O BRZ, lançado pela Transfero em 2019, performa entre as principais moedas digitais do país e a expectativa é que essa relevância amplie nos próximos anos, ao passo que o cenário regulatório se consolida. Na visão do CEO da Transfero, Márlyson Silva, a “regulamentação trará mais confiança e segurança ao mercado, permitindo que mais empresas e usuários adotem stablecoins”.
Em entrevista para o PanoramaCrypto, o executivo falou sobre os diferenciais do BRZ, assim como os desafios e oportunidades da stablecoin, a evolução da regulação e como a atuação da Transfero é mais ampla do que a emissão da moeda digital. Confira a conversa na íntegra.
Como você avalia a competitividade do BRZ e quais os principais diferenciais dele?
O BRZ se destaca por ser uma stablecoin 100% lastreada em reais, o que facilita transações rápidas e acessíveis para quem quer operar com criptomoedas no Brasil. Seu principal diferencial é justamente estar ligada ao real, permitindo mais segurança e menos exposição à volatilidade de outras moedas. Para garantir a liquidez do BRZ, estabelecemos parcerias com exchanges e instituições financeiras que mantêm reservas suficientes em reais. Isso permite que os usuários possam converter BRZ para reais a qualquer momento com menor volatilidade, mantendo a paridade de 1:1.
Sob a perspectiva do mercado corporativo, quais os principais desafios e oportunidades ao introduzir stablecoins como meio de pagamento?
Um dos principais desafios é a desconfiança inicial por parte dos empresários. Afinal, a educação e conhecimento sobre o mercado ainda são baixos. Já as oportunidades são enormes, pois as stablecoins, como o BRZ, permitem transações rápidas, baratas e seguras, facilitando o acesso ao mercado global, especialmente para pequenas e médias empresas.
Como a regulamentação que está entrando em vigor ajuda a superar essa desconfiança?
A regulamentação trará mais confiança e segurança ao mercado, permitindo que mais empresas e usuários adotem stablecoins e aprendam sobre o tema. Acreditamos que as regras claras ajudarão a expandir o uso de criptomoedas no Brasil, promovendo inovação e crescimento.
E qual a contribuição da Transfero para construção do arcabouço regulatório nacional?
O Brasil está caminhando para uma regulamentação mais estruturada no mercado cripto, e nossa experiência em outros países nos permite contribuir com insights valiosos. A Transfero acredita que é importante balancear inovação com proteção ao consumidor para criar um ecossistema saudável. Fazemos parte do grupo de trabalho juntamente com o regulador e, além disso, sempre adotamos uma postura de educar e informar o mercado sobre tudo o que está acontecendo no mundo, facilitando assim o entendimento e aprendizado em todos os níveis.
Em relação ao mercado, como a Transfero pode colaborar?
Nos posicionamos como facilitadores porque oferecemos uma plataforma robusta para que outras empresas possam integrar cripto em suas operações. Não é apenas sobre emitir stablecoins, mas fornecer todo o suporte necessário para que negócios cresçam utilizando nossa infraestrutura que conecta serviços financeiros, bancários e blockchain.
Se você pudesse dar dois conselhos a quem deseja operar com stablecoins no Brasil, quais seriam?
Primeiro, sempre entenda o funcionamento da stablecoin e a empresa que a emite. Transparência, reconhecimento, tempo e autoridade no mercado são a chave. Segundo, utilize stablecoins para diversificar e proteger seu patrimônio, aproveitando a estabilidade que elas oferecem em momentos de volatilidade.
Quais são as expectativas para o Drex, principalmente com a mudança de presidente no Banco Central?
A chegada do Drex e o avanço da tokenização trarão mais dinamismo ao mercado financeiro. Mesmo com a mudança de presidente no Banco Central, esperamos que esses projetos sigam em frente, promovendo inclusão financeira e inovação. Nesse contexto, as stablecoins surgem como uma solução promissora para operações internacionais, proporcionando estabilidade em transações além-fronteiras. No entanto, a regulamentação divergente entre países representa um desafio significativo para sua adoção em larga escala. A falta de interoperabilidade jurídica entre diferentes jurisdições, conforme discutido no contexto da revolução digital na justiça, impõe barreiras, exigindo que os reguladores alinhem suas abordagens para garantir segurança jurídica e funcionalidade plena dessas moedas digitais no mercado global.