Regulamentação amplia confiança do mercado de criptoativos, avalia CEO da Transfero

Para Márlyson Silva, além do crescimento na adoção de stablecoins no Brasil, regras claras irão promover inovação e proteção ao consumidor

Rafael Maia  /  5 de novembro de 2024
Márlyson Silva participando do Web Summit Qatar Márlyson Silva participando do Web Summit Qatar

Nesta entrevista, o CEO da Transfero, Márlyson Silva, ressalta que a regulamentação trará maior confiança ao setor, facilitando a adoção de stablecoins por empresas e usuários. Os desafios incluem a desconfiança inicial dos empresários, enquanto as oportunidades são amplas, especialmente para pequenas e médias empresas que buscam acesso ao mercado global. A Transfero se posiciona como um facilitador, contribuindo para a construção de um ambiente regulatório saudável e educando o mercado sobre criptomoedas. Além disso, a expectativa é que a chegada do Drex e a tokenização impulsionem a inovação no setor financeiro, apesar dos desafios regulatórios globais.

Resumo supervisionado por jornalista.

O BRZ, lançado pela Transfero em 2019, performa entre as principais moedas digitais do país e a expectativa é que essa relevância amplie nos próximos anos, ao passo que o cenário regulatório se consolida. Na visão do CEO da Transfero, Márlyson Silva, a “regulamentação trará mais confiança e segurança ao mercado, permitindo que mais empresas e usuários adotem stablecoins”.

Em entrevista para o PanoramaCrypto, o executivo falou sobre os diferenciais do BRZ, assim como os desafios e oportunidades da stablecoin, a evolução da regulação e como a atuação da Transfero é mais ampla do que a emissão da moeda digital. Confira a conversa na íntegra.

Como você avalia a competitividade do BRZ e quais os principais diferenciais dele?

O BRZ se destaca por ser uma stablecoin 100% lastreada em reais, o que facilita transações rápidas e acessíveis para quem quer operar com criptomoedas no Brasil. Seu principal diferencial é justamente estar ligada ao real, permitindo mais segurança e menos exposição à volatilidade de outras moedas. Para garantir a liquidez do BRZ, estabelecemos parcerias com exchanges e instituições financeiras que mantêm reservas suficientes em reais. Isso permite que os usuários possam converter BRZ para reais a qualquer momento com menor volatilidade, mantendo a paridade de 1:1.

Sob a perspectiva do mercado corporativo, quais os principais desafios e oportunidades ao introduzir stablecoins como meio de pagamento?

Um dos principais desafios é a desconfiança inicial por parte dos empresários. Afinal, a educação e conhecimento sobre o mercado ainda são baixos. Já as oportunidades são enormes, pois as stablecoins, como o BRZ, permitem transações rápidas, baratas e seguras, facilitando o acesso ao mercado global, especialmente para pequenas e médias empresas.

Como a regulamentação que está entrando em vigor ajuda a superar essa desconfiança?

A regulamentação trará mais confiança e segurança ao mercado, permitindo que mais empresas e usuários adotem stablecoins e aprendam sobre o tema. Acreditamos que as regras claras ajudarão a expandir o uso de criptomoedas no Brasil, promovendo inovação e crescimento.

E qual a contribuição da Transfero para construção do arcabouço regulatório nacional?

O Brasil está caminhando para uma regulamentação mais estruturada no mercado cripto, e nossa experiência em outros países nos permite contribuir com insights valiosos. A Transfero acredita que é importante balancear inovação com proteção ao consumidor para criar um ecossistema saudável. Fazemos parte do grupo de trabalho juntamente com o regulador e, além disso, sempre adotamos uma postura de educar e informar o mercado sobre tudo o que está acontecendo no mundo, facilitando assim o entendimento e aprendizado em todos os níveis.

Em relação ao mercado, como a Transfero pode colaborar?

Nos posicionamos como facilitadores porque oferecemos uma plataforma robusta para que outras empresas possam integrar cripto em suas operações. Não é apenas sobre emitir stablecoins, mas fornecer todo o suporte necessário para que negócios cresçam utilizando nossa infraestrutura que conecta serviços financeiros, bancários e blockchain.

Se você pudesse dar dois conselhos a quem deseja operar com stablecoins no Brasil, quais seriam?

Primeiro, sempre entenda o funcionamento da stablecoin e a empresa que a emite. Transparência, reconhecimento, tempo e autoridade no mercado são a chave. Segundo, utilize stablecoins para diversificar e proteger seu patrimônio, aproveitando a estabilidade que elas oferecem em momentos de volatilidade.

Quais são as expectativas para o Drex, principalmente com a mudança de presidente no Banco Central?

A chegada do Drex e o avanço da tokenização trarão mais dinamismo ao mercado financeiro. Mesmo com a mudança de presidente no Banco Central, esperamos que esses projetos sigam em frente, promovendo inclusão financeira e inovação. Nesse contexto, as stablecoins surgem como uma solução promissora para operações internacionais, proporcionando estabilidade em transações além-fronteiras. No entanto, a regulamentação divergente entre países representa um desafio significativo para sua adoção em larga escala. A falta de interoperabilidade jurídica entre diferentes jurisdições, conforme discutido no contexto da revolução digital na justiça, impõe barreiras, exigindo que os reguladores alinhem suas abordagens para garantir segurança jurídica e funcionalidade plena dessas moedas digitais no mercado global.


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