De acordo com relatório do Citi Private Bank, a tokenização deve movimentar entre US$ 4 trilhões e US$ 5 trilhões até 2030. Esse número representa uma projeção 80 vezes maior da atual nos mercados privados.
Mais do que uma inovação tecnológica, portanto, a tokenização tem o potencial de ampliar a inclusão financeira global. E isso não só por tornar os mercados mais acessíveis, mas também pela possibilidade de redução de custos e aumento de transparência nas transações.
No Brasil, iniciativas como o Drex mostram como essa mudança na forma de lidar com o sistema monetário está mais próxima da realidade. Inclusive, o presidente do Banco Central, Roberto Campos Neto, avaliou a tokenização como forma “mais eficiente e barata” de negociar bens tradicionais.
Tokenização fortalece a inclusão financeira
A tokenização emerge como ferramenta de inclusão no âmbito econômico especialmente em regiões onde a população enfrenta desafios como falta de infraestrutura financeira ou instabilidade política e econômica.
De acordo com o Global Findex Database, replicada pelo Portal Gov.br, 1,4 bilhão de adultos não tinham acesso a serviços bancários em 2021. Em sua maioria, os desbancarizados se encontram em países de economia emergente e têm de lidar com taxas bancárias, burocracias e desigualdades socioeconômicas.
Democratização do investimento
Tradicionalmente, o investimento em imóveis, ações e títulos de alto rendimento está restrito a indivíduos com maior capital. Com a economia tokenizada, essa lógica tende a ser arrefecida, uma vez que ela permite aos indivíduos aquisições de pequenas frações de um ativo de maior valor.
Um agricultor de região remota, por exemplo, pode investir em tokens de um projeto de infraestrutura local, enquanto um microempreendedor em um país emergente pode usá-los para captar recursos de investidores globais.
Essa fragmentação também reduz os custos de entrada, oferecendo a mais pessoas a oportunidade de construir patrimônio de forma gradual.
Redução de custos e acesso ampliado
A tecnologia blockchain elimina a necessidade de intermediários financeiros tradicionais, como bancos e corretoras, o que influencia diretamente nos valores dos custos de transação. As quantias economizadas são particularmente importantes em economias emergentes, nas quais as taxas bancárias podem superar as finanças da população. Além disso, as transações podem ser realizadas em tempo real, sem restrições geográficas.
Plataformas de tokenização baseadas em blockchain também permitem maior flexibilidade na criação de produtos financeiros personalizados. Assim, os tokens podem atender às necessidades específicas de comunidades locais, assim como promover a autonomia delas.
Soluções para PMEs
Conforme divulgado pela CNN, as micro e pequenas empresas (MPEs) representam aproximadamente 90% dos negócios em atividade no Brasil e podem começar a escalar os seus negócios com o uso de tokenização para obtenção de créditos.
Isso porque os ativos tokenizados garantem segurança e agilidade operacional por meio smart contracts usados como garantia. Pequenos proprietários de terras agrícolas, por exemplo, podem tokenizar suas propriedades e utilizar os tokens como garantia para obter empréstimos ou atrair investidores interessados em apoiar práticas agrícolas sustentáveis.
Drex contribui para o ecossistema
A situação brasileira demanda uma regulamentação mais robusta no que diz respeito à economia tokenizada. Com base em estudo do grupo Atlantic Council, o InfoMoney reportou aumento no número de Bancos Centrais em busca de moedas digitais, o que deve implicar em uma adesão maior da população mundial ao sistema. O Brasil acompanha o crescimento das CBDCs com o Drex que, segundo o coordenador do Drex no Banco Central, Fabio Araujo, vai ser mais do que uma moeda.
“Qualquer coisa que possa ser registrada como um ativo para negociação pode ser trazido [para a plataforma do Drex], mas precisa ter o regulador correspondente. É um ecossistema público, uma infraestrutura pública digital para que os participantes do mercado possam usar para oferecer serviços para a população”, explicou o executivo durante o 2º Fórum Ativos Digitais, promovido pela Cantarino Brasileiro e pelo Blocknews.
A longo prazo, ainda de acordo com Araujo, o objetivo do Drex é ser o sistema financeiro brasileiro. Essa posição reforça a estratégia do BC para a entrada de novos agentes num ambiente regido por tokens e, portanto, o papel dele como facilitador da inclusão financeira ao trazer mais usuários conforme expanda sua atuação no Brasil.