Exemplos de tokenização vão das compras de carros a imóveis

Embora ainda esteja em um estágio inicial, a tokenização está cada vez mais presente na compra e na venda de ativos físicos

Rafael Motta  /  29 de novembro de 2024
Imagem gerada por Inteligência Artificial Imagem gerada por Inteligência Artificial

A tokenização, que transforma ativos em representações digitais, já está se consolidando no cotidiano, com exemplos notáveis como a compra de um imóvel em Copacabana, onde 30% do valor foi pago em criptomoedas, sendo esta a primeira negociação imobiliária desse tipo no Brasil. Além disso, imobiliárias como Katz e Gafisa começaram a aceitar criptomoedas para a aquisição de imóveis, enquanto plataformas como Bitcars e a Honda permitem a compra de veículos de luxo via ativos digitais. O público-alvo dessas transações inclui investidores em criptomoedas, jovens familiarizados com tecnologia e estrangeiros, e a tendência é que a aceitação se expanda para bens de menor custo à medida que o uso de criptoativos se populariza.

Resumo supervisionado por jornalista.

Muitos ainda observam as criptomoedas meramente como investimento ou reserva de valor. Entretanto, a sua principal função é servir como dinheiro, assim como os Reais que estão em conta bancária para pagar contas e adquirir bens. Em outras palavras, exemplos de tokenização já estão presentes no mainstream há algum tempo, e tem assumido uma roupagem mais robusta e inclusiva nos últimos anos.

Cartões de crédito e cheques são vinculados a um número (token), por exemplo, e este representa o saldo bancário ou limite de crédito. Da mesma forma, ingressos para shows e eventos, bem como vales-refeição e vales-transporte, são representados por códigos que podem ser utilizados em estabelecimentos específicos. O universo blockchain expandiu e aprimorou esse conceito, incorporando-o ao cotidiano de maneira orgânica e já resultando em casos de uso ao redor do mundo.

Tokenização em Copacabana

Em 2023, um homem de nacionalidade francesa adquiriu um imóvel em Copacabana, na Zona Sul do Rio de Janeiro, pelo valor de R$ 1,55 milhão. Durante a negociação, o comprador sugeriu quitar 30% do montante com criptomoedas, segundo informações do Valor.

O escritório de advocacia VC Advogados foi o responsável pela intermediação do processo. Trata-se, segundo os envolvidos, da primeira negociação imobiliária envolvendo ativos digitais em território nacional. A escritura foi lavrada pelo 15º Ofício de Notas e registrada no 5º Cartório de Registro de Imóveis do estado.

Vale citar que ambos os serviços utilizados para a efetivação da escritura são parceiros da Ribus, empresa especializada em imóveis e que faz uso da tecnologia Polygon: uma plataforma de camada 2 que resolve problemas de escalabilidade da rede Ethereum.

Tendência no mercado imobiliário

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Fundada em 1975, a imobiliária Katz também ingressou no universo blockchain e os interessados em adquirir imóveis em Minas Gerais e na Bahia podem usar bitcoin (BTC) como meio de pagamento para quitar parcial ou integralmente os valores negociados.

Segundo o diretor de incorporação da empresa, Athos Bernardes, a criptomoeda pode ser a chance de muitos jovens conseguirem comprar o primeiro imóvel, já que esse público é mais adepto ao mercado cripto e tende a se beneficiar com as valorizações dos ativos digitais a médio e longo prazo.

Outras imobiliárias, como Gafisa, Vitacon, Mac Luser, Melnick e Even também passaram a aceitar criptomoedas como meio de pagamento.

Compra de veículos entra no jogo

Exemplos de tokenização também existem nas plataformas para compra de veículos de alta performance por meio de criptomoedas, a exemplo da Bitcars, lançada em 2016. Marcas consagradas, como Alfa Romeo, BMW, Corvette, Ferrari e Jaguar integram o rol de opções.

Em parceria com a FCF Pay, um sistema de pagamentos em blockchain, a Honda aceita ativos digitais como forma de pagamento, de acordo com o portal InvestNews. Além do bitcoin, a marca também aceita criptomoedas como o Ether (ETH), Ripple (XRP), Binance Coin (BNB) e até mesmo certas memecoins, como Dogecoin (DOGE) e Shiba Inu (SHIB).

O primeiro carro comprado com criptomoedas no Brasil foi o Tesla Model S, de propulsão elétrica e produzido pela empresa do magnata Elon Musk. A negociação foi executada através da Osten Group, importadora de carros de luxo.

O público-alvo até o momento

Investidores cripto, jovens familiarizados com as tecnologias mais recentes, empreendedores e estrangeiros estão entre os principais utilizadores de criptomoedas nesses tipos de negociações. Indivíduos que priorizam a privacidade em suas transações financeiras também fazem parte das personas que compõe esses segmentos.

Até o momento, o mercado de bens de luxo tem recebido o foco dos negócios realizados com cripto ativos. No entanto, é esperado que esse cenário mude ao longo do tempo, visto que os ativos digitais estão cada vez mais populares. Em breve, espera-se que os usuários possam ter acesso a bens de baixo e médio custo, a serem adquiridos por meio do dinheiro digital que melhor se adaptar às suas necessidades. Mais exemplos de tokenização dentro do mercado convencional estão por vir.