Como funciona a mediação das negociações de stablecoins?

Todos os ativos digitais exigem atenção especial aos seus respectivos processos de mediação; as stablecoins não fogem dessa regra. Entenda a dinâmica por trás das opções disponíveis no mercado.

Por Rafael Motta  /  24 de outubro de 2024
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As negociações de stablecoins, ativos digitais geralmente lastreados em moeda fiduciária, são mediadas por plataformas centralizadas (CEX) e descentralizadas (DEX), cada uma utilizando mecanismos específicos para garantir transações seguras e eficientes. As CEX, como a Binance, empregam sistemas como livros de ordens, matchmaking e custódia de ativos, enquanto as DEX utilizam pools de liquidez, Automated Market Makers (AMMs) e contratos inteligentes. Além disso, emissoras de stablecoins, como Transfero e Tether, também atuam como intermediárias, permitindo a conversão direta de seus ativos. A integração de soluções de pagamento com criptoativos é cada vez mais comum entre empresas, visando reduzir custos e aumentar a eficiência nas transações.

Resumo supervisionado por jornalista.

Assim como em qualquer intermediação financeira, as stablecoins, ativos digitais estáveis e normalmente lastreados em moeda fiduciária, exigem a execução de certas práticas para que as transações sejam seguras, transparentes e eficientes.

Muitos negócios ao redor do mundo estão abraçando soluções de pagamentos integradas com criptoativos por esse motivo: transações entre diferentes moedas de maneira simplificada se tornaram possíveis, unificando tanto o universo financeiro tradicional quanto o descentralizado. Não é preciso preocupar-se com conversões manuais, como acontece dentro das exchanges.

Cada plataforma utiliza diversos mecanismos para mediar as negociações. Conheça os principais.

Plataformas centralizadas

Exchanges centralizadas (CEX) são a principal escolha da maioria dos usuários. Por exemplo, a Binance negocia algo em torno de US$ 8,7 bilhões diariamente em ativos digitais, enquanto a Uniswap, plataforma descentralizada, gira em torno de US$ 900 milhões, segundo dados do CoinGecko. 

Dentro das plataformas centralizadas, estes são os mecanismos utilizados para a mediação de stablecoins:

  • Livro de Ordem (Order Book): Um sistema onde os compradores e vendedores de ativos digitais inserem as suas ordens de negociação, combinadas automaticamente com parâmetros estabelecidos pelos negociadores (traders);
  • Matchmaking: Trata-se de um processo automatizado que encontra a melhor correspondência entre compradores e vendedores, levando em consideração o preço e a quantidade a ser adquirida;
  • Custódia: Estas plataformas guardam os fundos em carteiras digitais fornecidas aos usuários, garantindo a segurança do portfólio por meio da integração de inúmeras tecnologias de ponta.

Plataformas descentralizadas

Embora as exchanges descentralizadas (DEX) tenham uma liquidez menor que as centralizadas, elas executam um papel fundamental dentro do universo blockchain: grande parte das inovações trazidas para as finanças tradicionais costumam ser concebidas por meio de iniciativas independentes.

Estes são os mecanismos mais utilizados em plataformas descentralizadas para a negociação de stablecoins, bem como de outros tipos de ativos digitais:

  • Pools de Liquidez (Liquidity Pools): São fundos de liquidez fornecidos pelos usuários que permitem a troca instantânea de tokens. Ativos digitais, incluindo stablecoins, são inseridos nesse “pote comum” para facilitar as negociações;
  • Automated Market Makers (AMMs): Algoritmos são desenvolvidos para determinar o preço dos ativos com base na oferta e demanda nos pools de liquidez. A maioria das DEX não possuem livros de ordens e executam operações por meio desse mecanismo;
  • Contratos inteligentes: Desenvolvedores criam soluções autoexecutáveis para facilitar o processo de negociação, sem a necessidade de intermediários.

A tabela abaixo traz um panorama mais abrangente a respeito das plataformas de mediação de stablecoins:

CaracterísticaCEX (Exchange Centralizada)DEX (Exchange Descentralizada)
CentralizaçãoPossui uma entidade controladora.Descentralizada, operando em uma rede blockchain sem um ponto de controle único.
Custódia de ativosA plataforma guarda os fundos dos usuários em carteiras digitais.Os usuários mantêm a custódia de seus próprios fundos em suas carteiras.
RegulamentaçãoGeralmente sujeita a regulamentações financeiras mais rigorosas.Menos regulamentada, o que pode levar a maior liberdade, mas também a maior risco.
LiquidezGeralmente oferece maior liquidez, especialmente para stablecoins populares.A liquidez pode variar dependendo do tamanho dos pools de liquidez.
TaxasCostumam ser relativamente equivalentes entre si.
Facilidade de usoInterface geralmente mais intuitiva e fácil de usar, semelhante às corretoras tradicionais.Interface pode ser mais complexa e exigir conhecimentos técnicos.
Variedade de ativosOferece uma ampla variedade de stablecoins e outros criptoativos.A variedade de ativos costuma ser menor.

Emissoras de stablecoins

Empresas que emitem stablecoins também podem atuar como intermediadoras diretas de seus respectivos ativos digitais. O BRZ é uma stablecoin emitida pela Transfero e o seu valor é diretamente proporcional à cotação atual do Real Brasileiro (BRL). O token pode ser negociado diretamente dentro da carteira do cliente e convertido em reais ou em outras criptomoedas.

No caso do Tether (USDT), stablecoin pareada no dólar norte-americano, a emissão e o resgate primários são realizados através de plataformas centralizadas controladas pela Tether Limited, empresa por trás de seu desenvolvimento. O USDC, emitido pela Oracle, segue basicamente a mesma linha da sua concorrente.

Stablecoins no cotidiano das empresas

Soluções integradas de pagamentos, a exemplo do Transfero Checkout, permitem a empresas de todos os tamanhos aceitarem criptomoedas em seus estabelecimentos, mas sem necessariamente terem de abraçar a volatilidade do mercado descentralizado.

Garantir que nenhuma venda seja perdida é crucial para o sucesso de qualquer negócio: por essa razão, intermediários financeiros estão cada vez mais integrados com as tecnologias blockchain, uma vez que elas são capazes de reduzir custos, aumentar a escalabilidade, a eficiência e preparar terreno para a inovação no futuro do dinheiro.