Aprenda sobre empréstimos de criptomoedas

Assim como em bancos, é possível pegar empréstimos em plataformas cripto. Quem oferece os empréstimos para terceiros consegue renda passiva.

Paulo Carvalho  /  12 de julho de 2024
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Você sabia que é possível obter empréstimo em criptomoeda ou liberar uma linha de crédito em dinheiro a partir de cripto? Sim, existem plataformas no mercado de ativos digitais que oferecem essa modalidade financeira.

A evolução das redes blockchains, como a Ethereum com os smart contracts, criou novas possibilidades no universo cripto, como a integração de ferramentas e serviços do mercado financeiro tradicional ao ecossistema dos ativos digitais. Um exemplo é que usuários podem solicitar e fazer empréstimos. Mas, você tem ideia de como é o processo?

Como funcionam os empréstimos com criptomoedas?

A dinâmica é similar a de bancos no mercado financeiro, entretanto, há diferença em quem pode fazer a oferta, afinal, qualquer investidor pode ceder suas criptomoedas para terceiros. Dessa forma, os empréstimos podem acontecer em exchanges centralizadas ou por meio de soluções descentralizadas, como aplicativos (dApps) ou exchanges (DEX).

Quando a negociação é centralizada, o processo do empréstimo acontece em plataformas como exchanges. Já o empréstimo de forma descentralizada acontece entre duas pessoas físicas em uma plataforma intermediária. Neste caso, a operação envolve contratos inteligentes (smart contracts) entre quem deseja emprestar e quem quer contrair um empréstimo com ativos digitais.

O usuário que faz o empréstimo de tokens tem uma oportunidade de obter renda passiva, com toda a operação tendo a garantia de um sistema de depósito. Além disso, ele recebe parte dos lucros da negociação. Geralmente, o cálculo da renda passiva se baseia no percentual anual de rendimento (APY).

Leia mais: APY e APR: o que são e qual a diferença entre essas taxas de juros?

Já quem pega o empréstimo se compromete a pagar regularmente as prestações com acréscimo de juros, e na maioria das vezes, também deve fazer um depósito como garantia pela operação.

Por exemplo, o empréstimo exige o depósito de 60% do valor total da dívida como forma de garantia para sua solicitação. Se ele pediu R$ 10 mil emprestado, ele precisará manter R$ 6 mil como garantia para aquele empréstimo com criptomoedas.

No entanto, existem plataformas que exigem depósitos de até 150% para garantir a operação. Nesse caso, na mesma solicitação de R$ 10 mil, o depósito de criptomoedas seria de R$ 15 mil.

Modalidades de empréstimos no mercado cripto

Um empréstimo cripto varia conforme a garantia que o usuário oferecerá e o tempo previsto para quitação da dívida. Existem casos onde ele precisará depositar mais que 100% do valor solicitado, além de outros, como:

Empréstimo colateralizado

Nesse tipo de operação o usuário precisa manter um depósito como garantia, possui prazos de pagamentos pré-estabelecidos e data final para liquidação. Normalmente, esse pedido envolve um par de negociação com criptoativos distintos e o valor liberado não ultrapassa 90% do valor depositado pelo solicitante.

Neste caso, o valor de garantia é mantido pela plataforma cripto como margem de liquidação, as especificações da negociação são registradas em contrato inteligente, como os criptoativos envolvidos no par de negociação e o tempo de duração da operação (entre 7 e 180 dias).

Esse tipo de oferta também é conhecido por Loan-To-Value (LTV), um cálculo que leva em consideração o valor do bem e o montante solicitado. Quanto menor o valor total da dívida, menor será a taxa de juros cobrada. Em alguns casos, a taxa de juros é por hora.

Por isso, as stablecoins como o BRZ desempenham um importante papel nessa negociata. Além de segurança, elas oferecem maior estabilidade de preço em um mercado com alta volatilidade.

Linha de crédito

Nos pedidos que envolvem uma linha de crédito não há prazos pré-estabelecidos. Contudo, pode existir uma sobrecolateralização como garantia nesses casos. Sendo assim, o usuário realiza o pagamento gradativo da dívida até que o valor total seja quitado.

Sem garantia

Nesse tipo de solicitação, não há necessidade de um depósito de garantia pelo usuário. Portanto, essa transação apresenta riscos para o credor além de oferecer juros mais altos que nas modalidades anteriores.

Flash

Considerado uma operação de alto risco, nesse tipo de pedido o investidor não permanecerá com o valor solicitado. Esse tipo é encontrado em exchanges, e é conhecido como empréstimos instantâneos, onde o valor tomado pelo usuário é pago na mesma transação.

