Drex e tokenização podem democratizar acesso a investimentos?

Diretor do Drex, Fábio Araújo fala sobre como a tokenização de ativos de valor pode democratizar o acesso ao mercado de investimentos

Por Paulo Carvalho  /  2 de novembro de 2023
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Com o avanço do projeto piloto do real digital (Drex) no país, a CBDC brasileira pode democratizar o acesso ao mercado de investimentos através da tokenização de ativos.

De acordo com o coordenador do Drex no Banco Central, Fábio Araújo, o real digital deve promover a inclusão financeira, atingindo até pessoas não-bancarizadas e sendo um aliado de soluções como o Pix.

Fabio Araújo falou sobre o Drex e tokenização durante a live “Drex – um marco para a tokenização” organizada pela Anbima no Youtube. Ele destacou como a CBDC brasileira será capaz de usar smart contracts para o registro de dados envolvendo a moeda digital.

Além disso, o Drex é desenvolvido a partir de uma plataforma digital, que utiliza a rede Ethereum, e que deverá testar a privacidade dos dados gerenciados pelo sistema, explica Araújo.

“A estrutura básica está desenvolvida, já foram criados smart contracts para possibilitar a simulação de operações e todos os participantes estão conectados no sistema. Agora começam os testes de privacidade.”

O avanço do Drex no Brasil

O projeto de CBDC do Brasil avançou para a sua fase pilotoonde soluções digitais estão sendo criadas para o Drex. O próximo passo é o lançamento do projeto, previsto para acontecer em 2024.

Segundo Fábio Araújo, o Drex faz parte da agenda de inovação do Banco Central. Assim como o Brasil, mais de cem países estão desenvolvendo sua própria CBDC ao redor do mundo.

Ao falar sobre a evolução do projeto, o coordenador do Drex explica que o Banco Central decidiu abrir uma discussão sobre a CBDC ainda em 2021, com um Lift Challenge que aprovou projetos de casos de uso da moeda digital.

“É muito importante a gente tá sempre debatendo com a sociedade. A tecnologia evolui muito rápido, então o Banco Central não pode se dar o luxo de ficar ‘mastigando’ as ideias internamente para depois abrir o debate para a sociedade.”

Tokenização de ativos e inclusão financeira

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Na live, Fábio Araújo destaca que o Drex permitirá que mais pessoas tenham acesso ao mercado financeiro. Para ele, essa será a primeira aplicação prática da CBDC brasileira logo após a emissão da moeda.

“Quando a gente fala da aplicabilidade do Drex, no curto prazo, a partir do momento que for pra produção, o primeiro impacto que vejo é quando você simplifica o acesso você abre mais acesso para pessoas acessarem esses mercados.”

O diretor do Drex no Brasil explica ainda que o Drex permitirá que mais soluções financeiras sejam criadas, garantindo o acesso a ferramentas que não estão disponíveis atualmente no mercado financeiro tradicional.

“Por outro lado, para o investidor ou a empresa que tá precisando se financiar, hoje ela tem dificuldades de acessar alguns instrumentos que tão disponíveis no mercado de capital. Você tem um problema de escala, que com essa tecnologia, ela pode ser reduzida. Tanto pela redução do custo operacional da transação com o token. Reduz a necessidade de reconciliação de bancos de dados diferentes.”

Tokenização em três fases

Portanto, para Fábio Araújo a tokenização de ativos possui algumas vantagens, como a capacidade de programar operações através de contratos inteligentes. Ele também destaca que esse processo está ainda em discussão no mercado financeiro.

“Você facilita a programabilidade e a operacionalização. Então, quando você fala de tokenização, isso é uma coisa que ainda está sendo discutida, sendo compreendida pelo mercado.”

Por fim, o diretor do Drex orienta que a tokenização de ativos possui três fases no mercado de capitais. Enquanto a primeira delas é representada por um token que reflete o preço de um ativo de valor, na terceira fase existe uma integração entre esses ativos, permitindo uma interoperação entre eles.

“Tem uma primeira fase de tokenização que é só uma representação do valor, que o pessoal chama de ‘token vazio’. Tem uma segunda fase de representação que é o token programável, você já automatiza grande parte dos procedimentos e aí você reduz muito os custos. Uma terceira fase onde você começa a interoperar esses diversos ativos. E aí você vai para uma possibilidade de usar um ativo como garantia, como recuperação de crédito.”

Confira o vídeo na íntegra da live “Drex – um marco para a tokenização”: