindo para trazer mais comodidade para uma sociedade 100% digital.
Entretanto, não devemos esquecer que absolutamente todas essas empresas globais também estão sujeitas aos sabores de políticos, a inépcia de burocratas e o consequente anacronismo das leis de cada País. A Libra é ‘criptomoeda’ somente no aspecto tecnológico, não no sentido filosófico de sua existência.
As criptomoedas “originais”, como o Bitcoin ou a Litecoin, existem não por serem controladas por empresas centralizadas, mas por serem redes descentralizadas de livre entrada. Enquanto duas pessoas estiverem dispostas a transacionar bitcoins, o protocolo matemático garante que o Bitcoin existirá. Sua existência independe da opinião ou permissão política, regulatória ou divina.
Por outro lado, a moeda do Facebook só poderá existir quando entrar em conformidade com as leis, quando se adequar aos políticos e tiver o aval de burocratas de todos os Países onde estará disponível. A Libra de Zuckerberg só existirá com a benção de governos, você só poderá ter Libra com a benção do Facebook. Não é uma rede de livre entrada como no caso da maioria das criptomoedas.
Thiago César
CEO na Transfero Swiss AG
Thiago César
CEO na Transfero Swiss AG
A Libra de Zuckerberg só existirá com a benção de governos, você só poderá ter Libra com a benção do Facebook.
Torço pelo sucesso da Libra e de outras iniciativas de moedas privadas, mas penso que o desafio de entrar em conformidade com leis e regulações descompassadas de diversas jurisdições poderá limitar e muito o caráter inovador da moeda do Facebook.