5 plataformas de empréstimos de criptomoedas

Uma das vantagens das criptomoedas é a retirada dos intermediários financeiros, o que vale para envio e recebimento de dinheiro, e também para empréstimos.

Conheça plataformas que oferecem serviços de empréstimos em criptomoedas nas quais os usuários podem ser tanto tomadores quanto credores.

Aave

A plataforma ETHLend mudou de nome e virou Aave. Nela, os tomadores informam quanto precisam por meio de contratos inteligentes. Os contratos não têm custódia, sendo financiados por uma quantia que garante que o tomador terá recursos para pagar.

Além disso, a plataforma ETHLend também gerencia um sistema de reputação, chamado de tokens de crédito, que só funcionam na plataforma. Os dados do empréstimo são auditáveis e o sistema possui interoperabilidade com a blockchain do bitcoin.

SALT

SALT (Secured Automated Lending Technology) oferece um sistema de empréstimos que facilita a obtenção de moeda fiduciária. Para isso, certa quantidade de criptoativos funciona como backup. O armazenamento delas é offline por medidas de segurança.

A plataforma usa um sistema de associação. Desse modo, quanto maior o valor pago, maiores os valores que podem ser tomados. Além disso, incluem outros benefícios, como moedas diferentes e melhores prazos para pagamento.

Os empréstimos variam de US$ 5 mil a US$ 25 milhões. O credor define as taxas de juros cobradas e, ao aceitar o contrato de empréstimo, o tomador aprova a taxa.

YouHodler

O YouHodler é uma plataforma de empréstimos em dólares e euros. Ela possui um fundo próprio em moeda fiduciária, portanto, diferente das demais, não há necessidade de procurar um credor. As autorizações e liberações de empréstimos são quase instantâneas. Os juros são de até 12% ao ano sobre depósitos em criptoativos e é possível obter empréstimos de até US$ 30 mil.

CoinLoan

No CoinLoan os tomadores recebem dinheiro sem a necessidade de vender criptomoedas e os investidores oferecem empréstimos para obter ganhos. É possível obter empréstimos de até 3 anos e emprestar apenas 50 dólares, caso haja garantia suficiente.

Os tomadores concordam em pagar juros no prazo. Caso contrário, o depósito de garantia em criptomoedas é executado. Depois que todo o empréstimo é cancelado, o credor recebe seus fundos com os juros auferidos e as criptomoedas sob garantia retornam ao tomador.

Nesse caso, o CoinLoan serve apenas como custodiante. Os participantes podem fazer transações com moedas fiduciárias e criptomoedas.

Compound

A administração da Compound é de responsabilidade da Compound Labs, Inc. A plataforma funciona por meio de smart contracts na blockchain da Ethereum, permitindo que os usuários gerem juros por meio de depósitos. A taxa de juros varia conforme a demanda e oferta do mercado.

Linha de crédito cripto para empresas

Além de investidores pessoa física, os empréstimos cripto estão disponíveis para pequenos e médios empresários por meio de parcerias como a da N4 e da Transfero. No Brasil, o BRZ está sendo utilizado em uma linha de crédito de R$ 40 milhões voltada para pequenas e médias empresas.

Com isso, a stablecoin, que possui o preço atrelado ao real brasileiro, monetiza todo o sistema, funcionando como uma ponte entre quem precisa de dinheiro emprestado e quem deseja proporcionar esse tipo de serviço.

Existe risco no empréstimo com cripto?

Assim como toda operação financeira, empréstimos com criptomoedas apresenta riscos, tanto para quem concede, como para quem contrata esse serviço. Além de liquidação, os perigos envolvem algo como:

  • Chamada de margem: consiste na possibilidade de liquidação do pedido, quando o LTV fica abaixo do índice contratado. Isso acontece em casos de grande desvalorização do criptoativo colateralizado, sendo necessário novos aportes para fugir da execução do aviso.
  • Acesso aos fundos: nem todas as plataformas liberam o valor cedido nas operações finalizadas de forma imediata. Em alguns casos, a garantia será destravada após um longo período, depois de liquidar a dívida.
  • Sem regulação: nem todos os países e empresas que oferecem esse tipo de serviço possuem regulação.

Sendo assim, é fundamental considerar os prós e contras antes de fazer um empréstimo que envolva criptomoedas. Além disso, existem diversas plataformas de empréstimo, por isso, o investidor deve escolher uma em que tenha plena confiança. Afinal, o regulador brasileiro não se responsabiliza por nenhuma transação, logo, é importante verificar a idoneidade da empresa antes de prosseguir.